A GAPI, Sociedade de Investimentos, no âmbito do programa de apoio para o desenvolvimento do sector privado nacional (Agro-Investe), recebeu da Dinamarca cerca de 320 milhões de meticais para financiar e dar suporte à criação e consolidação de empresas para agro-negócio, incluindo jovens empresários através do Agro-Empreender.
Agro-Empreender é um programa que visa a apoio à criação e desenvolvimento do empresariado no sector do agro-negócio, compreende mais duas subcomponentes, nomeadamente, a componente dos serviços financeiros e o suporte técnico aos empresários nacionais. Também apoia os intermediários financeiros locais, com vista a melhoria das finanças locais.
Este fundo compreende três linhas de créditos, nomeadamente, o crédito para o agro-negócio, crédito para jovens empresários e crédito para refinanciamento da carteira de microcrédito de agro-negócio em intermediários de crédito local.
Segundo José Soares, coordenador do Agro-Empreender, o programa está a ser implementado desde meados do ano passado e vai até 2017, sendo que até ao momento foram desembolsados 43 milhões de meticais para financiar cerca de 107 iniciativas.
“Com o nível de agricultura que temos no país, o montante disponibilizado do até agora é razoável. É um produto novo, sem contar que temos poucos agricultores organizados e que tenham o mínimo de garantia exigida, considerando que é um sector de muito risco”.
Dados em nosso poder indicam que os 107 financiamentos resultaram na criação de cerca de 920 novos empregos, beneficiando indirectamente a pouco mais de cinco mil pessoas, considerando que cada família tem cinco membros.
domingoapurou que para o crédito do agro-negócio normal, o valor de financiamento chega a um milhão e meio de meticais, desde o processamento até o mercado, incluindo transporte, investimento na maquinaria agrária, entre outros.
“Temos outra componente que é crédito para jovens empresários, mas ainda estamos a tentar transformar esta linha num projecto maior. Estamos na fase de desenhar os regulamentos e fazer com que sejam as instituições de formação na área de empreendedorismo e negócios e a Agricultura a implementar este programa”, disse Soares.
Outra linha de crédito está ligada ao refinanciamento dos micro-bancos e organizações de financiamento locais que a GAPI apoia para depois financiarem a cadeia de valor ao nível local.
No que concerne ao suporte técnico, José Soares disse que aquela instituição presta apoio ao empreendedorismo, através da formação de Micro Pequenas e Médias Empresas (MPME´s) de agro-negócio, ajuda-as a legalizar-se e , a formalizar-se, presta treinamento na área de gestão e de acesso ao financiamento, planos de negócio, entre outros.
Para aceder ao financiamento, os empreendedores devem estar ligados ao agronegócio, ou seja, devem ter machambas, transporte, loja de especialização de produtos agrícolas, ou ser um produtor de insumos, tenha, por exemplo, uma moageira ou queira ter uma.
“Por saber que este sector é de risco, pedimos pequenas garantias dependendo do que a pessoa possa hipotecar. Não somos muito exigentes nas garantias, mas precisamos ter a certeza de que a pessoa vai com boa-fé. Aceitamos carrinhas, carro, ou qualquer outro bem que tiver, dependendo do valor do pedido para garantia”, referiu.
José Soares referiu ainda que apesar dos resultados positivos até aqui alcançados, ainda existem desafios pela frente, dentre os quais destaque vai para a estratégia de desenvolvimento do sector agrário que passa por melhorar a técnica e tecnologia dos produtores.
“O financiamento é uma ferramenta dentro da cadeia, mas faltam outras. Por exemplo, é preciso disponibilizar os insumos localmente, assegurar sementes melhoradas, dar assistência técnica aos camponeses, melhorar o nível de alfabetização dos agricultores. É preciso ter acesso melhorado para escoamento dos produtos”, aludiu Soares.
Acrescentou que actualmente estão a trabalhar na província da Zambézia, na cadeia de produção do arroz, no sentido de identificarem os problemas ligados à matéria-prima. “Estamos a tentar melhorar o nível de produção do arroz, através da manipulação de semente, para depois passar para os camponeses. Também estamos a trabalhar nas áreas de demonstração das novas tecnologias para melhorar a produção e com isso o rendimento dos agricultores. Estamos a trabalhar também com algumas cooperativas em Manica e Sofala”.
Angelina Mahumane e Fotos de Carlos Uqueio