·Chefe de Estado apela a adopção de medidas preventivas
Trinta e uma pessoas morreram no país vítimas da cólera, epidemia que afecta sobretudo as províncias de Tete, Niassa e Nampula.
Segundo um comunicado conjunto comunicado do Governo, Nações Unidas e Médicos Sem Fronteiras (MSF), em três semanas 2.903 casos de cólera foram registados na sua maioria na província de Tete.
"A situação ainda requer intervenção vigorosa, sobretudo em Tete, onde se regista a maior incidência de casos",refere o comunicado conjunto.
As quatro entidades apelam a todos os parceiros para o reforço de medidas preventivas para que o surto seja interrompido. "Além da criação de centros de tratamento de cólera é crucial alcançar as comunidades, fora dos grandes centros de saúde", considera o Governo moçambicano e as restantes organizações, o que só é possível através da descentralização das unidades clínicas e a distribuição de sais de reidratação oral.
O comunicado salienta que o surto de cólera parece estacionário em Niassa e Nampula e ressalta, uma vez mais, a subida estrondosa na província de Tete.
O governo mantém o registo de 18 mortos em Tete, mas na quarta-feira as autoridades locais elevavam o número para 21 na cidade capital da província e Moatize, a que se somavam dois óbitos no distrito de Mutarara.
As organizações de saúde em Moçambique estão a tratar as fontes e reservatórios de água com cloro, a abastecer as zonas atingidas com tanques e camiões-cisterna com água, com prioridade para a cidade de Tete, bem como a gerir os casos diagnosticados nos centros de tratamento, além da mobilização social ao nível doméstico para controlar ou prevenir infeções e distribuição de informação pública sobre a doença.
"O Governo está empenhado na criação de todas condições para a melhoria da saúde do nosso povo. É importante que todos façamos a nossa parte, para que o combate a estas epidemias tenha resultados mais rápidos" disse a ministra da Saúde, Nazira Abdula, citada no comunicado.
O Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, decidiu envolver-se nas acções contra a epidemia e convocou o Grupo de Emergência contra a Cólera para uma reunião na passada quinta-feira, à tarde, na Presidência.
Na ocasião o estadista moçambicano exortou profissionais de saúde e a comunidade em geral a envidar esforços visando medidas preventivas à expansão da epidemia.
MANICA E SOFALA
ENTRAM NAS CONTAS
A Saúde em Manica registou, no primeiro mês deste ano (Janeiro), 7.336 casos de diarreias, contra 6.500 notificados em igual período do ano passado (2014), representando um aumento na ordem de 10 por cento. Estes dados foram tornados públicos pelo Médico-chefe provincial de Manica, Firmino Jaqueta, no decurso da reunião provincial de balanço do ano 2014.
Jaqueta referiu que apesar deste incremento, a diarreia fez penas um óbito este ano. Em Janeiro do ano transacto a doença matou cinco pessoas. A fonte apontou os distritos de Chimoio, Manica, Sussundenga e Gondola como sendo os mais afectados pela chamada doença das “mãos sujas”.
O fraco saneamento do meio, associado a outros factores como falta de higiene pessoal e colectiva, o consumo de água imprópria e as chuvas que continuam a fustigar a província e o país em geral, está na origem da eclosão da doença que se faz sentir com maior incidência nos bairros suburbanos e nas zonas rurais.
Para inverter a situação, a Saúde desencadeou uma serie de acções que passam pela distribuição de cloro à população para tratamento da água nos poços. Ao mesmo tempo decorrem palestras sobre higiene individual e colectiva, bem como tratamento adequado dos alimentos.
No que diz respeito ao saneamento do meio, também estão a ser lançados apelos para limpezas nos quintais e outros locais para evitar a propagação da doença.
Informações oriundas de Sofala dão conta da ocorrência de seis óbitos em consequência do surto de diarreia que afecta com particular incidência os distritos de Caia, Chemba e Marromeu.