Um dos resultados imediatos que a delegação de alto nível Chefiada pelo Presidente da Republica, Armando Guebuza, conseguiu obter na visita de Estado, de três dias, àquelepaís europeu foi a garantia do governo Irlandês em financiar o nosso país em cerca de 36 milhões de Euros , ainda no presente ano, para acelerar asacções tendentes ao alcance de mais progressos no que diz respeito aos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM) , cuja meta inicial definida pelas Nações Unidas é até 2015. No balanco da visita Guebuza defendeu a necessidade de uma melhor estruturação da cooperação entre Moçambique e a Irlanda.
Segundo Guebuza, existe entre ambos países “uma relacção especial e que apesar de se ter forjado há pouco tempo foi marcada nos seus primórdios por uma atitude que demonstra o compromisso de apostar no desenvolvimento do nosso país”.
Falando a jornalistas que acompanharam a sua visita o estadista moçambicano realçou que desde cedo a atitude da Irlanda foi a de procurar apoiar os sectores mais necessitados ao mesmo tempo que reforçava o Orçamento do Estado de tal forma que “mesmo quando recebemos a visita da senhora Mary McAlesse, em 2006, ex-presidente da Irlanda, sentimos a mesma amizade e interesse em cooperar connosco .
Uma das coisas que foi enfatizada nos vários discursos dos governantes irlandeses é que este país tal como o nosso passou pela colonização, pela fome extrema (dai a migração massiva dos seus cidadãos para os Estados Unidos da América) e também por algum tempo passou pela instabilidade. Mas em pouco tempo a Irlanda conseguiu reorganizar-se e ultrapassar estas adversidades e alcançar maior estabilidade e níveis de desenvolvimento económico que hoje conhecemos, referiu Armando Guebuza.
Com efeito, segundo apuramos, apesar de ter atravessado etapas adversas, e mais ou menos similares as de Moçambique, a Irlanda conseguiu transpor os obstáculos e hoje apresenta-se com um cenário diferente de tal forma que os seus cerca de 4.5 milhões de habitantes tem uma esperança de vida de 75 anos para os homem e 80 para as mulheres, sendo que a taxa de alfabetização situa-se em cerca de 99, 9 por cento sendo o produto interno bruto de mais de 34 000 dólares.
Alias, o espirito de determinação dos irlandeses ficou mais uma vez evidenciado aquando da recente crise financeira mundial onde este país se tornou num dos primeiros a superar a situação que abalou toda a Europa e praticamente os Estados Unidos e “ por causa disso, a Irlanda tem um forte sentido de solidariedade com os outros países e povos necessitados”.
Portanto, no plano politico existe cooperação na área da diplomacia e consultas politicas sempre que necessário mas também existe algo de comum que forma a nossa identidade porque eles seguem o principio da solidariedade que quanto a nós deve se aplicar como uma pratica quotidiana a nível domestico e como principio politico no relacionamento com os outros povos, disse Guebuza acrescentando que na interacção com o seu homologo irlandês passaram em revista vários aspectos da cooperação entre os dois países e, sobretudo, analisaram também “de que maneira poderemos reforçar ainda mais as nossas relações de cooperação e de forma muito mais estruturada”.
Um dos aspectos que ficou sublinhado nos diferentes momentos de interação entre as delegações dos dois países é que o relacionamento de ambos assenta basicamente numa visão comum de promoção de um desenvolvimento que focaliza a melhoria da qualidade de vida da pessoa humana e de um crescimento económico sustentável aliada a investimentos ousados nas áreas da educação, saúde e investigação agraria.
De um modo geral, a visita do Chefe do Estado moçambicano serviu para uma reafirmação do desejo mutuo de continuar a enveredar por uma cooperação mutuamente vantajosa e, acima de tudo, que esteja virada ao impulsionamento do desenvolvimento sustentável.
Nesse prisma, foi reiterado pela Irlanda o compromisso de continuar a intensificar a ajuda ao desenvolvimento socio-económico do nosso país através do financiamento da implementação de diferentes acções programáticas adoptadas pelo executivo tais como o Plano de Accão para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) bem como a responder prontamente a quaisquer desafios e solicitações pontuais.
Conforme referiu o Presidente Guebuza, “valeu a pena visitar a Irlanda” e ter oportunidade de tomar contacto directo com o seu povo, seus governantes , a sua realidade sociocultural e as múltiplas experiências acumuladas para superar desafios e nos encontros com os membros do governo tais como o Vice Primeiro Ministro e o Ministro dos Negócios Estrangeiros discutimos programas de acção mais concretos que resultaram na assinatura de vários acordos.
A nossa visita tinha como objectivos reforçar os laços de amizade e cooperação entre os dois países , a vários níveis, bem como fazer com que de forma consciente e estruturada a Irlanda seja assumida como um parceiro estratégico para o Desenvolvimento de Moçambique,pontuou o PR.
Conforme apurou o domingo, para além do apoio ao Orçamento do Estado que a Irlanda vem prestado a ajuda deste país europeu doravante centrar-se-á de forma mais intensa na Agricultura criando condições para se elevar a produção e produtividade.
Com efeito, o PR visitou na manha de sexta-feira última, as instalações da Autoridade irlandesa para o desenvolvimento da Agricultura e Alimentação (TEAGASC) onde para além de outras actividades realizam-se pesquisas tendentes ao melhoramento da qualidade do gado bovino e incremento da produção e produtividade, experiencia esta que Moçambique pretende adquirir.
