Aquele que diz uma mentira não calcula o peso que coloca em cima de si, pois terá de inventar uma infinidade delas para sustentar a primeira, avisou Alexandre Pope. E não há verdade mais verdadeira do que esta… sendo que a mentira costuma causar muitos problemas.
Bula bula, fleumático, evita entrar em conflitos de qualquer natureza mas, como sói dizer-se, quem cala, afinal consente… mas desta vez, vamos ao barulho e seja lá o que Deus quiser.
Há muito que Bula bula resiste em participar no debate sobre os chamados partidos políticos armados mas, desta vez, é obrigado a enfiar a foice em seara alheia para dissipar alguns equívocos que têm sido propalados nos meandros políticos (lembrem-se que uma mentira repetida tantas vezes acaba soando a verdadeira).
Pois bem…não raras vezes e sobretudo em momentos eleitorais, onde os nervos fervem, vozes surgem propalarem que a Frelimo e a Renamo são partidos armados. Esta é uma mentira com alguma verdade…
Reza a história, no que concerne à FRELIMO, que passou em 1977 de Frente de Libertação de Moçambique para partido político deixando de ocupar-se de misteres armados. Essa função passou a ser da responsabilidade única e exclusiva do Governo moçambicano e portanto assunto de Estado. Factos são factos!
É verdade que o mesmo não se aplica à Renamo que nunca escondeu que a sua base de sobrevivência residia nos seus homens armados… os mesmos que volta e meia lançam ataques armados contra alvos civis. E não há segredo nenhum: o próprio líder (ora em parte incerta) fez questão de gritar que sabia que os seus homens andavam aos tiros um pouco por todo o lado!
Não se pode confundir a opinião pública com essa ladainha de que as FADM são da Frelimo… até porque, à luz do AGP, as Forças Armadas integraram ex- membros da Renamo… desde o topo até a base.
Se é verdade que em política as vezes vale tudo, já não é tão líquido quando um certo partido galináceo atira sempre com esta farpa aos olhos dos moçambicanos de que a Frelimo e a Renamo são partidos armados. Bolas. Custa tanto apontar o dedo ao verdadeiro criminoso?
A suspeita sempre persegue a consciência culpada o ladrão vê em cada sombra um policial, lá dizia William Shakespear
Bula bulasocorrendo-se da velha máxima segundo a qual a César o que é de César e a Deus o que é de Deus quer recordar que tal partido que profere esse discurso surgiu das desavenças com o chamado pai da democracia que de democrata nada tem pois, desde a fundação do seu partido, que nunca realizou um congressozito ou algo parecido.
Coisa mais alarmante nisso tudo é que vezes sem conta, cada vez que há ataques às populações indefesas e ou infraestruturas económicos tem vindo a terreiro um tal porta-voz que até tem assento no Conselho de Estado a proferir impropérios, quando no Centro de Conferências Joaquim Chissano, o seu compadre tem outro discurso, exigindo a presença de uma força de interposição militar à semelhança do que aconteceu após a assinatura do acordo Geral de Paz em 1992.
Moral da história: quem de facto é um partido armado e usa a força para atingir os seus objectivos, como aconteceu na revisão da legislação eleitoral? Bula bula recomenda os seus amigos e inimigos a olharem como olhos de ver, mas desde já fica a pista de que basta viajar pela região centro sobretudo na serra de Gorongoza para descobrir a verdade.
Chico Buarque, compositor brasileiro, disse uma vez que as pessoas têm medo das mudanças. Ele só tinha medo que as coisas não mudassem. Entre nós, mudanças precisam-se… antes das eleições!