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HÁ OS QUE EM MOÇAMBIQUE SÃO PELA TESE DE QUE ‘’INIMIGO DO MEU INIMIGO É MEU AMIGO’’ (2)

Por admin

“As duas primeiras eleições parlamentares realizadas no final da década de 1990, são reveladoras. Armando Guebuza como chefe da bancada ligada à Frelimo no parlamento, foi capaz de a transformar  numa oposição à própria Frelimo em relação ao governo do Presidente Joaquim Chissano.

 Mas a Renamo nunca foi capaz de utilizar o parlamento como uma plataforma para se apresentar como uma oposição com idéias alternativas e políticas”, vinca Hanlon.
 
“Finalmente, diz ele, Dhlakama provou ser um mau negociador, persistindo em fazer exigências maximizadas e recursos a boicotes em vez de negociar como sua principal tática. Em 2000, ele negou uma oferta para que participasse na nomeação dos governadores das provinciais em que ele e o seu partido haviam ganho nas eleições de 1999, o que o teria dado uma oportunidade de aumentar de forma significativa o seu prestígio político; mas ele rejeitou isso, exigindo mais e mais, e no final, recebendo nada”.
Joseph Hanolon  prossegue, abordando já a questão das negociações em torno do Pacote eleitoral, em que uma vez mais Dhlakama voltou a provar que é um pésssimo negociador.
“Da mesma forma, na redacção da lei nova eleitoral… a liderança da Renamo não aproveitou as oportunidades para fazer alterações à lei eleitoral que teriam sido concebidas pela Renamo”, tendo pautando pela tese dos ganhos máximos, como quando exige a chamada paridade na Comissão Nacional de Eleições, em que a oposição teria 10 dos 14 membros que a constituem, o que obviamente foi recusado pela Frelimo, porque é contra o que está regimentado pelo Parlamento. Mas já o partido MDM aceitou ser minoria nessa Comissão.
HANLON DIZ QUE RENAMO RECORRE À FORÇA DAS ARMAS PORQUE SABE QUE JA PERDEU A FORÇA DA RAZÃO
Na sua análise tão realística como é tipo deste conceituado jornalista e académico britânico, deixa muito claro tanto para os que são pro como contra a Renamo, que Dhlakama e seus acólitos ja têm consciência de que perderam boa parte dos que os apoiavam, e que é por isso que agora opta por recorrer de novo à força das armas, face à perca da força da razão.
Ele mostra essa perca da força da razão, apontando como prova o facto de ter tido nas eleições de 1994 e 1999, cerca e mais de 2 milhões de votos, respectivamente, mas que nas de 2004 e principalmente nas de 2009, o apoio a Dhlakama ter se limitado nestas últimas a 650.000 pessoas que votaram por ele. De facto, a Renamo teve em 1994, 112 deputados, contra 129 da Frelimo, e nas de 1999, teve 117 contra 133 da Frelimo, mas já nas de 2004, teve apenas 90 deputados, e mesmo assim, teve de se coligar a mais partidos, e nas de 2009, teve apenas 51 deputados.
Hanlon aponta a retirada de Dhlakama de Maputo para Nampula e, em seguida, para as matas de Santundjira, como tendo acentuado ainda mais a sua quase invisíbilidade e, consequentemente, o seu esquecimento pelos que o apoivam ainda.
“Dhlakama é um bom estratega militar, e vários dos ataques que foi levando a cabo nos últimos meses (deste ano) foram bem planeados e eficazes. Mas ele é mau na táctica, porque não tem nenhuma visão clara do que ele espera conseguir, e se limitou a apresentar uma lista de demandas maximizadas”, vinca Hanlon.
Este académico diz que Dhlakama irá perder de novo esta guerra que recomeçou, porque desta vez está numa situacao péssima, dado que está sem os apoios que tinha quando moveu a de 16 anos que culminou com o acordo de Roma em 1992, porque nessa altura, era massivamente apoiado pelo então regime do apartheid da África do Sul, e de forma indirecta, pelo Ocidente que via a Frelimo como um agente e aliado dos então regimes comunistas.


HANLON APONTA O DINHEIRO COMO RAZAO DA PRESENTE GUERRA DE DHLAKAMA


Hanlon cita o então representante da ONU em Moçambique entre 1993-1994, Dr Aldo Ajello,  como tendo reiterado que o que põe Dhlakama em exigências descabidas, é que ele quer mais e mais dinheiro. Diz que Ajello “sempre salientou que a Renamo estava mais interessada em dinheiro do que pelo poder político, e que para ganhar a sua adesao à paz e harmonia, foi se lhe dando esse dinheiro e grandes casas em Maputo, ao mesmo tempo que se lhe permitia que os seus membros que viviam em hotéis, fizessem gastos à sua vontade ou na medida dos seus caprichos”.
“E a actual disputa tem no dinheiro a sua base”, remata Hanlon, dizendo que alguns dirigentes da Renamo têm dito em surdina que invejam o poder monetário e as grandes casas de alguns dos políticos da Frelimo, revela Hanlon, como que a secundar uma outra revelação de Alex Vain, um outro académico britânico também e de renome, de que mesmo para ir a Roma assinar o acordo de paz  foi após ser pago pelo agora falecido milionário britânico Tiny Rawlands. 
Há também muita gente que defende que mesmo os que não sendo da Renamo, apoiam também este belicismo contra a Frelimo, na sua maioria são também movidos pela percepção de que os frelimos comem sozinhos, ou seja, são movidos pela inveja que nutrem deles.
Os que defendem esta tese adiantam que tais pessoas deixam cair a sua máscara de inveja, quando usam os termos “camaradas” e “frelimistas” em tom pejorativo como se tivessem feito tanto mal ao País, e em contra-partida, revelando muita simpatia pela Renamo que na verdade nunca fez nada de vulto e útil para Moçambique, senão ter sido um instrumento de guerra do apartheid e de Ian Smith.

