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Maluana será destino preferencial das tecnologias

Por admin

Defende Eduardo Nhampossa, da Empresa Nacional de Parques de Ciência e Tecnologias de Moçambique

A Empresa Nacional de Parques de Ciência e Tecnologias (ENPCT) esforça-se no sentido de instalar definitivamente quatro parques nacionais de ciência e tecnologias nas províncias de Nampula, Sofala, Manica e Maputo. Eduardo Nhampossa, administrador executivo para a área comercial e Presidente-Substituto do Conselho de Administração da instituição conta ao domingo o que se pretende fazer para que a pesquisa suporte eficazmente o desenvolvimento social e económico de Moçambique.

Senhor administrador, o que faz  a Empresa Nacional de Parques e Tecnologias?

Trata-se duma empresa que gere os Parques Nacionais de Ciência e Tecnologia, um conceito que o Governo moçambicano criou com o objectivo de desenvolver todas as ideias ligadas à ciência e tecnologia.

Qual é a especificidade dessas ideias?

São ideias dos inovadores e dos empreendedores numa perspectiva de criarmos condições para incubarmos as suas iniciativas bancáveis, isto é, ideias que se podem traduzir em produtos que tragam algum benefício e valor para o mercado de trabalho na nossa sociedade.

Quantos parques deverão ser criados em Moçambique?

Está planificado que se crie quatro parques nacionais de ciência e tecnologia, tendo cada um seu enfoque temático. O nosso parque de Maluana, aqui na Manhiça, província de Maputo, estará virado para a temática de desenvolvimento de tecnologias de comunicação e informação (TICs). Portanto, Maluana vai ser destino preferencial das tecnologias.

O Parque Nacional de Ciência e Tecnologia, em Nampula, especificamente, em Nacala-Porto, terá a temática associada ao desenvolvimento de negócios já que, como se sabe, Nampula é, por excelência, um centro para o desenvolvimento de negócios.

Também contamos ter outros parques em Estaquinha, província de Sofala, e em Dombe, na província de Manica. Terão temáticas focalizadas para a investigação científica na área de mineração e de petróleos. Serão instalados de modo a estarem dotados duma abordagem de atendimento aos processos de prospecção e de certificação deste tipo de recursos naturais.

Como se prevê a articulação entre os parques de ciência e tecnologias e as instituições de ensino superior ou de investigação nacionais?

Como disse, o parque será o sítio onde efectuar-se-á a investigação da ciência, mas a regulação entre as universidades e as instituições de investigação será no sentido de que as primeiras produzam a matéria-prima, neste caso o estudante, muitas vezes portador de conhecimentos teóricos desprovidos das habilidades de “saber fazer”.

Dá a entender que as universidades e outras instituições de pesquisa excluem-se da possibilidade de criarem seus próprios miniparques de ciência e tecnologias?

O parque é um investimento com custos muito elevados. Se o Governo já criou uma empresa que cuidará dos parques, naturalmente que o esforço do próprio Governo deve ser de alocar recursos diferentes que garantam seu pleno funcionamento. No entanto, se as universidades quiserem criar os seus miniparques, são livres de o fazer, desde que sejam autorizadas e tenham recursos para o efeito, neste caso, dinheiro. Mas como sabe, não podemos dispersar os poucos recursos que temos. No caso em apreço, as instituições públicas do ensino superior têm espaço aqui privilegiado e suficiente para usufruírem das condições existentes, ou seja, utilizando sinergias que o próprio Estado moçambicano criou.

O que se prevê fazer na área de investigação?

Estabelecer o Centro Nacional de Biotecnologia que deverá trazer soluções dos constrangimentos que os diferentes sectores socioeconómicos enfrentam.

Especificamente…

Por exemplo, na área de agricultura cuja produtividade ainda não consegue alcançar níveis desejados por existirem défices de pesquisa que orientem estudos para os elevados índices de produção de culturas nacionais diversificadas, tal como acontece nos outros países em que se obtém normalmente duas ou mais colheitas num certo período agrícola.

Existem outras áreas de intervenção para além da agricultura?

Sim, pensa-se noutras esferas de investigação como a Saúde. Muitas vezes, recorremos à países vizinhos para apurarmos resultados de certas análises pertinentes que muito bem poderiam ser feitas aqui. Portanto, é possível começarmos a pensar em pesquisas e análises internamente.

Será que a nossa capacidade financeira é suficiente para a instalação dum Centro Nacional de Biotecnologia?

São desafios que o Governo deve encontrar porque estamos a falar de elevadíssimos valores de investimento. Mas é importante que encontremos formas de instalar.

A propósito, quanto custou este Centro de Desenvolvimento Tecnológico?

Cerca de 25 milhões de dólares americanos. 

E não se pensa num Centro Etnobotânico?

Está em vista porque um Centro dessa natureza permitirá pesquisar a diversificação da utilidade das nossas plantas como produtos cosméticos e de valor nutritivo.

Há espaço para isso?

Sim! Temos muito espaço e o Centro já está a começar a instalar-se.

Qual é a capacidade do Parque do ponto de vista de área de superfície?

É de 950 hectares, mas por causa do elevado valor de investimento, a prioridade que se estabeleceu foi para as áreas de investigação, habitação e lazer.

Lazer para quem?

Para os cientistas. A ideia é ter serviços de hotelaria e restauração que servirão aos cientistas depois dum árduo trabalho de investigação. A divisão do espaço visa adequar o que é possível fazer nestes cinco anos.

E a indústria?

No espaço reservado à área industrial esperamos acomodar empresas industriais de ramo tecnológico, pois estamos condicionados para acolhê-las minimamente…

A intenção é ter-se uma cidadela académica….

Exacto, a ideia é trazer todo o cidadão que se liga à cadeia investigação, razão pela qual se prevê criar uma universidade tecnológica, isto é, uma cidade académica que pode aliviar a pressão que se regista na cidade de Maputo.

INCUBADORAS DE NEGÓCIOS

Que programas específicos têm com a universidade neste momento?

Brevemente tencionamos divulgar junto dos estudantes finalistas a importância que o “saber fazer” tem na sua vida prática, fazendo o prévio uso das oportunidades que o nosso parque oferece. Prevemos oferecer um programa de incubadoras de negócio que ajudará os estudantes a seleccionar o seu mercado.

Quais são os vossos principais parceiros?

Como empresa começamos a trabalhar desde Marco do ano passado e tivemos que activar todos os processos organizativos ligados à infra-estruturação e organização dos instrumentos de regulação. Agora estamos a procura de parceiros regionais que incentivam a investigação e o empreendorismo. A nível nacional estamos a elaborar a estratégia do marketing que nos ajudará avançar. Internamente temos o Centro de Dados do qual muitas instituições podem conservar suas informações.

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