O número da população que exerce a actividade agrícola na zona rural do país reduziu drasticamente nos últimos tempos devido à emigração de habitantes do campo para cidade, sobretudo a camada jovem.
Assim sendo, para a redução da emigração e do desemprego, o Ministério da Agricultura através do Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA) está levar a cabo vários projectos agrários para criar condições alternativas no seio da juventude, segundo informou Daniel Clemente, Secretário Permanente do Ministério da Agricultura (MINAG), que falava durante a segunda mesa redonda da Agência de Desenvolvimento e Empreendedorismo (ADE) – braço económico da organização Aro Moçambique.
“Cerca de 80 por cento da população que praticava agricultura abandonou a zona rural. Actualmente, contamos com aproximadamente 3.7 milhões de pequenos agricultores que exploram uma área de dois hectares em média. E são esses produtos cultivados nesse espaço que sustentam o mercado nacional”.
O Secretário Permanente do MINAG acrescentou que o grande desafio que este sector tem é produzir por ano cerca de sete por cento, sendo que a agricultura em Moçambique destaca-se como potencial que permite a maior reflexão sobre a geração massiva de emprego para os jovens de maneira que sejam envolvidos na cadeia de valor agrária.
Por essa razão, o chefe do Departamento da Agro-pecuária do Fundo de Desenvolvimento Agrário, Braselino Salvador, afirmou que é do interesse do Ministério da Agricultura incluir jovens recém-formados ou com experiência de actividade agrária nos projectos que a instituição tem levado a cabo.
O FDA prontificou-se a financiar o agro-acampamento a decorrer no distrito de Namaacha, Posto Administrativo de Changalane, que envolverá cerca de vinte jovens vindo de diferentes zonas da cidade de Maputo, sendo que, numa primeira fase, só serão capacitados jovens recém-formados em agro-pecuária.
“Estamos dispostos a financiar a capacitação em insumos agrários, viaturas, tractores, enxadas, entre outro material necessário”.
Contudo, conforme revelou Braselino Salvador, uma das dificuldades que a instituição enfrenta está relacionada com a falta de fundos suficientes para financiar todos os projectos agrícolas, uma vez que o FDA é dependente do Orçamento do Estado.
É que para além da capacitação, “pretendemos ajudar com alguns materiais necessários para a prática de agricultura a jovens que depois da formação vão continuar com actividade agrária como uma forma de se sustentarem”.
Por sua vez, Policarpo Tamele, presidente da Agência de Desenvolvimento e Empreendedorismo disse que a realização da segunda mesa redonda com os Parceiros de Cooperação constitui um marco importante na nova dinâmica da sociedade moçambicana.
Segundo conta, os desafios colocados neste encontro são múltiplos porque há necessidade de um envolvimento da juventude na cadeia de valor agrícola e o aperfeiçoamento do empreendedorismo na renovação e criação de emprego e negócios.
“Pretendemos resolver o problema do desemprego juvenil, daí que recomendamos uma abordagem multi-sectorial e melhor definição de estratégias concertadas e corajosas através de mecanismos institucionais e incentivos fiscais”.
Idnórcio Muchanga