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Magia negra aterroriza albinos

Por admin

A beleza da vida reside precisamente nas diferenças. Entre os Homens, por exemplo, cada um tem suas próprias características físicas e de comportamento: tem os mais animados, os preguiçosos… portanto, não dá para dizer que alguém é mais “normal” ou menos “normal” do que o outro. As únicas coisas que podemos notar são o que é mais comum ou mais raro.

Os albinos estão nesse segundo grupo. Não é muito fácil encontrá-los pela rua. Por isso, às vezes, eles recebem injustos olhares vindos de quem nunca ouviu falar de albinismo. A ciência diz que o Albinismo é uma doença hereditária cuja causa é uma mutação genética que resulta em pouca ou nenhuma produção de melanina. A melanina é o pigmento produzido pelas células chamadas de melanócitos, encontradas na pele e nos olhos. O tipo e a quantidade de melanina produzida pelos melanócitos determina a cor da pele, dos cabelos e dos olhos. A forma mais reconhecida de albinismo se apresenta pela ausência de pigmentação da pele, o que a deixa branca como leite, mas algumas pessoas com a desordem podem ter algum nível de coloração. Como o albinismo é uma desordem genética, não existe tratamento para reverter o quadro.

Ora no nosso país a vida dos albinos ficou mais complicada. Além de fugir do sol forte, eles agora têm de fugir de outras pessoas. Há quadrilhas especializadas em arrancar membros de pessoas albinas. A crença popular diz que, se você tem uma parte do corpo de um albino, terá sorte e riquezas. Uma antiga crença de que partes do corpo de um albino servem para fazer poções para enriquecer rapidamente está a aterrorizar os nossos albinos. Em Nampula, por exemplo, chegam-nos relatos assustadores. O negócio está a prosperar de forma assustadora. Na Tanzânia, país com maior índice de ocorrência de albinismo no mundo, por exemplo, mais de 60 albinos foram mortos nos últimos meses. A prática é considerada lucrativa e vários marginais estão dispostos, até mesmo, desenterrar cadáveres de albinos em cemitérios. Em Nampula, o osso de um albino chega a custar 80 mil meticais.

As estatísticas apontam para uma população de albinos perto dos 20.000 negros africanos. Num continente onde milhões de pessoas acreditam em magia negra os seus órgãos e sangue valem muito mais que suas vidas. Seus restos são usados em macabras poções humanas pelos curandeiros tradicionais para tratar os doentes.

Diz-se que, acreditando que irá trazer-lhes boa sorte e grandes capturas, os pescadores tecem redes com cabelos de albinos. Os ossos são triturados e enterrados na terra pelos mineiros, que acreditam que vão ser transformados em diamantes. Com os órgãos genitais são feitos tratamentos para reforçar a potência sexual.

Apesar do desenvolvimento, muitas pessoas instruídas ainda acreditam na magia e na medicina negra tradicional. Eles acreditam que tratamentos feitos com partes dos corpos dos albinos são especialmente potentes, inclusive, os ricos habitantes das cidades também acreditam.

Durante décadas, os albinos da África – conhecidos como "tribo de fantasmas”, “zeros” e “invisíveis” – sofrem um tratamento terrível nas mãos de seus próprios vizinhos e são assassinados por suas partes do corpo que, se crê, trazem boa fortuna e cura todos os tipos de males. Em muitos países africanos – mas é mais comum na Tanzânia – albinos são assassinados na rua.

As somas colossais envolvidas neste negócio geraram uma nova raça de assassinos independentes, que vivem da colheita das partes dos corpos de albinos que geram lucros fabulosos. O problema é bicudo mas há que encontrar formas de sensibilizar as comunidades onde vivem os albinos que elas são pessoas tão “normais” quando as outras.

O Parlamento, diante destes acontecimentos, devia agir rapidamente, desenhando leis que punam exemplarmente este tipo de crimes. Noutras partes do mundo, as penas aplicadas aos envolvidos nestas práticas são exemplares. Parece que no nosso país perderam-se valores sobre a importância da vida. Morre-se de qualquer maneira e ninguém diz nada. Se calhar as mortes registadas durante a guerra dos 16 anos contribuíram para desumanizar-nos. De qualquer modo, parece-nos que algo deve ser feito e com brevidade. Há compatriotas nossos na linha de fogo só por serem albinos.

Aqueles que nascem com a pele branca em África pagam um preço social terrível por sua condição. Tal é o estigma, que as crianças albinas costumavam ser mortas ao nascer. Nos últimos tempos, as crianças têm sido poupadas pelos seus pais -, mas geralmente são mantidas dentro de casa, escondidas por suas famílias para protegê-las dos caçadores humanos e dos abusos nas ruas. Rechaçadas da vida normal do povo e excluídas de muitos postos de trabalho, esses "fantasmas brancos”, também acredita-se, podem proporcionar a cura para a SIDA, o flagelo deste continente.

 De fato, muitos africanos acreditam que ter sexo com um albino pode curá-los da doença. Isto levou a inúmeros casos de estupro contra mulheres albinas, deixando-as HIV positivas, também.

A pele branca dos albinos é também muito procurada. Houve dezenas de casos de albinos na Tanzânia e no Quénia que foram assassinados e tiveram suas peles tiradas. Investigadores encontraram peles de albinos da Tanzânia sendo vendidas em Malawi, Moçambique, Zâmbia e África do Sul.

Não admira, então, que os familiares dos albinos mortos tenham cuidado com os arranjos do enterro, que são frequentemente celebrados em particular e em locais secretos para evitar que ladrões de sepulturas desenterrem e vendam partes do corpo de seus entes queridos.

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