“O que despreza ao seu vizinho peca […] mais vale o vizinho perto do que o irmão longe” Provérbios 14:21 e 27:10
Com toda legitimidade pronunciou-se Dom Diniz Sengulane, Bispo Emérito da Igreja Anglicana, sobre o estranho procedimento dos nossos vizinhos Sul-africanos, ao afirmar: “Estamos perante um novo fenómeno, demónico, sem dúvida, que tem um nome novo e não lhe dar o nome genérico de xenofobia. O seu nome deve ser AFROFOBIA porque aquilo de que os nossos irmãos Sul-africanos odeiam é o Africano e não qualquer estrangeiro”. Porque, na verdade, todos os habitantes dos 54 Países Independentes e soberanos, que se encontram dentro do espaço geográfico cercado: a Norte, pelo Mar Mediterrâneo; a Leste, pelo Oceano Índico; a Oeste, pelo Oceano Atlântico; e a Nordeste, pelo Mar Vermelho, a Comunidade das Nações reconhece-os todos como AFRICANOS. Ostentam portanto a mesma identidade de serem naturais do Continente Negro. Teoricamente gozam dos mesmos direitos e deveres como Africanos. Aliás, a criação das sub-regiões como a SADC e a CEDEAO, têm em vista a criação duma única União Africana, consequentemente uma única África Unida, (Estados Unidos da África). É pois absurdo haver Xenofobia entre Povos do mesmo Continente e em particular quando esses mesmos Povos são vizinhos e descendem da mesma árvore genealógica (BANTU) e, pior
Ainda quando têm a mesma cor da pele.
Xenofobia significa rigorosamente aversão a pessoas ou coisas estrangeiras. E, nós Africanos não somos e nem podemos ser estrangeiros no nosso próprio continente. O termo Xenofobia é de origem grega e forma-se a partir das palavras “xénos” (estrangeiro) e “phóbos” (medo). Mesmo para aqueles a quem se aplica este termo, alguns cientistas sociais, caracterizam-nos como sofrendo de um preconceito ou duma doença, um transtorno psiquiátrico. A discriminação é o acto de considerar que certas características que uma pessoa tem são motivos para que sejam vedados direitos que os outros têm, e, isso de facto é um desarranjo psíquico.Os racistas por exemplo afirmam que uma pessoa por ser de determinada cor, deve ter direitos diferentes daqueles que são de outra cor. O caso dos nossos irmãos Sul-africanos, é de facto no mínimo um fenómeno muito esquisito, porque, tirando alguns idiomas que diferenciam o Sul-africano, do Moçambicano, do Zimbabueano e ou do Malawiano, principais vítimas dessa segregação, no resto, é quase impossível distinguí-los. E, quis o destino que fossemos vizinhos. E, exigem as relações humanas que a vizinhança territorial, imposta por imperativos geográficos, seja sempre sincera e leal, naquilo que se designa de “Politica de boa vizinhança”, na qual, o que deve imperar sempre, é o respeito ao chamado “direito de ir e vir”, que é privilégio de todos. O limite é a decência, e não se pode tolerar que se veicule aquilo que atenta contra a dignidade humana! Afirma-se que a ignorância é a maior desgraça humana, pois na verdade, quantas coisas más, nós não vemos por aí devido a ignorância humana! Tinha razão o Filho do Carpinteiro de Nazaré ao desabafar: PERDOE-LHES PAI, NÃO SABEM O QUE FAZEM!
Kandiyane Wa Matuva Kandiya