O jornal domingo decidiu nesta sua última edição do ano de 2014 dar destaque ao homem que durante os últimos dez anos esteve à frente dos destinos do país. Uma homenagem merecida sobretudo tendo em conta que a obra da sua governação é em visível de palmo em palmo por este Moçambique fora. Nas páginas que se seguem estão os principais destaques das bandeiras que elegeu para manter Moçambique no mapa do mundo em termos de desenvolvimento económico, social, cultural, desportivo, entre outros domínios.
O HOMEM
Armando Guebuza, nasceu a 20 de Janeiro de 1943, em Murrupula, província de Nampula, norte de Moçambique, onde o seu pai, Miguel Guebuza, era enfermeiro e a sua mãe, Marta Bocota Guebuza era doméstica. Iniciou os seus estudos em Xipamanine, no Centro Associativo dos Negros da Colônia de Moçambique, em 1949. Enquanto estudante do ensino secundário, filiou-se ao Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos (NESAM), uma organização cívica fundada por Eduardo Mondlane em 1949. Em 1963, Guebuza foi eleito presidente do NESAM, cargo anteriormente exercido por Joaquim Chissano. Nessa altura, fez o sétimo ano dos liceus.
Em 1965 juntou-se à Frelimo em Dar-es-Salaam, depois de ter passado durante cinco meses detido pela PIDE. Em 1966, foi nomeado secretário particular de Mondlane, em substituição de Joaquim Chissano que se deslocara a uma formação na extinta União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS). Nessa altura, Guebuza era professor no Instituto Moçambicano, na Tanzânia.
Após o golpe de Estado em Portugal, a 25 de Abril de 1974, que culminou, em Setembro desse ano, com a assinatura dos Acordos de Lusaka, entre a Frelimo e as autoridades portuguesas, Guebuza foi nomeado Ministro da Administração Interna do governo de transição, que tinha por missão preparar Moçambique para a proclamação da independência nacional.
Proclamada a independência a 25 de Junho de 1975, tornou-se no primeiro titular da pasta do interior. Em 1978, foi nomeado vice-Ministro da Defesa e substituto legal do governador de Cabo Delgado. Em 1981, foi nomeado governador da província de Sofala e em 1983 voltou a ser nomeado Ministro do Interior. Em 1986, assumiu, após a morte de Samora Machel o cargo de Ministro dos Transportes e Comunicações. Em 1990, Joaquim Chissano nomeou-o chefe da delegação moçambicana às conversações de Roma, que culminaram com a assinatura dos Acordos de Roma entre o Governo e a Renamo.
Foi, após as primeiras eleições multipartidárias de 1994, chefe de bancada da Frelimo na Assembleia da República. No 8º Congresso da Frelimo, foi eleito Secretário-geral da Frelimo. Nessa qualidade foi eleito candidatado presidencial às eleições de 2004,tendo concorrido e vencido o pleito. Assim, tornou-se Presidente da República. Em 2009 foi reeleito por esmagadora maioria dos eleitores para um segundo mandato que está prestes a findar.
Armando Emilio Guebuza é casado e tem quatro filhos. É pai de Mussumbuluku Guebuza, Armando Ndambi Guebuza, Valentina da Luz Guebuza e Norah Guebuza.
A OBRA
Quando da sua tomada de posse e já nos tempos da campanha eleitoral, adoptou como um dos motes mais martelados, a necessidade premente de combate sem tréguas contra a pobreza absoluta. Um pouco mais tarde, viria a anunciar que a base desse combate, rampa de lançamento ou trincheira, começa pelo distrito. Percorreu-os, quase todos, de norte a sul, tomou contacto directo com as populações e entendeu que, para o distrito ser uma realidade no combate pelo desenvolvimento humano, era imperiosa uma certa liberdade financeira. E, contra os detractores, descrentes na capacidade do povão, resolveu atribuir a cada distrito 7 milhões de meticais. Surgiram críticas de todo o lado, baseadas na impreparação das autoridades distritais, mas Guebuza convencido de que se aprende a nadar, nadando, em vez de retroceder, resolveu subir a parada. E cantou vitória.