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“Não terás outros deuses diante de mim” (Ex. 20:3). “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento“. (Mt 22:37)
Inspirou-me este texto a cena no mínimo hilariante que assisti na sala de espera duma Clínica: sentadas, duas senhoras, cada uma com o seu bebé, sendo que um dos bebé, dormitava agitando-se de vez em quando, cheio de febres e o outro rebolava no colo materno, acossado também de febres.
A mãe do bebé dormente, manuseava à vontade com as duas mãos no pequeno ecrã do seu Celular, sem ligar patavina a agitação cíclica da criança, ela ora sorria, ora ficava séria consoante o que lia no Celular, enquanto a outra da bebé agitada, com o semblante visivelmente aborrecido, tentando acalmar com uma só mão a irrequieta criança, ora enfiando o mamilo na boca ou no nariz, pois nem prestava a atenção para isso de tanto estar com o olhar e outra mão no seu Celular. Es que, a partir do momento em que o ARQUITECTO DO UNIVERSO, desistiu de conversar olho no olho com oHomem, devido ao crescimento da cobiça e desejo deste suplantá-Lopor outros deuses mais presentes, tipo “Génio”, que satisfaça todos os caprichos dele (Homem), esse desiderato foi crescendo. Na era do Pastor Moisés,quando aquele se demorou alguns dias em retiro no Monte com, o Povo Hebreu decidiu substituí-lo, por um bezerro dourado a partir das argolas de ouro das orelhas das mulheres e das filhas e filhos deles e com o buril do Artesão Arão,fez-lhes um majestoso “brinquedo”, à volta do qual todos se “chafurdavam”, dançando e fornicando entre si, prestando ao ídolo todo o tipo de mesuras exageradas (Salamaleques), naquilo que o ARQUITECTO DO UNIVERSOconsideraria uma afronta contra SI, tendo em conta a dívida que aquele Povo contraíra comELE, a protecção que prestou desde a sua saída da Escravidão do Egipto, fazendo-o atravessar o mar vermelho a pé enxuto, safando-o assim da chacina que era dada como certa pelo Farao. Assim mesmo, o Homem ainda não se sentia realizado com o deus bezerro. Foi por isso que de tentativa em tentativa, muitos milénios foram passando sem atinar respostas às suas cobiças divinas, até que finalmente conseguiu inventar um deusmelhor: a Televisão.Aqui parece que o sonho do Homemmaterializava-se pois canais como National Geografic, Odisseia e muitos outros, traziam quase todas as respostas de que o homem ansiava: entretenimento, conselhos, novos ensinamentos, etc. etc.. Mas, ainda assim, o Homem sentia que faltava alguma coisa para a sua satisfação total. Parece que teria de investir mais na qualidade dos metais caros para a construção do seu “deus zinho”pois, o vidro com tela, fósforo e electrões de cátodo quente, eram baratos. Desdobrou a qualidade dos metais. O novo “deus zinho” tinha de ser sofisticado, caber numa bolsa pequena, e tinha de ser feito de metais raros, entre os quais o Tântaloque combinado com oColomborecebe o nome deColton, resultando daí, o novo Ídolofeito pelas mãos do Homem e que se chamaCELULAR. Este seria o pequeno feitiço, mas, umGénio,que responderia a todo pundonor doHomem. Embora cada aparelho traga uma pequena quantidade desses metais, juntando vários, a soma de matérias preciosos no telefone Celular, é enorme. Agora sim, este é que é o actual deus zinhoque tem resposta para tudo e para todos: crianças, adolescentes, mulheres e homens de todas idades encontram respostas às suas perguntas no Facebook,no Watts Upp,noTwitter, noSonico, noInstagram, nas SMS.. Em tudo o que é lugar, cada pessoa está ocupada a manejar o seu “deus zinho”, o seu bichinho de estimação, o seu Géniocom respostas na ponta do ecrã! Um Empresário bem-sucedido, um Médico, um Engenheiro um Professor, um Condutor de Veículos um aluno ou Estudante, um Padre ou Pastor, pode esquecer tudo quando sai de casa, menos o seu Celular! Embora reconheça que estamos na era da tecnologia avançada, penso no entanto que estamos a exagerar na dose, pois mesmo entre amigos, entre namorados, já não há conversa como dantes, nem há tempo para contemplar outras maravilhas da mãe natureza como a beleza das flores, a cor das nuvens, um pôr-do-sol no horizonte, o canto das aves, o movimento das pessoas no seu andamento etc.etc. Desta febre ninguém escapa. Todos estamos viciados.
Em qualquer momento do dia, não conseguimos deixar de lado o objeto de nossa dependência, o nosso deus zinho, o nosso bezerro dourado. Dormimos agarrados ao nosso querido “deus zinho”, acordamos com ele, até para a casa de banho o levamos,e, se, alguém por distraçãoao sair decasaesquece o seu “deus zinho”de estimação, voltaa correr como se tivesse se lembrado de que a casa ficaria a arder. Somos incapazes de ficar mais de um minuto sem olharmospara ele. É através dele que entramos em contacto com o mundo, com os amigos, com o trabalho. Sabemos da vida de todos e informamos a todos o que acontece por meio dele.Em qualquer situação, as pessoas param, olham a tela docelular, dedilham uma mensagem, enquanto conversam,enquanto namoram, enquanto participam de uma reunião,e– pior de tudo – até mesmo enquanto conduzem em alta velocidade.Esquecemos que o verdadeiro Arquitecto do Universo, é zeloso, pois visita a maldade dos pais e dos filhos até terceira e quarta geração dos que lhe aborrecem. Vem um dia em que…sóELEsabe.