A Espanha, campeã Mundial disse adeus e a Inglaterra idem. Outras credenciadas selecções no “ranking” FIFA estiveram muito longe dos seus pergaminhos. África tem tido uma das suas maiores presenças de sempre e da América do Sul, as surpresas vêm da Costa Rica, Chile e Colômbia.
Mas se quisermos falar de estrelas, com Neymar a liderar as excepções, poderemos considerar que as mais conhecidas e reconhecidas, pouco brilham.
É o Mundial dos pobres milionários, dos jogadores que têm menos jogos nas pernas ou dos que ainda estão em fase de afirmação, algo que os impele à superação.
Já não há Mundiais como os de antigamente. Esta é uma realidade. Dizem-me que os jogadores vão cansados que estão lá fisicamente, mas a sonhar com as férias pois transportam mais de 60 jogos “a doer” nas pernas.
O PODER DOS CIFRÕES
A FIFA, entidade máxima do futebol mundial, já não consegue um espaço nobre para realizar, de quatro em quatro anos, aquela que é(ra) a maior prova futebolística do planeta.
E porque é que tem que ser ela a procurar encontrar “brechas” em final de temporada para realizar o Mundial e não o contrário? Para um Messi ou Ronaldo, por mais patriotismo que se lhes queira inculcar, os seus verdadeiros patrões não são as representações dos respectivos países, mas os clubes que representam e (principescamente) lhes pagam.
E se para as super-estrelas há dramas como saturação ou lesões inesperadas, para os outros que buscam esse estatuto, apresentar fadiga ou mazelas na pré-época pode significar a perda do estatuto de titular no seu clube.
As ligas europeias, por exemplo, espremem os atletas até ao tutano e o “quase frete” vem a seguir. E como o homem não é uma máquina, há que ir até onde as circunstâncias permitem.
No fundo, o Mundial acaba sendo uma festa dos mesmos artistas, que se conhecem e se defrontam no dia-a-dia, apresentando-se na maior competição futebolística apenas com as camisolas trocadas!
O resto é uma questão de gestão de emoções, versus cifrões. Tanto para os riquíssimos como para os “pobres milionários”.
O rei e senhor destes tempos no desporto super-profissionalizado, tem um nome: dinheiro.
Ó TEMPO… VOLTA P´RA TRÁS
Recuando ao Mundial da Suécia, 1958, apraz-me contar um algo relacionado com o então monarca indiscutível do futebol: Pelé. O rei actuava pelo Santos, que na altura protagonizava uma rivalidade extrema com o Botafogo de Garrincha. Ambos eram as “jóias da coroa” dos torcedores brasileiros que os viam e sentiam, muito acima das rivalidades internas e das paixões clubísticas. Pois apesar de os duelos entre as duas turmas serem muito renhidos, os adeptos chegavam a insurgir-se contra os futebolistas das suas equipas, se algum ousasse jogar à margem da lei contra aquelas estrelas da Selecção.
O Mundial, naquela altura, não era uma pausa entre as provas continentais, mas o ponto mais alto do desporto-rei.
A realidade hoje é diferente. Dá para inventar lesões, preparar transferências, deixar de fora estrelas para não as inflacionar e por aí fora.
O patriotismo – diz-se – é uma coisa boa, mas não enche as barrigas.