Decorre em Maputo até ao próximo dia 22 de Junho a 11ª edição do Festival Teatro de Inverno. O evento conta com a participação de mais de 30 grupos e tem como principais palcos o Teatro Mapiko(Casa Velha), Cine Teatro Gilberto Mendes e o Teatro Avenida.
O arranque do festival, na Casa Velha, foi marcado pela realização de diversas actividades, tais como: dança tradicional, declamação de poesia e a encenação da peça Niketche, baseada na obra da escritora moçambicana, Paulina Chiziane.
Criado em 2003 pela Associação Cultural Girassol, o festival tem como objectivo promover e divulgar o teatro nacional e ao mesmo tempo dar oportunidade aos grupos amadores de teatro, que não têm espaço para apresentar suas peças.
Joaquim Matavel, coordenador do festival, afirmou que a realização do festival é reflexo de muito trabalho e persistência, dado que desde a sua criação até os dias que correm atravessou várias fases. “Quando começámos não acreditávamos que um grupo pequeno como o nosso (Girassol), que acima de tudo era amador, pudesse conseguir criar um evento com tamanha dimensão e tão pouco imaginávamos unir tantos outros fazedores de teatro, disse.
Matavel disse que nesse longo percurso muitas dificuldades têm assombrado o festival, pois não tem a componente comercial, não faz bilheteira e as poucas vezes que faz chega a ser muito irrisória àquilo que são os custos reais da organização do evento.
Sem fundos próprios, anualmente aquela associação tem estado numa luta incessante de conseguir apoio de algumas instituições com vista a melhorar alguns aspectos ligados à organização. Entretanto, muitos dos patrocinadores, que se comprometem a ajudar, quando chega a hora da verdade não cumprem com o prometido.
“Porque gostamos do que fazemos e assumimos um compromisso logo no inicio do festival que consiste em promover e divulgar o teatro nacional e criar meios dos grupos emergentes nesse mundo terem espaço de apresentar as suas criações ao mesmo tempo que partilharem experiências, preferimos mesmo no meio de tantas dificuldades trazer o evento”, acresceu.
FESTIVAL CONTRIBUI PARA TEATRO
Joaquim Matavel afirma que o Teatro de Inverno tem um papel imprescindível para o teatro nacional a medida em que: durante esses anos que tem sido organizado conseguiu manter acesa a chama de teatro através da manutenção dos grupos já existentes e influenciando outros acabados de surgir. Paralelamente a isso, vai se intensificando aquilo que é o associativismo juvenil e cultural.
O festival de inverno tem estado a criar parcerias com outros grupos e os actores que participam do evento aprendem outras modalidades teatrais como a comédia de arte, a mímica, o malabarismo, entre outras formas de fazer teatro que o actor moçambicano ainda não explorava e nem dominava.
Matavel destacou os grandes momentos do festival. Para si, o primeiro é referente ao fim da primeira edição. O segundo é aquele em que quando os grupos profissionais começaram a manifestar o interesse em participar. Já o terceiro é a internacionalização do programa, onde começaram a receber companhias de teatro vindas de outros países como Angola, Brasil.
“Actualmente está em execução a iniciativa denominada “a ponte”, que junta grupos de teatro de Angola e Moçambique, através do Festival Teatro de Inverno e Festival do Cazenga, em Angola, o que permite a deslocação de grupos angolanos para Moçambique e vice-versa. Esperamos que este seja o início de outras pontes com outros países para a divulgação cada vez mais ampla do nosso bom teatro”.
Refira-se que dentro do festival existe a componente formação. Para essa edição estão a ser realizados os já habituados seminários, oficinas de teatro e workshops, onde abordam-se assuntos que vão desde experiências de vida dos profissionais de teatro até questões técnicas.Serão também abordados assuntos ligados à produção teatral, dramaturgia, encenação, sonoplastia, entre outros.
Debate e crítica teatral é outra actividade a ser desenvolvida com vista a discutir as peças que são apresentadas e que acaba por servir como oportunidade para a percepção dos vários aspectos ligados ao teatro e à sua prática.
Segundo Joaquim Matavelvai-se, igualmente, inovar alguns aspectos referentes ao festival. Passarão a existir dois momentos, um principal e espectáculos paralelos. O que visa dar maior qualidade ao evento e incentivar os grupos ainda a surgir a procurem melhorar ainda mais as suas apresentações pois só assim o festival crescerá mais.
“Os que ainda estão no processo de aprendizagem e os seus espectáculos não oferecem a qualidade exigida não serão descartados passarão sim para os espectáculos paralelo. Mas vão assistir as apresentações dos mais experimentados para poderem aprender deles”, disse.
Acrescentou quea procura já deixou de ser apenas pelos fazedores de teatro nacionais, dai que temos de nos apresentar da melhor maneira possível com vista a deixar uma boa imagem do nosso teatro para os grupos internacionais que tem participado do nosso evento, salientou.