A sensivelmente três meses do baptismo de Moçambique no Campeonato do Mundo de Basquetebol, o Seleccionador Nacional, Nazir Salé, está motivado pelo empenho das atletas, mas lembra que os clubes devem investir mais para o país augurar resultados à altura do talento disponível.
A Selecção Nacional de Basquetebol sénior feminino prossegue em Maputo a preparação do “Mundial” da Turquia, a decorrer de 27 de Setembro a 5 de Outubro deste ano.
No Grupo B, com sede em Ankara, Moçambique vai competir com as selecções nacionais do Canadá, França e Turquia, respectivamente nos dias 27, 28 e 30 de Setembro.
Semana finda, o conjunto moçambicano ensaiou com a selecção de Angola, num torneio que à última hora não contou com Cuba, como inicialmente projectado.
Moçambique ganhou os três jogos realizados com as campeãs africanas em título, elas que se apresentaram com um conjunto diferente daquele que vai competir na Turquia.
Motivos académicos e de trabalho não possibilitaram que o treinador angolano, Aníbal Moreira, apresentasse no torneio a equipa vencedora do “Afrobasket” de Maputo.
Ainda assim, ao fim dos três jogos, Nazir Salé considera que foi um torneio proveitoso que serviu para ensaiar esquemas tácticos e dar minutos a jogadoras novas na selecção nacional.
– Nestes três jogos, conseguimos alterar a nossa estrutura de equipa, não contamos com algumas atletas, outras porque estão tocadas e também por opção. E atendendo que o resultado do primeiro dia foi volumoso, não porque jogamos na máxima força – porque algumas estavam atletas lesionadas – entendemos dar mais tempo a algumas jogadoras.
Depois deste “mini internacional”, o técnico diz ser hora de dar continuidade ao programa de trabalho “até viajarmos para realizar o nosso estágio competitivo”.
O principal constrangimento da turma moçambicana é justamente a escassez de competição. Nazir Salé fala mesmo duma gritante falta de competição.
– Realmente o nosso estágio em termos competitivos é gritante, isso faz com que não consigamos ter realmente o desejado, a selecção nacional é composta pelas melhores jogadoras, mas acredito que há muito trabalho que deve ser feito a nível dos clubes, tendo em vista uma perspectiva contínua.
O técnico lembra que a despeito de não se ter apresentado com a sua melhor equipa, Angola demonstrou uma estrutura promissora, sinal do trabalho que aquela país está a realizar nos escalões de formação.
– A equipa de angola não veio na máxima força, mas isso não retira o foco do objectivo que tínhamos, temos que começar a pensar naquilo que deve ser o nosso estágio de basquetebol daqui pra frente, o investimento que cada clube deve fazer, porque pensamos numa lista alargada de jogadoras para a selecção.
Sustenta que a fartura de jogadora virá dum trabalho definido nos clubes. “Isso não deve ser na selecção nacional, temos que tentar criar duas estruturas de equipa onde possamos conseguir passar o testemunho adequadamente e no momento certo. Vamos continuar a pensar assim, cada dia, não temos muito, tudo o que é oportunidade de jogar fora vamos aproveitar, o que queremos e contabilizar mais jogos e tentarmos acreditar que isso pode contribuir para a coesão deste grupo e tentar tirar o melhor possível deste grupo de trabalho”.
Nazir Salé sustenta que “é preciso percebermos que o investimento não pode ser só a nível da selecção nacional, tem de começar nos clubes, a dedicação e vontade tem que ser de todos no clube, os treinadores nos escalões de formação tem de ter condições de trabalho, isso não pode ser de boca para fora, mas com convicção, com querer e tem de ser também com investimento”.
Relativamente ao programa de preparação do “Mundial” apresentado á federação, o treinador está satisfeito e optimista no sue cumprimento.
– Não temos razões de queixa, tivemos algumas dificuldades de infra-estrutura a tempo e hora, perdemos alguns treinos, mas isso não pode ser desculpa, vamos continuar a trabalhar pensando naquilo que pode ser os melhores dias desta selecção nacional.
Não é para menos. Pois, conforme faz questão de frisar Nazir Salé, as jogadoras estão muito dedicadas nos treinos, apesar de algumas mazelas.