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“A soberba procede a ruína, e a altivez do espírito precedea queda”
Provérbios 16:18
Algumas declarações irresponsáveis proferidas por certas figuras públicas da nossa praça, obrigam-nos a visitarmos um pouco da História dos Povos. É assim que verificamos que a mania de alguns sujeitinhos mortais, julgarem-se ou atribuírem-se adjectivos como os de invencíveis e imbatíveis, vem de tão longe quanto vem o próprio mundo. Os exemplos são muitos, desde os casos do Filisteu Golias de Gath, vencido pelo quase “pigmeu” David rei de Israel, passando por Adolfo Hitler, e mais recentemente do General Português Kaulza Manuel de Arriaga,que apostava em “varrer” a rebeldia revolucionária dos movimentos libertadores das antigas colónias num abrir e fechar de olhos. Enganaram-se redondamente! Não existe neste mundo nenhum homem ou grupo de homens ainda que munidos das mais sofisticadas máquinas modernas que por isso só se tornam invencíveis, imbatíveis e ou imortais. A comprovar isso, lembramos que completaram-se este ano, mais precisamente no dia 08 de Agosto corrente, cerca de cinco séculos (427 anos para sermos mais exactos), em que aquela que era tida como “Armada Invencível” Espanhola,sofreu uma vergonhosa derrota. Composta por 130 navios bem artilhados, tripulados por 8 000 marinheiros, transportando 18 000 soldados e estava destinada a embarcar mais um exército de 30 000 infantes, e que no comando, seguia num galeão português, D. Alonso Pérez de Guzmán el Bueno y Zúñiga o Duque de Medina-Sidónia. FilipeII, Rei de Espanha,de Portugale dos Países Baixos, filho de Carlos Ve Isabel de Portugal, desde sempre afirmou ser um fervoroso católico, defendendo a sua fé mais pela força das armas do que por qualquer via mais pacífica. Aliando-se constantemente às mais diversas facções de cariz católico, intrometeu-se por diversas vezes na política interna de outros países em nome da luta contra o protestantismo ou da fidelidade à Roma, tendo como objectivo a pretensão a tronos europeus. Aquela aspiração imperialista lançou a monarquia espanhola numa rota de colisão com uma potência emergente na Europa, governada por uma rainhadura e arreigadamente protestante, à procura do domínio geopolítico do mundo: a Inglaterra deIsabel I. No combate no Canal da Mancha,os ingleses impediram o embarque das tropas em terra, frustraram os planos de invasão e obrigaram a “Armada Invencível” a regressar contornando as Ilhas Britânicas. Na viagem de volta, devido às tempestades, cerca de metade dos navios se perdeu. O episódio da “Armada Invencível”, foi uma grave derrota política e estratégica para a coroa espanhola e teve grande impacto positivo para a identidade nacional inglesa. Ocorreu-nos este pequeno “solilóquio”, a propósito das exibições militaristas do Líder da RENAMO, aquando da sua recente “visita”à Província de Tete. Liderando uma “frota” composta por veículos a todo-o-terreno, ou usando a sua própria linguagem “By four by four”, o Líder da RENAMO apareceu nos ecrãs das Televisões afirmando a todos os pulmões que, aquela sua “Guarda Pessoal”era a todos os títulos “IMBATIVEL”, pois segundo as suas palavras: “não existe em nenhuma parte da África, da Europa e do mundo inteiro alguma tropa capaz de defrontar aquela sua Imbatível ´Guarda pessoal’”.Acrescentou orgulhosamente que, “todas as vezes que as FADM travaram combate com a aquela sua tropa de elite, resultou na morte de dezenas de coitadinhos, contra apenas um ou dois feridos seus”. Mais comentários para quê contra um caso patológico!?
Kandiyane Wa Matuva Kandiya
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