Texto de Abibo Selemane
Redes de bandidos que se dedicavam ao roubo de dinheiro destinado ao pagamento de propinas mensais na Escola Comunitária São Francisco de Assis, em Maputo, foram recentemente desmanteladas. Três cidadãos encontramse encarcerados nas celas da cadeia civil em conexão com a operação.
Aprimeira rede dos burladores era composta por funcionários daquela escola e a segunda arregimentou um aluno e dois técnicos informáticos. Augusta Magane, directora executiva da escola, disse ao domingo que manobras da primeira rede foram detectadas no ano passado, 2014, após denúncia de encarregados de educação.
A segunda entrou em acção no ano em curso e foi descoberta no passado mês de Abril. A mesma só foi desmantelada em Maio último pela Polícia de Investigação
Criminal (PIC).
A primeira rede era composta por funcionários e instruía alunos para não depositarem valor de propinas mensais na conta bancária da escola, devendo entregar quinhentos meticais aos funcionários em serviço. Para ludibriar a direcção estes carimbavam o cartão do aluno como comprovativo de pagamento mensal.
Em consequência desta acção criminosa, a direcção da escola acumulava prejuízos enormes.
No ano em curso passou a confrontar-se com outra realidade: fazia a relação dos alunos que não deviam ter resultados (por falta de pagamento), mas estes apresentavam comprovativos de pagamento.
A situação deixava a direcção com os cabelos em pé, porque nenhum daqueles alunos tinha talões do banco, nem recibos, guardados no arquivo da escola.
Sem dizer quanto tempo esta manobra levou, a directora da escola contou que apareceu um encarregado de educação que disse: nestaescola há uma coisa quenão está a funcionar devidamente.A minha filhadisse que é possível pagara mensalidade por 500.00meticais, ao invés daquelesvalores estipulados.
Refira-se que aquele estabelecimento de ensino cobra mensalmente propinas de 700.00 meticais para 8ª a 10ª classe, e 800 para 11ª a 12ª classe.
Reunimos com todos os funcionários e dissemos: vão ficar em casa. Cada um vem no dia que achar, sozinho ou em grupo, para vir dizer o que sabe em relação aos cartões que são carimbados sem apresentação do talão de depósito, disse a nossa entrevistada.
Os funcionários ficaram em casa uma semana, regressando ao trabalho sem nenhuma novidade. Mais tarde, um destes decidiu confessar que estava envolvido, mas que não podia revelar o nome dos outros.
NOVOS MÉTODOS
Após esta confissão, a direcção da escola adoptou novo procedimento de pagamento
.Para o efeito, contactou um técnico informático que instalou um programa que permite o controlo automático de pagamento de propinas. Com este processo cada aluno dispõe de um código.
Contudo, quando se pensava que o problema estava resolvido, veio à superfície outra rede, mais sofisticada, que entra em acção em Fevereiro do ano em curso. A mesma reproduzia talões de depósito do Banco BCI, na agência onde aquela instituição é cliente e vendia para os alunos por 600 a 700 meticais.
A rede foi facilmente detectada visto que o sistema informático rejeitava os dados contidos no talão. Corria o mês de Março quando uma aluna apresentou um talão rejeitado pelo computador, não obstante apresentar aparentes sinais de autenticidade
Dados disponíveis indicam que até no mês de Abril foram detectados 87 talões falsos, o correspondente a mais de 70 mil meticais. Em Maio uma equipa da PIC trabalhou com algumas alunas e elas disseram que quem fornecia era um colega que estudava na turma G da 12ª classe. Das investigações feitas após sua detenção, ficou-se a saber que a equipa era constituída por três indivíduos, dos quais um aluno e dois técnicos informáticos.
A polícia estendeu a sua acção e foi à casa de um dos técnicos, recolhendo o equipamento que era usado na produção dos talões, nomeadamente computador, máquina fotocopiadora e resmas.
Fizemos uma relação de alunos que compravam os recibos com esta rede. No total são 149. O prejuízo é de 137 mil meticais. Falamos com os seus encarregados para pagarem o valor em falta, disse adirectora da escola