“It´s not enough”! – não é suficiente – foi a frase mágica e recorrente do manager Jeff que impeliu Maria de Lurdes Mutola para uma carreira demolidora nas pistas mundiais de atletismo.
Na hora de recepção do título de “Doutra Honoris Causa” pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior atleta de sempre de Moçambique recordou os protagonistas marcantes na sua carreira, desde técnicos e dirigentes.
Stélio Craveirinha foi o primeiro treinador e Marcelino dos Santos o padrinho da carreira internacional, sendo que o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, através de suas acções, fez Mutola perceber que o atletismo é também modalidade colectiva quando se corre em representação dum povo.
“Se não fosse ele (José Craverinha), não sei o que eu teria sido. Ele disse-me segura-te nisso, que vais muito longe”, destacou Lurdes Mutola.
“O papá Marcelino dos Santos chamou-me e perguntou para que país gostaria de ir. Eu escolhi Estados Unidos da América”, recordou a “Menina de Ouro”.
“Sempre que estivesse para correr, o presidente da Republica, Joaquim Chissano, ligava para me dizer que o povo moçambicano estava comigo. Para mim, o atletismo deixou de ser modalidade individual, porque corria com o povo”, referiu a Doutora Lurdes Mutola.
Dos discursos proferidos no momento se repetiu o sentimento de que a atribuição do título de DoutoraHonoris causa a Lurdes Mutola é “ justa e adequada.”
Também se ouviu dizer que “Lurdes é a Diva do nosso desporto. Deu contributo ao país e ao mundo. É pessoa acima da média. Serviu para a investigação na área do desporto. É cidadã do mundo. Ela trabalha muito.”
O reitor da UEM, Orlando Quilambo, sobre a primeira laureada em Ciências de Desporto daquela universidade sublinhou que “esperamos que a nossa instituição, com ajuda de Lurdes, seja o epicentro do desporto.”
O antigo presidente da República, Amando Guebuza, e sua esposa, Maria da Luz Guebuza, e o herói nacional, Marcelino dos Santos, foram das figuras mais destacadas presentes no doutoramento de Lurdes Mutola, dia 19 de Agosto.
É doloroso ver “Continuadores” abandonado
– Aurélio Le Bon, ex-presidente da FMA
Aurélio Le Bon, presidente da Federação Moçambicana de Atletismo (FMA) no período em que Lurdes Mutola espalhava o seu performance pelo mundo inteiro, disse ao domingo que a atribuição de título de Doutora Honoris Causa pela UEM é mais alta distinção do país à “Menina de Ouro”, ela que fez o país ser mais conhecido e reconhecido.
“É um reconhecimento de mérito. Com esta atribuição podemos dizer que Lurdes Mutola já chegou ao nosso panteão. Vai servir de exemplo para esta e gerações vindouras”, disse Aurélio Le Bon à saída da sala do anfiteatro do Centro Cultural Universitário, local onde decorreu a cerimónia.
O ex-presidente da FMA aproveitou a ocasião para afirmar o que lhe vinha na alma, em resposta a uma pergunta nossa sobre o estágio actual do atletismo nacional.
“Entristece-me ao ver o atletismo como está. É doloroso ver o Parque dos Continuadores descalço e abandonado. Deixou de ser a plataforma de formação, que fez emergir Lurdes Mutola”, lamentou.
Se é possível o país voltar a ter atleta do nível de Lurdes Mutola, o nosso interlocutor resumiu a sua resposta admirando que “se houver política de busca.”
Manuel Meque