O Presidente da República (PR), Armando Guebuza, exortou a população da província de Inhambane a manter o mesmo espírito de compromisso, determinação e apoio incansável ao Executivo na implementação das políticas públicas e, sobretudo, do Programa do Governo, tal como o fez durante os dois últimos mandatos.
Esta foi uma das principais mensagens transmitidas pelo PR nos diferentes comícios populares que orientou com parte da população de alguns distritos desta província, designadamente, Zavala, Mabote, Massinga e da própria cidade de Inhambane, cuja visita terminou na quinta-feira última.
Naquela que foi a sua última visita a esta província, enquadrada na Presidência Aberta e Inclusiva (PAI), Guebuza tratou de apresentar cumprimentos de despedida à população que “ajudou-me bastante a cumprir com o programa de governação do meu partido” e, ainda na mesma ocasião, pediu à população local para que conceda ao candidato do seu partido Frelimo, Filipe Nyusi, em igual ou maior dose, o mesmo suporte que a ele lhe foi firmemente dispensado.
“Como sabem, o meu mandato como Presidente da República está prestes a findar e a pessoa que foi eleita como candidata à minha substituição, no partido Frelimo, o camarada Filipe Nyusi, já nos assegurou, por diversas vezes, que irá continuar com a obra e ideais da Frelimo e garantir a continuidade da implementação dos programas que o nosso Governo se propõe a levar a cabo. Ele já deu provas de que vai aprender e ouvir do povo sobre os melhores caminhos a seguir para encurtar a distância que vai tirar os moçambicanos da pobreza, que é onde queremos chegar todos” disse Guebuza perante centenas de populares da Zavala.
Segundo Guebuza, apoiar o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, é seguramente criar condições para que juntamente com o povo, o Governo “possa dar passos mais arrojados rumo ao desenvolvimento do país, porque este momento não é para andar apenas, mas sim para acelerar o passo”.
Num encontro similar realizado na vila-sede do distrito de Mabote, o PR agradeceu igualmente os conselhos e predisposição da população deste ponto do país que “não só apoiou o trabalho do governo como ele próprio mostrou-se muito activo na realização de acções concretas e de âmbito socioeconómico, particularmente, tendentes a eliminar gradualmente a pobreza que ainda flagela grande parte dos moçambicanos”.
Tanto o discurso político assim como os apelos recorrentes do PR para que a população apoie o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, têm tido um nível de receptividade invulgar para quem em alguns círculos de opinião mormente baseados em meios urbanos é considerado “uma figura com cada vez mais níveis de impopularidade”.
É que vários elementos da população têm feito questão de transmitir nas suas mensagens expressões de carinho e de “inteira gratidão” pelas múltiplas obras feitas e/ou em curso ao longo dos dois mandatos em que Guebuza assumiu a condução dos destinos da nação moçambicana.
Alguns populares disseram mesmo, em comícios populares, que à grandeza e nobreza das obras tangíveis realizadas sob direcção de Armando Guebuza está subjacente o cunho pedagógico que cada acção, gesto e palavras suas assumiram, “por isso, para além de construtor, o Presidente Guebuza foi um exímio professor de governação participativa e inclusiva”.
A maior parte das intervenções de populares foram marcadas por repúdio aos focos de violência perpetrados pelos homens armados da Renamo e de reiterados apelos ao Governo para que encontre mecanismos para desarmar as forças residuais do partido liderado por Afonso Dhlakama, ora refugiado algures nas matas de Gorongosa.
O papel determinante dos “ 7 milhões” na dinamização da economia rural e na criação de fontes alternativas de rendimento e emprego, principalmente para os jovens, nos distritos, foi igualmente mencionado como uma das grandes realizações que ficarão registadas nos anais da história como uma das “obras do regime” durante a governação de Guebuza.
Naquilo que ficou por fazer na lista das promessas efectuadas por Guebuza e seu partido Frelimo à população de Inhambane, de um modo geral deu aval ao actual Chefe do Estado para que inscreva tais acções “que achamos que não são muitas” no programa de governação do candidato Filipe Nyusi, a quem a juventude deste ponto do país espera que preste particular atenção a esta camada populacional, sobretudo no que tange à criação de condições para que tenham mais acesso a habitação própria, ensino superior e ao emprego ou auto-emprego.
REFORÇAR INCANSAVELMENTE
A UNIDADE NACIONAL
Num outro momento, o PR afirmou que nem ele e nem qualquer outro moçambicano, digno desse nome, “pode se cansar de falar e praticar acções concretas que contribuam para o fortalecimento da unidade nacional”.
“É preciso que não nos cansemos de falar da unidade de nacional e devemos investir continuamente na promoção da cultura do diálogo e consolidação da paz no nosso país. Estas são as condições básicas que permitem alcançar o bem-estar e o desenvolvimento do nosso país. Portanto, só com estes três factores combinados é que teremos bom ambiente para construirmos mais infra-estruturas públicas, alargar a rede eléctrica, escolar e sanitária. Os moçambicanos é que devem construir o país que querem e esse desiderato alcança-se com muita unidade e diálogo entre os moçambicanos, o que depois ajuda a propiciar um ambiente de paz”, disse Guebuza.
