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Chefe do Estado preocupado com assassinatos de albinos

Por admin

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, orientou o Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) para adoptar acção mais vigorosa com vista a travar a onda de sequestro e assassinato de cidadãos albinos, fenómeno que tem conquistado grande expressão na província de Nampula.

Filipe Jacinto Nyusi, que é comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança, falava quinta-feira em Maputo no acto de posse Vice-Comandante Geral da Polícia, José Weng San, e do Chefe da Casa Militar, Eugénio Augusto Roque, tendo na ocasião salientado que a Polícia da República de Moçambique deve fazer de tudo para proteger cidadãos albinos, alvos de criminosos para fins obscuros, sobretudo na província de Nampula.

O estadista retomaria este assunto dia seguinte (sexta-feira passada) na sessão de encerramento do Parlamento Infantil, expressando a preocupação do Governo em torno deste fenómeno macabro.

“Preocupam-nos crianças que nascem distantes das maternidades, portadoras de deficiência e de subnutrição crónica, assim como nos preocupam os casamentos prematuros, tráficos de crianças, e agora a situação das crianças albinas”, disse Filipe Nyusi.

DUAS CRIANÇAS RESGATADAS

EM NAMPULA E ZAMBÉZIA

Falando também no Parlamento Infantil, e respondendo às perguntas de crianças-deputadas, o Ministro do Interior, Basílio Monteiro, disse que o Governo repudia, veementemente, o sequestro e assassinato de cidadãos albinos e garantiu que a Polícia da República de Moçambique não está a medir esforços visando identificar e responsabilizar os autores.

Sublinhou que como resultado da resposta policial ao presente fenómeno, semana passada foram resgatadas duas crianças, uma na Zambézia e outra em Nampula e os indiciados deverão responder em tribunal.

COMISSÃO DE DIREITOS

HUMANOS PREOCUPADA

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos mostra-se apreensiva com crescimento da onda de perseguição e assassinato de pessoas que vivem com albinismo no país.

A comissão exprime solidariedade com as vítimas ao mesmo tempo que defende que pessoas com problemas de pigmentação são seres humanos iguais aos outros.

A sua discriminação e ataque físico, moral ou psicológico deve significar uma grave ofensa aos Direitos Humanos e às leis em vigor no país, refere aquela organização.

Cidadãos albinos

preparam marcha de repúdio

Ihidina Siril Bariate Mussagy, presidente da Associação Amor à Vida, organização que agrega 670 cidadãos albinos em todo o país, disse ontem ao domingo que estava satisfeita com a reacção do Governo face à onda de sequestros, assassinatos e vandalização de campas em Nampula.

“Estamos a vislumbrar uma luz no fundo do túnel”, disse, acrescentando que espera que as autoridades não terminem apenas na intenção, devendo pautar-se por uma acção mais vigorosa, atendendo ao facto de, quase diariamente, estarem a ser reportados, infelizmente, mais raptos e assassinatos.

Ihidina Siril Bariate Mussagy revelou, entretanto, que uma marcha de repúdio contra o fenómeno está agendada para próximo sábado em Maputo, uma iniciativa de uma outra associação de luta contra discriminação de albinos, conhecida por ALBIMOZ.

De referir que sexta-feira passada, a delegada da Associação Amor à Vida em Nampula, Adelícia Nicocora, reportou o rapto de duas crianças albinas. Para além desta triste ocorrência, ela própria foi alvo de um ataque em casa, onde vive com a sobrinha, igualmente albina.

A Associação Amor à vida tem registo de mais de 15 pessoas com albinismo desaparecidas nos últimos tempos, número que, segundo a organização, pode estar muito longe da realidade.

Há mais casos, porque nem todos casos chegam à Polícia, ao registo oficial, disse a nossa entrevistada, saudando a atitude de agentes da Polícia que, encontraram recentemente um estudante albino a caminhar sozinho, à noite, em Nampula, e prontificaram-se a acompanhá-lo até a residência.

Bento Venâncio
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