Os líderes das congregações religiosas cristãs sedeadas na cidade de Maputo exortam o povo moçambicano, em geral, e particularmente aos cristãos, a fazer das celebrações da Páscoa, que hoje se assinala em todo mundo, um momento de renúncia ao pecado e de algumas práticas que atentam contra o bem-estar.
No entender do prelado, é necessário que os cristãos e os moçambicanos, de modo geral, abdiquem do egoísmo e viver segundo os mandamentos de Deus, “todos os Homens são iguais ninguém tem o direito de descriminar o outro”
Para assinalar a data, os cristãos têm programado várias actividades de índole religiosas, com destaque para o baptismo de catecúmenos que encerra o “Trido Pascal”, que compreendeu as celebrações da Quinta-feira Santa (missa da Seia do Senhor), celebração da Paixão (Sexta-feira Santa), vigília Pascal (Sábado Santo).
Segundo as sagradas escrituras, as celebrações do Domingo da Páscoa (Domingo da Ressurreição) são o culminar de uma intensa actividade iniciada com a Quaresma, período caracterizado por intensa oração, jejum, abstinência e perdão entre os irmãos.
Em preparação a esta celebração, os cristãos recordaram no pretérito fim-de-semana, através da entoação de cânticos com os ramos de palmeira em punho (procissões) o sofrimento que o filho de Deus passou para salvar a humanidade, após ter instituído a eucaristia na última Ceia, a chamada Quinta-feira Santa.
Importa ainda assinalar que durante a Semana Santa, houve registo de grandes acontecimentos para os que professam a religião cristã, nomeadamente, a missa de lava-pés, na última quinta-feira, que explica o ritual que Jesus Cristo administrou aos seus 12 Apóstolos antes de ser preso.
Ainda fazem parte destes rituais, a celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-Feira Santa, onde se recorda os derradeiros momentos pelos quais Jesus Cristo passou antes da sua morte, o Sábado Santo, normalmente caracterizado pelo baptismo dos catecúmenos, e por fim, o Domingo da Ressurreição ou simplesmente da Páscoa.
E porque hoje é o Domingo da Ressurreição do Senhor, vários são os apelos dos líderes religiosos no sentido de as pessoas abandonarem as más práticas e se converterem para o bem, tendo como objectivo principal, a construção de um Moçambique uno e indivisível.
“Partamos para um convívio fraterno”
– João Carlos Nunes, bispo auxiliar da Arquidiocese de Maputo
Para João Carlos Nunes, bispo auxiliar da Arquidiocese de Maputo, a Páscoa é o momento apropriado para as pessoas abandonar as vicissitudes e partir para um convívio fraterno.
Segundo afirmou, numa alusão ao diálogo político em curso entre o Governo e a Renamo, o mais importante neste momento é que as partes tem que fazer esforços no horizonte do bem-estar de todos os moçambicanos e não de alguns grupos.
No seu entender, ao celebrar a Páscoa, os cristãos devem se recordar de que este acontecimento só terá o verdadeiro sentido se as pessoas pautarem pela partilha, segundo os ensinamentos deixados por Jesus Cristo.
“Recordemos que a alegria de que a Páscoa nos fala só se sente quando partilhamos com Jesus essa mesma plenitude de vida, pois não é uma alegria humana da festa celebrada, mas sim uma alegria espiritual. Isto significa que celebrar a Páscoa é aceitar que é preciso morrer para viver e que o sofrimento, quando vivido com o Senhor Jesus, é uma fonte de superação daquilo que são as nossas fragilidades para tocarmos a verdadeira alegria de Deus”,disse João Carlos.
Acrescentou que nestas celebrações, os cristãos devem se interrogar nos seguintes termos: “estamos a fazer uma passagem? Para onde? Mais ainda: queremos ir mais longe? Ou estamos satisfeitos com o que temos e somos? Tenhamos presente que a passagem vai nos exigir caminharmos e irmos para além de todo o horizonte material, sairmos de tudo o que se confina neste mundo e unidos a Cristo experimentarmos, desde já, a alegria do amor definitivo de Deus que é o Senhor, porque nos comunicou o seu Espírito. Isto é um grande privilégio que Deus nos dá de podermos sentir nesta vida humana do nosso dia-a-dia. “
“Ocasião sublime para abandonar a fúria”
– João Damião Elias, pároco da Igreja Metodista Unida na Malanga
Para João Damião, da Igreja Metodista Unida, Paróquia da Malanga, as celebrações do Domingo da Ressurreição do Senhor devem ser vistas como ocasião sublime para que aqueles que pela sua fúria não conseguem viver em paz possam buscar consigo mesmo este bem precioso.
“Nestas celebrações apelamos a todos os cristãos para que tenham nas suas mentes que a Páscoa transmite uma mensagem de paz, quer dizer, temos que ajudar aqueles que ainda não entenderam o significado da crucificação de Jesus que ele morreu para a nossa salvação. Daí que tenha dito “deixo-vos a minha paz, não olheis aos nossos pecados, mas a fé da vossa igreja e dai a união e a paz, segundo a vossa vontade, vós que sois Deus, com pai na unidade do Espírito Santo””,disse João Damião.
