Quando na edição de 19 de Outubro de 2014 escrevemos que a Academia Mário Esteves Coluna estava abandonada e que os campos de jogos e os balneários estavam em estado avançado de degradação, para além das piscinas que continuam secas, o presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Feizal Sidat, apareceu no facebook a dizer coisinhas da sua cabeça contra este jornal. Já num frente – a – frente, aquando da cerimonia de homenagem ao Presidente Armando Guebuza, Feizal admitia que “ aquilo é normal num país carente como o nosso.”
Para o presidente da FMF e os seus seguidores as péssimas condições patentes na Academia Mário Esteves Coluna não impediam que nele os treinadores nacionais frequentassem cursos de elevação dos seus níveis. Aquilo para si era ou é luxo para treinadores de um país pobre como o nosso. Dormir em beliches, aprender em campos com relva queimada e sem balizas completas, tomar banho em balneários sujos e mal cheirosos, e fazer necessidades em pias danificadas era ou é coisa normal, que os treinadores nacionais estavam habituados na Academia Mário Esteves Coluna.
A FMF chegou ao ponto de “contratar” jornalistas de determinados órgãos de informação que julgava capazes de esconde a vergonha reportada pelo domingo. O tiro saiu pela culatra, pois os colegas patrocinados pela FMF para distorcer a verdade por nós reportada não se fizeram de cegos. Os que quiseram escrever algo, fizeram-no de forma profissional, tal como o fizemos dizendo a verdade do abandono da Academia Mário Esteves Coluna pela FMF.
O maior desmentido à FMF de que a Academia Mário Esteves Coluna estava em boas condições para formação de agentes desportivos (sobretudo de atletas e treinadores) veio dos próprios treinadores, na presença de um técnico da Confederação Africana de Futebol (CAF).
Vinte e oito treinadores, maioritariamente das equipas do Moçambola decidiram em boicotar o curso que deviam ter de 11 a 25 de Novembro na Academia Mário Esteves Coluna, na vila de Namaacha, província de Maputo.
Para o curso de nível “A” os treinadores haviam já pago dez mil meticais cada. Chegados a Namaacha, encontraram condições lastimosas nos quartos, nos balneários e nos campos onde teriam aulas. E porque já estavam fartos de promessas de melhorias de condições, decidiram em abandonar o sítio e regressar às suas casas.
Os prelectores do curso, provenientes da sede CAF, no Cairo, Egipto, também tiveram que regressar.
Depois apareceu o Secretário-geral da FMF, Filipe Johane, a confirmar o sucedido e a dizer que decidiu-se por cancelar o curso e que não havia nova data para a sua realização. Para ele o curso devia realizar-se nas dadas previstas, alegadamente porque nas mesmas condições se realizaram outros cursos no mesmo local, esquecendo da máxima de que “ o escravo se liberta.” Nada impedia que os treinadores um dia dissessem “ chega de nos tratarem mal.”
Desta vez foram os treinadores que não quiseram continuar a serem formados em condições impróprias, sobretudo por saberem que a FIFA vem drenando milhões de dólares para a manutenção e ampliação do projecto Academia Mário Esteves Coluna. Os próximos poderão ser os “miúdos” de que se diz que estão aprender futebol naquelas condições lastimosas, desde que os pais um dia possam lá chegar para ver que os seus filhos apenas estão a servir de cobaias para interesses de pessoas que FMF engordam do futebol.
Afinal, quem diz verdade sobre a Academia Mário Esteves Coluna: Jornal domingo, treinadores de futebol ou Feizal Sidat e companhia? Nós fazemos a nossa parte para o bem do desporto. Que os outros façam a sua!
Manuel Meque