O encontro de trabalho realizado na semana finda, na Cidade do Cabo, que juntou o Presidente da República, Daniel Chapo, e o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, dá indicações de que o delineamento de estratégias que visam promover o desenvolvimento sustentável ultrapassa questões ligadas à economia. A paz e segurança das populações igualmente estiveram na ordem do dia.
Em Genadendal, residência oficial de Ramaphosa, naquele ponto da RAS, o tête-à-tête decorreu com o lado sul-africano declarando que a República de Moçambique é “um parceiro próximo e vizinho imediato da África do Sul”. As informações difundidas através da media local indicavam que a cooperação política estende-se desde o nível bilateral ao regional, continental e global, numa altura em que se estima que “as empresas sul-africanas investiram entre 155 mil milhões e 175 mil milhões de randes, criando mais de 42.000 oportunidades de emprego” e promoveram (as empresas) o comércio e o investimento entre as duas nações.
A África do Sul reconhece que Moçambique é o seu parceiro vital de segurança energética, facto apontado e reforçado pelo Daniel Chapo, em declarações à imprensa moçambicana, na noite de quarta-feira, durante o balanço da visita de trabalho de um dia.
Destacou na ocasião que o país “continua a investir em vários projectos ligados à geração de energia eléctrica. A título de exemplo, neste momento está a ser construída, e num estado bastante avançado, uma central termo-eléctrica em Temane, que vai produzir cerca de 450 MW, e uma linha de transporte de Temane para o Grande Maputo, para reforçar a quantidade e a qualidade de energia eléctrica, mas também o excedente para a exportação para a África do Sul”, aclarou,fazendo referência ao facto de que trabalhos estão a ser executados de forma que, “mesmo ao nível da HCB, haja expansão e reforço de produção de mais energia”. Há também em manga o projecto Mphanda Nkuwa, citou.
O ponto é que, Moçambique – conforme declarou o Presidente da República – pretende continuar a ser uma referência no fornecimento de energia eléctrica na região, onde são registados desafios energéticos, não somente na RAS, mas também em países como o Zimbabwe, Malawi e Zâmbia.
Destaque-se, entretanto, que os dois chefes de Estado uniram-senão só “para continuar a fortalecer os laços entre os nossos dois países”, a nível político, diplomático, entre outros, mas também para abordar questões relativas à segurança, designadamente, a criação de um ambiente propício para as empresas operarem em ambos os países, afirmou Chapo.
EMIGRAÇÃO ILEGAL E SEGURANÇA NO TRABALHO
Uma das questões apresentadas ao Chefe do Estado moçambicano, em contacto com a imprensa moçambicana, tem a ver com o caso dramático registado no North West, África do Sul, em que dezenas de mineiros ilegais, incluindo moçambicanos, perderam a vida, sendo que informações dão conta de que alguns corpos ainda permanecem no local para efeitos de reconhecimento.
A ocorrência – que é relacionada com a imigração ilegal – voltou a merecer destaque, na reunião entre os presidentes de Moçambique e da África do Sul, até porque, “este é um aspecto que preocupa tanto o governo sul-africano como moçambicano. Não só abordámos neste encontro, mas também quando aconteceu”, declarou Chapo e, na sequência, apontou alguns factores por detrás deste tipo de ocorrências. “É, por um lado, imigração ilegal, mas por outro, trabalho ilegal. E não só está a acontecer ao nível da África do Sul, mas também em Moçambique. Na semana em que perdemos estes nossos compatriotas aqui na África do Sul, perdemos também compatriotas em Manica, numa mina também ilegal”.
Garantiu que “é por isso que estamos bastante preocupados com a questão económica e desenvolvimento dos nossos países”, e argumentou: “com a criação de emprego legal, com o desenvolvimento da indústria, agricultura, do turismo, das infra-estruturas, dos recursos minerais e energia… de certeza absoluta que situações como estas vão diminuir ou não vão voltar a acontecer”.