O governo tanzaniano apresentou ao parlamento reunido em Dodoma a proposta do plano e orçamento para o ano fiscal 2015/2016 que prevê um crescimento económico de 7,8 por cento contra os actuais 7 por cento.
Ao apresentar a proposta, o ministro do Estado na presidência Stephen Wasira disse que o governo estava determinado em manter a inflação em um dígito.
O ano fiscal 2015/2016 é o último de implementação do plano de desenvolvimento de cinco anos adoptado em 2011/2012.
“A conclusão deste programa significa o lançamento do outro plano de cinco anos que irá vigorar entre 2016/17-2020/21. O governo vai continuar a atrair investimentos do sector privado, em particular para agricultura para criar mais postos de trabalho”- disse o ministro.
Também prevê aumentar a arrecadação de receitas em 18,4 por cento do Produto Interno Bruto durante 2013/14, e em 19,1 e 19,8 para 2015/16 e 2017/18, respectivamente.
O ministro Wasira destacou como áreas prioritárias, a agricultura, ferrovias, portos, energia, estradas, transporte aéreo, água e saneamento básico, bem como as tecnologias de informação e de comunicação.
“No sector da agricultura, o enfoque será para a extensão dos projectos de irrigação, infra-estruturas para armazenamento, entre outras”- precisou o governante tanzaniano.
No que diz respeito ao financiamento dos projectos, o governo vai contar com várias fontes, nomeadamente, receitas internas e o financiamento externo dos parceiros de desenvolvimento, além da participação do sector privado.
Ele disse que o governo vai continuar a pedir empréstimos em condições favoráveis de fontes internas e externas, de acordo com a sustentabilidade da divida nacional, para financiar empresas públicas e estatais.
O ministro Wasira disse que o governo continuará a melhorar o ambiente de negócios e investimentos para atrair mais investidores para áreas prioritárias.
Falando após o ministro, o presidente da comissão parlamentar para o plano e o orçamento Andrew Chenge, desafiou o governo a reforçar a arrecadação de receitas e através da identificação de novas fontes no sector informal.
“O governo deve evitar a dependência dos doadores, especialmente em projectos de desenvolvimento e sempre que possível fazer uso das parcerias público-privadas na implementação do plano”- observou Chenge.
Ao apresentar a apreciação da oposição, o deputado David Silinde advertiu o governo contra empréstimos internos, uma vez que o sector privado fica automaticamente excluído do acesso aos empréstimos domésticos.
Crescimento da Tanzania como uma economia de petróleo e gás.
As perspectivas da Tanzania se tornar numa economia vibrante através das suas lucrativas indústrias extractivas ainda são sombrias com os analistas ainda em dúvida sobre a eficácia de muitos dos contratos firmados nos últimos anos.
Este cenário surge em reacção a uma apresentação dos resultados de uma investigação dos especialistas de Políticas para o Desenvolvimento.
Três apresentações foram debatidas há dias em Dar-es-Salam, tendo como tema de fundo ”Tanzania, como um futuro Petro-Estado: Perspectivas e Desafios”.
Os apresentadores foram o Doutor Donald Mmari do centro de pesquisas para o Desenvolvimento, o professor Odd-Hedge do Instituto Norueguês e o economista Fred Matoka, do Instituto nacional de Estatística da Tanzania.
Mmari disse que somente uma compreensão abrangente do bom funcionamento das indústrias extractivas poderia reduzir o risco da Tanzania se tornar muma “maldição dos recursos”, em vez das contribuições positivas que podem advir de um ”petro-estado”.
O investigador argumentou que actores como Tanzania podem tirar proveito do sector extractivo para a sua economia, particularmente, em termos de receitas, criação de postos de trabalho e outros benefícios, mas vincou que é necessário obter mais dados e provas concretas.
Observou que a gestão do petróleo para o desenvolvimento requer planos de longo prazo para trazer um impacto positivo e sustentável, ao invés de conflitos como tem acontecido em muitos países com tais recursos.
Por seu turno, o embaixador da Noruega acreditado em Dar-es-Salam Hanne-Marie Kaarstad disse que para a Tanzania se tornar um petro-estado isso implicou mudanças profundas nas áreas política, social e económica, e a promoção de uma série de debates públicos entre as partes interessadas.
Lembrou que a mineração sempre teve consequências em relação a terra, e como tal, as lições do passado nunca devem ser ignoradas.
Contribuindo no debate, o vice-secretário permanente no ministério de energia e minas Ngosi Mwihava disse que o gás e outros hidro-carbonetos tem um grande potencial em termos de contribuição para a economia, particularmente no sector das exportações.
Notando que a Tanzania é rica em diversas fontes de energia que vão desde a eólica, solar, gás natural e hídrica, ele chamou atenção para a sua gestão adequada, afim de realizar o seu pleno potencial.
O professor Odd Hedge disse que os dados são muito importantes para a planificação económica de cada país e qualquer outra configuração institucional. Ele pediu mais pesquisas para fornecer as autoridades relevantes, incluindo actores governamentais, dados qualitativos e quantitativos.
Ele pediu também para uma correcta interpretação e utilização adequada dos dados para diferentes propósitos em áreas como economia, politica, direito, estatística, comércio e até mesmo em outros tipos de cálculos de pesquisa.
Por sua vez, o Doutor Prosper Ngowi, economista e docente da universidade de Mzumbe disse que os projectos de petróleo e gás devem ser vistos dentro da lógica de apoio a agricultura, que é a espinha dorsal da economia da Tanzania.
Alfred Maringa, em Dar-es-Salam