PR atribui “Medalha Bagamoyo” à Timbila
– Trata-se de um reconhecimento da nação moçambicana a esta expressão cultural que já foi proclamada pela UNESCO, em 2005, como património mundial da humanidade
O Governo está preocupado com a ameaça do esgotamento progressivo do mwenje, uma planta nativa, que serve de matéria-prima para o fabrico da Timbila, um instrumento musical tradicional proclamado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Novembro de 2005, como obra-prima do Património Oral e Intangível da Humanidade.
Falando durante a cerimónia de galardoação da timbila com a “ Medalha Bagamoyo”, um dos mais prestigiados títulos honoríficos no país, o Chefe do Estado, Armando Guebuza, deixou três desafios tendo em vista a preservação e maior valorização da timbila.
Segundo Guebuza, o primeiro desafio está relacionado com a protecção dos direitos autorais dos fazedores e executantes da timbila. O segundo prende-se com a necessidade de aprofundamento da pesquisa e maior divulgação das potencialidades incorporadas na timbila, bem assim a dinamização da indústria cultural e artística a ela subjacente.
“O terceiro é o referente à necessidade de contínua reposição dos efectivos de mwenje, no contexto das iniciativas “um líder uma floresta nova” e “um aluno, uma planta por ano”, referiu o PR, para quem a timbila nasceu e cresceu como sendo de Quissico e de Zavala, mas hoje, “graças ao seu valor artístico tentacular, é assumida e reclamada por todos nós, moçambicanos, como nosso património cultural e pelo resto da Humanidade como sua obra”.
“Ao prestarmos esta merecida homenagem à nossa timbila, deixemo-nos banhar na magia desta manifestação emblemática da nossa cultura, hoje e sempre. Com efeito, entrelaçando na sua coreografia a música, a dança, o teatro, a literatura, a escultura e a tecelagem, a timbila apresenta-se com uma das mais emblemáticas expressões da nossa moçambicanidade, contribuindo, ao lado das outras expressões culturais, como fonte da nossa auto-estima para nos dar mais razões para repetirmos, vezes sem conta, que “vale a pena sermos moçambicanos!”pontuou Guebuza.
Reposição DE MWENJE CARECE DE ACçõesEnérgicas
Um dos desafios que se colocam às autoridades dos sectores da cultura e agricultura, particularmente, prende-se com a necessidade de se efectuar um mapeamento desta espécie florestal, de modo a que se tenha “a dimensão da sua ocorrência no país, e, sobretudo, o seu real potencial”. Este conhecimento permitiria a identificação dos passos a seguir, incluindo o estabelecimento de reservas florestais para a protecção do mwenje, mediante o plantio, reflorestamento, entre outras formas de gestão criteriosa desta espécie.
Segundo uma fonte do ARPAC – Instituto de Investigação Sociocultural, ainda não foi realizado um mapeamento no país sobre a ocorrência do mwenje mas há sinais de escassez desta planta nativa.
Este quadro, agrava-se pela intensificação da exploração dos recursos florestais em moldes comerciais, quer pelas comunidades, quer por empresas florestais para a produção de combustível lenhoso (lenha, carvão), “parquets”, de entre outros. Acrescenta-se, igualmente, os desmatamentos e queimadas descontroladas para abertura de machambas e caca, facto que se arrasta desde o período anterior a independência nacional, em 1975, refere fonte do ARPAC.
Como se não bastasse, segundo soube o domingo, outros materiais complementares usados no fabrico da timbila também estão a escassear, tal é o caso da cera de abelha (phulaya fembe) e a borracha natural ( m`bungu) embora “possam ser substituídos por materiais sintéticos que não interferem na sonoridade da timbila, estas perdem a sua peculiaridade e estética , afectando a sua originalidade.”
Ainda de acordo com a fonte do ARPAC, a ameaça à Timbila reflecte-se, igualmente, no campo social, na medida em que as orquestras desta expressão cultural, predominante da etnia Chopi, são maioritariamente compostas por artistas de idade avançada, ou seja, “há cada vez menos jovens a integrarem as orquestras de timbila, o que não garante a transmissão intergeracional dos conhecimentos”.
Entretanto, num breve contacto com a nossa Reportagem, a Directora Provincial da Educação e Cultura na província de Inhambane, Regina Miguel Langa, referiu que estão em curso algumas acções concretas tendentes a travar o esgotamento do mwenje as quais consistem em campanhas de reflorestamento, quer integradas no âmbito do cumprimento da iniciativa presidencial “um líder, uma floresta” assim como de actos isolados de alguns membros das comunidades potencialmente produtoras daquela planta nativa.
Este tipo de programas de reflorestamento está a ter lugar predominantemente no distrito de Zavala. Mas também há experiências similares que estão a ser levadas a cabo em Inharrime, por dois produtores que se dedicam à multiplicação de sementes do mwenje e respectivo plantio em moldes intensivos”, afirmou Regina Langa.
Ainda de acordo com Langa, foi efectuado um estudo, em coordenação com o sector da agricultura, em que se constatou a existência de condições agroclimáticas propícias para acelerar o reflorestamento desta planta nativa e minimizar o risco de “extinção”. “A ideia é abranger mais distritos da província de Inhambane com este tipo de programas de reflorestamento do mwenje.”
José Sixpence