Segundo afirmou, não há motivos para que as pessoas se tratem mal ou se odiar a ponto de partirem para uma guerra: “temos que perceber que se alguém leva uma arma e mata o seu irmão, está tirando a sua própria paz, pois, nunca se vai sentir livre, sabendo que tirou a vida ao seu próximo”.
“Abandonar as atitudes agressivas”
– José Moyane, Igreja do Nazareno
O presidente do Conselho Cristão de Moçambique (CCM) e pastor da Igreja do Nazareno, José Moyane, diz que o Domingo da Páscoa deve ser comemorado com tolerância e amor pelo próximo.
“Para nós, esta celebração representa o amor de Jesus Cristo pela humanidade, gesto que precisa de ser correspondido com acções concretas, pelo que devemos amar o próximo como a nós próprios. Este amor traz tolerância, de tal forma que não devemos ter atitudes agressivas para com os outros”,disse José Moyane, para depois acrescentar:
“Neste domingo, celebramos a ressurreição de Jesus Cristo, o que significa que estamos a adorar a um Jesus ressurrecto que não está na cruz, razão pela qual nas nossas igrejas não termos crucifixo, porque ele já ressurgiu dos mortos e está connosco”.
Aquele pastor exorta ainda os cristãos a fazerem de tudo ao seu alcance no sentido da consolidação da paz: “cada um tem que lutar para que este bem precioso não fuja das suas mãos. E a melhor forma é transportar connosco a paz espiritual que recebemos de Jesus Cristo que nos dá através da fé, fazer dela uma ponte para que atinja as outras pessoas”.
Para aquele pastor, tal como foi Jesus Cristo durante a peregrinação na terra, é preciso que os homens tomem o exemplo por ele deixado como um ensinamento que deve perdurar por muito tempo.
“Temos que conservar a paz, através da fé nas nossas acções e amor ao próximo, isto é, fazer que o amor atinja as outras pessoas para que possamos consolidar a unidade”, concluiu
“Devemos nos reconciliar uns com os outros”
– Pastor Marcelino Mondlane, da Igreja Assembleia de Deus
“Para nós, o Domingo da Páscoa é o momento de reflexão, perdão e muita ponderação, porque com a ressurreição de Cristo fomos salvos. Estas festividades devem servir igualmente para a reconciliação e perdão entre os irmãos, o que significa que temos que transportar a paz para dentro dos nossos corações”,palavras do pastor Marcelino Mondlane, secretário nacional da Igreja Assembleia de Deus, quando instado a se pronunciar sobre as celebrações da Páscoa.
Segundo defendeu, mais do que festejar, é necessário que cada cristão no seu seio familiar desenvolva iniciativas conducentes à harmonia social, reflectir sobre o que é que pode fazer para que o seu próximo viva segundo os mandamentos de Deus. “A Páscoa significa igualmente a reconciliação, um momento de meditação, porque a morte de Jesus nos ensina que temos que aplicar os ensinamentos por ele deixado ao aceitar ser crucificado, para o perdão dos pecados da humanidade”, disse o pastor Marcelino para quem este é o momento certo para o perdão entre os irmãos.
Inhambane recebeu milhares de turistas nas celebrações da Páscoa
Aminosse Moisés
A província de Inhambane, espera arrecadar cerca de 28 milhões de meticais, resultantes das cobranças de taxas de turismo durante as celebrações da presente Páscoa.
Uma parte da receita vai para os cofres do Estado, outra para as comunidades locais e empresas ligadas à actividade turística na província.
Os cálculos feitos pelas autoridades de Turismo em Inhambane indicam que a província terá recebido perto de vinte e um mil turistas neste período.
Do total, 72 por cento são turistas nacionais, na sua maioria provenientes da capital do país, Maputo, e 28 por cento estrangeiros, que, regra geral, vem da vizinha África do Sul.
De acordo com Alfredo King, da Direcção Provincial de Turismo em Inhambane, o movimento turístico registado nesta Páscoa é menor comparativamente ao igual período do ano passado, onde a província acolheu pouco mais de 27 mil turistas. Isto representa um decréscimo na ordem de 23 por cento.
As autoridades de Turismo apontam para o clima de tensão político militar que existe no país desde finais do ano passado, como uma das razões do fraco movimento de turistas, sobretudo estrangeiros.
Alfredo King salientou terem sido criadas condições para acolher os perto de vinte e um mil turistas registados na província nesta Páscoa.
Trata-se de um trabalho iniciado em princípios do ano, onde o sector de Turismo, em coordenação com os operadores do ramo, levaram a cabo uma campanha denominada “BEM SERVIR”que tinha como objectivo garantir melhores serviços aos visitantes.
É uma campanha que além da cidade de Inhambane, abrangeu os distritos de Jangamo, Massinga, Morrumbene, Vilankulo e Inhassoro tidos como pólos turísticos da província.
A província de Inhambane possui sete mil e 300 quartos e quinze mil camas.
Estão disponíveis também casas privadas que acolhem turistas nos vários distritos da província.
Domingos Nhaule
Fotos de Jerónimo Muianga