Pelo menos dois feridos, igual número de locomotivas tombadas, 26 vagões completamente destruídos, 150 metros da via totalmente danificados, 50 metros da plataforma removidos incluindo interrupção ao tráfego e perda de 1.638 toneladas de carvão mineral da operadora brasileira Vale Moçambique é o resultado preliminar do pior descarrilamento do comboio nesta terça-feira, depois do apeadeiro de Zimira, no distrito de Mutarara, em Tete, na Linha que liga o Porto da Beira à vila de Moatize, em 575 km.
As vítimas do sinistro são maquinistas que faziam parte da tripulação cuja evolução do seu estado clínico inspira ainda alguns cuidados médicos nas unidades sanitárias para onde foram imediatamente encaminhados, na capital provincial de Sofala.
Para uma rápida reabertura da linha prevista para princípios da noite de ontem, máquinas pesadas de todo o tipo, desde uma grua robusta, camiões de grande tonelagem e 60 operários dos CFM trabalhavam ininterruptamente, noite e dia, desde que se registou o acidente que afectou um traçado de 400 metros de extensão.
Abordado telefonicamente na manhã de ontem, pela nossa Reportagem, na cidade da Beira, o director da Brigada de Reconstrução da Linha de Sena (BRLS), o engenheiro Elias Xai-Xai, explicou que a parte mais complicada com que ficou a via neste descarrilamento é a plataforma, cuja reposição vai requer uma profunda compactação dos solos.
Pela vital importância geoeconómica de que goza a Linha de Sena, a retirada de escombros começou no mesmo dia em que se registou o acidente, sendo que o atraso que se verificou durante essa interrupção foi meramente relacionado com as dificuldades da movimentação da grua de grande calibre que pelo seu elevado peso o comboio em que se fazia transportar circulava abaixo de 30 km/hora da Beira até a proximidade da zona de Zimira, numa distância de 390 km.
“Para já, os prejuízos são incalculáveis na via, incluindo meios envolvidos na operação desde o equipamento e material aplicados neste descarrilamento do comboio da Vale, em que 26 dos 42 vagões a recuperação da carga vai ser aparentemente difícil”- avaliou Xai-Xai.
A fonte revelou ainda ter sido já constituída uma comissão de inquérito composta por pessoal dos CFM e da Vale para apurar as reais causas deste desastre ferroviário. Porém, suspeita-se a má aplicação do freio e falta de habilidade do maquinista, incluindo a velocidade excessiva.
“Este é, provavelmente, o pior acidente com vagões completamente danificados e carris espalhados”- comentou o director da BRLS, realçando que ao longo da Linha de Sena entre Moatize e Beira todos os comboios pararam nas estações próximas com vista a permitir o socorro durante esse descarrilamento entre Sinjal e Zimira.