O Vilankulo FC está vivo e respira saúde. Depois duma participação atribulada no “Moçambola” devido a inexistência do transporte aéreo para aquele destino, o clube virou-se para a formação, onde busca a excelência, conforme nos confidencia o patrono daquela agremiação, Yassin Amugi.
Certamente haverá moçambicanos a admitir a morte precoce do Vilankulo FC, clube que recentemente disputou o campeonato nacional e se notabilizou com uma gestão singular e algumas inovações, a exemplo de loja de sócios e o tal contrato estranho rubricado com Chiquinho Conde com validade de cinco temporadas,
No campo, o clube apresentou-se com uma equipa aguerrida, mau grado o escasso tempo para treinos devido às viagens constantes por estrada ligando Maputo àquela via turística, reduzindo sobremaneira o tempo de preparação dos jogos.
A ideia principal que motivou a criação do clube persiste, tendo apenas alterado o foco da colectividade, conforme nos diz Yassin Amugi em entrevista concedida ao domingo.
Pode-nos dizer o que é feito do Vilankulo FC? Muita gente pensa que este clube já não existe?
Acredito que muita gente a nivel nacional pensa que o Vilankulo desapareceu porque estes escalões de formação, iniciados, juvenis, infantis e juniores não são muito falados. Hoje o Cristiano Ronaldo é melhor jogador do Mundo mas ninguem se lembra donde saiu, falam do Sporting, Manchester United e Real Madrid. Por isso, daqui a dez anos ninguém se vai lembrar que determinado jogador saiu do Vilankulo FC mas do que clube onde estará a jogar. Pode até ser injusto, mas é uma situação que considero normal por causa da visibilidade dos escalões de formação.
Qual tem sido o foco do clube actualmente?
O nosso objectivo neste momento nao é ganhar protagonismo, fizemos isso quando estivemos no Moçambola e fizemos muito bem. Todo o país passou a conhecer a nossa vida, o nosso método de gestão que foi sempre exemplar, mas infelizmente devido a vários conflitos que tivemos com a organização, nos afastamos. Mas não é por esse motivo que vamos deixar de fazer o que queremos, que é desenvolver o desporto, particularmente o futebol, investindo na área de formação para daqui a dez anos a nossa selecção conseguir participar num Campeonato do Mundo com alguns jogadores formados no Vilankulo FC.
Que resultados está a ter na formação?
O Vilankulo FC foi dois anos consecutivos campeão nacional de juniores e ano passado campeão nacional de juvenis. O nosso objectivo é continuar a trabalhar para termos mais titulos, mas mais do que títulos nosso objectivo é formar jogadores completos, que tenham educação, nutrição, preparados a nível psicológico e de formação desportiva. Só assim é que no futuro teremos jogadores de classe mundial que nos permitam outras conquistas a nível das selecções nacionais. Este é um trabalho não muito visível a nível de marketing e imagem mas acreditamos que dentro de dez anos podemos colher frutos.
Que qualidade garante a formação no Vilankulo FC?
Temos coordenadores para a área de formação, o primeiro factor importante é a educa;\ao escolar, qualquer atleta que não tenha bom aproveitamento escolar pode ser excluído da formação. Temos um coordenador para essa área com responsabilidade de analisar detalhadamente a evolução dos atletas. Sabemos que os pais tem pouco tempo durante o dia por causa do trabalho, ajudamos nisso, representamos os encarregados de educação nas escolas, quando algo não ocorre bem contactamos os pais. Servimos de alerta aos pais e também para a formação escolar dos nossos atletas.
Os técnicos que treinam os atletas tem alguma formação especializada?
Os nossos técnicos tem formação de nível B e C da CAF e continuamos a trabalhar para ter níveis superiores. Infelizmente estamos distantes da capital do país onde normalmente decorrem os cursos, mas estamos à espera doutros cursos para enviar nossos treinadores para ganharem mais experiências e conhecimentos na área de formação. Também estamos a dialogar com a federação para organizar um curso de formação de treinadores e árbitros em Vilankulo para beneficiar os técnicos da província. Sabemos que esta província é muito vasta, temos que encontrar formas de facilitar a formação dos técnicos da província de Inhambane.
Continua a pensar que com transporte aéreo continuaria no Moçambola?
Não tenho dúvidas. Fomos o clube que tivemos menos privilégio que os outros, qualquer competição só é justa quando todos partem em pé de igualdade, o que nao aconteceu connosco, sempre estivemos em desvantagem. São vários factores que nós reclamamos mas como naquele tempo não havia condições para continuarmos preferimos optar pela formação para continuar a contribuir no desenvolvimento do futebol em Moçambique. O que queremos é contribuir porque ninguém é eterno, estamos aqui para preparar algo para as gerações vindouras darem continuidade, A ENH está a continuar o que iniciamos, qualquer pai fica feliz quando ve seus filhos a progredirem, hoje quando vou ao campo fico feliz porqie vejo que mais de 50 porcento daquela equipa saiu do Vilankulo FC.
Combinar futebol com educação escolar
– Recomenda Feizal Sidat, presidente da FMF
Feizal Sidat, presidente de direcção da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), defende uma combinação entre a prática de futebol e a educação escolar para que o país produza jogadores psicologicamente saudáveis e responsáveis.
O dirigente falava momentos depois de entregar bolas de futebol à direcção do Vilankulo FC como “singela contribuição da federação para a formação de jogadores”.
– A federação incentiva a formação de jogadores em todas vertentes, não só para jogar a bola, mas também para dirigirem famílias. Devem continuar a combinar o futebol com a educação escolar porque não queremos jogadores não preparados. O Vilankulo FC tem feito trabalho relevante na área de formação.
Feizal Sidat lembrou que se os clubes investirem seriamente no jogador, Moçambique poderá lograr resultados satisfatórios porque “de pequenino é que se torce o pepino”.
– Apostamos bastante na formação, não só para jogar futebol, também na formação do homem. Há dois sectores que devem andar como uma linha férrea, a educação e o desporto. O nosso país tem muitos talentos, devemos apenas buscar os jovens e lapidar.
Desafiou a direcção dos “Marlins” a introduzir o futebol de praia, para tirar proveito da sua localização costeira. “Que apostem também no futebol de praia, a federação e a FIFA tem dado grande apoio, vamos dar material, mesmo na construção dum campo, vamos dar bolas, somos os melhores a jogar com pé descalços e devemos explorar essa aptidão”.
Prometeu apoiar na formação de árbitros locais, porque não há futebol de qualidade sem juízes capacitados. “Muitos desses jovens também podem ser árbitros, até de categoria internacional”.
– A federação aposta também na formação do árbitro e no treinador. Podemos mandar uma equipa cá para formar árbitros. Queremos árbitros doutores, licenciados, não queremos árbitros que depois entram na teia de corrupção, atirou.
Custódio Mugabe