Ainda neste mesmo domínio Guebuza efectuou uma visita guiada a firma Fyffes que se dedica a produção e importação de produtos orgânicos e sobretudo a banana e outros frutos frescos que depois são ali processados e colocados no mercado de consumo europeu.
Ainda no quadro das actividades programadas para os três dias da sua visita a Irlanda o PR inteirou-se do funcionamento de uma das maiores unidades hospitalares de Dublin, a St James Hospital, que vem implementando um modelo relativamente sofisticado no tratamento de doentes padecendo de HIV/SIDA onde, por exemplo, os infectados não são internados mas sim recebem cuidados em regime ambulatório.
IRLANDA CONCEDE 36 MILHOES DE EUROS
A revelação foi feita pelo Presidente do Município de Dublin, OisinQuinn, durante a cerimónia solene de recepção e saudação ao estadista moçambicano, Armando Guebuza, na MansionHouse (Sede do Município de Dublin) tendo acrescentado que aquele montante visa basicamente contribuir para a redução da pobreza e vulnerabilidade, incrementar a capacidade de providenciar cuidados de saúde e educação de qualidade bem como elevar os níveis de prestação de contas aos cidadãos moçambicanos.
Para o efeito, o Comité Conjunto de assuntos dos Negócios Estrangeiros e de Comércio deverá reunir-se proximamente com o titular do pelouro dos Negócios Estrangeiros do nosso país, Oldemiro Baloi, com vista ao estabelecimento de políticas capazes de assegurar que os dividendos resultantes do “boom” de recursos minerais serão também canalizados nos próximos anos a população mais vulnerável da sociedade moçambicana.
Este apoio surge numa altura em que os dois países classificam o estágio de cooperação bilateral como estando a atravessar um dos seus “melhores momentos” e a consolidar-se progressivamente.
COMPANHIAS IRLANDESAS INVESTIRAM
MAIS DE 1.5 BILIOES DE EUROS
Ainda na vertente da cooperação económica, ondeexiste uma forte ligação entre Moçambique e Irlanda, sabe-se que a mesma já se traduziu na aposta efectiva de companhias irlandesas pelo mercado moçambicano onde empregam mais de 6000 pessoas e com investimentos na ordem dos 1.5 biliões de Euros.
Importa referir que oprograma de apoioda Irlandaa Moçambique, ora em curso, visa apostar num desenvolvimento sustentável consubstanciado na melhoria progressiva da segurança alimentara nível nacionaledas famílias particularmente as mais carenciadas para além de se concentrar também nacriação de condições para que seja facilitado o acessoas crianças ao ensino primário, combate a pandemia doHIV/SIDA.
Conforme sublinhou o edil da cidade capital da Irlanda (Dublin) “a nossa ajudaestá fazendo grandesmelhorias nestas áreas. As criançasque frequentam a escolaaumentaram de 400 milalunos, em 1992, paraquase7 milhõesagora. Grande parte das criançasestão amatricular-se nas escolas primárias o que terá um efeito enorme no sucesso dopaísnos próximos anos, realçou Quinn.
Nos vários momentos das suas intervenções os governantes irlandeses sempre fizeram questão de sublinhar que a visitado Presidente Guebuza aquele pais marca um passo importanteno amadurecimentoeaprofundamento dasrelações entre os dois países.As duasvisitas de Estado, primeiro da Presidente McAleese para Moçambique, em 2006, e agora esta do Presidente Guebuza a Irlanda são encaradas por Dublin como sendo o “reflexo dosfortes laços existentes entre os doispaíses”.
Por isso, estavisita de Estadodestaca asimportantes ligaçõesentre a Irlandae Moçambiqueatravés dasparceriasque foramestabelecidas entreas instituições acadêmicas, empresas, ONGse missões empresariais. A nossa relaçãoevoluiu de tal forma que abrange as áreas decomércio, investimento eumasériecrescente decontatos políticoseoficiais, afrmouOsiniQuin.
ATAQUES DA RENAMO
Dlhakamafaz de tudo para não haver eleições no país
– Armando Guebuza, reagindo aos últimos ataques dos homens armandos em Muxungue
O maior interesse do presidente da Renamo (Afonso Dhlakama)é fabricar problemas e não contribuir para resolve-los porque ele tem uma agenda diferente da maioria dos moçambicanos de tal forma que se em Roma ele falava em querer democracia e eleições hoje faz tudo para não haver eleições no país, palavras de Armando Guebuza reagindo aos últimos ataques perpetrados, há dias, pelos homens da Renamo na região de Muxungue, província de Sofala.
Guebuza que falava a jornalistas, a partir de Dublin, capital da Irlanda, condenou profundamente as atrocidades das forcas residuais da Renamo naquilo que classificou de “mais uma atitude desprovida de lógica numa altura em que a maioria dos moçambicanosacorda de manha e arregaça as mangas para ir trabalhar ou estudar a Renamo permanece aquela forca que só solver o problema é interessada em destruir isso”.
Isto não tem explicação lógica para mim. Osmoçambicanosquase todos estão a trabalhar arduamente para melhorarem as suas vidas e construir o seu país e aquele grupinho da Renamo,porque não são todos, está preocupado em destruir e as vezes, sempre que podem, semeando luto nos seus irmãos ,repudiou Guebuza.
Num outro momento, o PR reafirmou a abertura do governo para o diálogo salientando que “acredito ainda que a via que nós escolhemos para resolver o problema é a mais correcta e que passa pelo respeito da constituição”.
José Sixpence, em Dublin (Irlanda)