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Mulheres (também) fazem serenata

Por admin

Numa sexta-feira, rotulada de “dia do homem”, diversas mulheres do ramo artístico juntaram-se no palco da sala grande do Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM), num espectáculo onde brilharam e provaram que, sim, “as mulheres fazem serenatas”. E boas. Das melhores.

Vestidas de tom azul e rosa, esplêndidas, poderosas e empoderadas, cada uma munida de sua “arma artística”, deixaram ainda mais alta a temperatura que se fazia sentir na capital do país, com performances de tirar o fôlego. Fizeram o chão vibrar e levaram o público ao delírio exibindo a perfomance vocal e instrumental.

O projecto “Quem disse que as mulheres não podem fazer uma serenata?”, foi iniciado em 2019, inspirado na música “Serenata” do primeiro álbum da banda Kakana, que carrega uma mensagem de empoderamento feminino e inclusão no mundo artístico.

Conforme apurámos, esta foi uma ideia espontânea da vocalista, nas vésperas de um “show” que se tencionava fazer no mês de Março, daí que seu início foi nesse mês, relacionando à comemoração do Dia Internacional da Mulher.

Almeja-se com o projecto “criar um espaço que dá oportunidades às mulheres artistas que estejam no activo, de expressar a sua arte, num palco livre, numa plataforma livre”, diz Yolanda, e acrescenta que “olhei para as artistas que estão na praça, e não só, porque o projecto também busca dar oportunidades àquelas que estão no mercado, mas que ainda não têm o nome muito conhecido”, explica.

O projecto, que vai à sua VII Edição, tem como lema “A Arte Feminina Contra a Opressão” propondo uma reflexão sobre o papel das expressões artísticas na luta pela igualdade e justiça.

A primeira parte do espectáculo iniciou precisamente às 20.00 horas, quando o público, composto não só por mulheres, interpretou temas que tocam directamente a sensibilidade feminina.

A título de exemplo, numa actuação harmónica que cruzou música e poesia, Yolanda Kakana e Ema de Jesus recitaram “Maria Maria” do brasileiro Milton Nascimento, um clássico que exorta as mulheres a continuarem na luta mesmo quando parece ser o fim: “bem ou maldisposta, a luta continua”, declamaram repetidamente.

Na verdade, foi mais uma actuação que levou os espectadores a uma viagem pelos ritmos que ecoavam e invadiam agradavelmente os seus ouvidos na sexta-feira “7”.

E a segunda parte chegou anunciado por gritos de alegria, de um público que esperava por mais. O relógio marcava 21.05 horas. As luzes foram desligadas. O silêncio tomou conta do espaço…. suspense… curiosidade, cochichos e aplausos.

A poetisa Ema De Jesus recitou, desta feita, um poema da sua autoria, ao som da guitarra. Ema exaltava as mulheres, fazia jus ao lema do projecto, “Quando um corpo se ergue dançando, a opressão se faz menos sentida”.

Quem também deixou os espectadores maravilhados foi Iveth Mafundza, rapper que nas suas “barras” transportou os seus fãs à reflexão da mensagem da sua música intitulada “Ser Mãe”. Em uníssono todos cantavam, o ritmo era contagiante.

As mulheres fizeram a festa. “Eu sou rica, todo o artista é rico”, deste modo iniciava a justificação de Orlanda da Conceição que também alegrou a todos com sua voz enquanto cantava “I Am Rich”, música da sua autoria. Orlanda não só cantou, como também demonstrou suas habilidades no contrabaixo e no violoncelo.

Já ao som do chocalho, Katarina Rombe fazia sua performance com a flauta, unindo a melodia destes dois instrumentos. O público rendeu-se ao que via em pé, mergulhou nos passos da marrabenta. Rendeu-se igualmente a Beauty Sitoe que na primeira parte deu “show” com o instrumento tradicional mbira. Na sua apresentação, abrilhantou o público com sua canção “Tinda” que carrega a mensagem de amor, encorajamento e motivação a todas as mulheres.

NEYMA DE JESUS

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