 

HÁ OS QUE EM MOÇAMBIQUE SÃO PELA TESE

DE QUE ‘’INIMIGO DO MEU INIMIGO É MEU AMIGO’’ (3)


Gustavo Mavie, da AIM

gustavomavie@gmail.com

 


PARA QUE SE VEJA QUEM É O CAUSADOR DA TENSÃO E DOS CONFRONTOS MILITARES, AQUI APRESENTO O CRONOGRAMA DOS SEUS ANTECEDENTES QUE COMPILEI DOS ARQUIVOS
 
1 de Fevereiro de 2013 – A Renamo, através do seu Delegado político em Manica, Sofrimento Matequenha, reiteira que militantes da Renamo não irão apenas boicotar as eleições municipais e gerais, como não permitirão que sejam relizadas em todo o País.
20 de Fevereiro de 2013- Governo reitera, no término de mais um Conselho de Ministros, que as eleicões terão lugar nas datas já anunciadas, apesar do boicote e das repetidas ameaças da Renamo.
13 de Março de 2013 – A Chefe da Bancada da Frelimo, Margaret Talapa, reafirma também que as eleições terão lugar nas datas já indicadas, independentemente das ameaças da Renamo.
19 de Março de 2013 – Outro dirigente da Renamo, desta vez seu Delegado  em Nacala, e que responde pelo nome de Benjamim Cortes, reiteira também que o seu partido não só boicotará as eleições, como não permitirá que se realizem, numa entrevista ao Wamphula Fax, que se publica na cidade de Nampula.
20 de Marco de 2013 – A Renamo boicota a Comissão Ad-Hoc que iria seleccionar os membros que iriam constituir a nova Comissão Nacional de Eleições, deixando a Frelimo e o MDM, um novo partido fundado pelo antigo membro da Renamo, Daves Simango, a deliberar  sozinhos.
25 de Março de 2913 – A Renamo ordena os seus membros a não se recencearem para as proximas eleições municipais de 20 de Novembro , segundo o jornal O País que se publica em Maputo, citando o chefe da mobilizacao da Perdiz na Beira, Horácio Calavete, tendo vincado que o que “estamos a dizer é que não só iremos boicotá-las, como os nossos membros não devem se registar, ao mesmo tempo que faremos tudo para que não tenham lugar sequer”.
30 de Março de 2013 –  O Secretário-Geral da Renamo, Manuel Bissopo, profere um discurso bastante belicioso, através duma entrevista ao Wampula Fax, e que depois foi ecoada pelo porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, à Lusa a 2 de Abril  seguinte, com ambos vincando que estavam a afinar  a sua maquinaria para acabar com o que descreveram como “arrogância do governo”. Eles vincaram que a Renamo estava a afinar a sua maquinaria para inviabilizar as eleições.
18 de Abril de 2013 – Guebuza repudia ataques da Renamo, mais concretamente ao que foi protagonizado contra o Paiol de Savane, em que foram mortos seis soldados que a guarneciam e apelando a razao da lideranca da Renamo.
19 de Junho de 2013 – O Brigadeiro da Renamo, Jerónimo Malagueta, proclama em Maputo que as forças armadas da Renamo irão interditar a circulação de viaturas e pessoas no centro de Moçambique.
21 de Junho – A Renamo ataca de facto um camião e um autocarro em Muxungue, como prova de que o que Malagueta disse não era para o inglês ouvir.
21 de Junho de 2013 – Malagueta é preso e encacerado na cadeia por incitamento a guerra e ameaça à paz no País.
12 Outubro de 2013 – Renamo ataca um posto de polícia em Samacueza, estação de caminhos-de-ferro, no distrito de Muanza em Sofala, não muito longe de Savane onde a mesma Renamo matou soldados em Junho, ou seja, cinco meses antes do assalto a 21 de Outubro corrente à base em que Dhlakama vivia em Santungira que agora está sendo apontada como prova do belicismo do Governo de Guebuza.
16 – 19 Outubro de 2013 – Uma unidade de polícias e do exército cerca Santundjira e cortam o acesso à base em que vivia Dhlakama. Pelo menos 3 confrontos entre os homens armados  da Renamo e do exército e da polícia de choque, causando a morte de pelo menos 2 membros da Renamo. Neste mesmo período a Renamo celebra em Santundjira os 34 anos do primeiro comandante da Renamo, André Matsangaissa, morto a 17 de Outubro.
21 Outubro de 2013 – Base de Santundjira foi invadida pelo exército e polícia de choque. Dhlakama, Bissopo e outros fogem. A Renamo diz que Armindo Milaco foi morto durante o assalto.
 
22 Outubro de 2013- Renamo retalia e ataca e ocupação a sua antiga base de Maringue que serviu de  seu Quartel-General entre1982-92 guerra. Há uma fuga em massa das pessoas que lá vivem.
24 Outubro de 2013 –  Dhlakama dado como estando em lugar incerto e tendo perdido o controlo dos seus ex-guerrilheiros, conforme o seu porta-voz parlamentar, Arnaldo Chalaua, em entrevista ao semanario @Verdade.
26 Outubro de 2013 – Novo ataque da Renamo na estarada Nacional  N1, em que causa um morto e 10 feridos.


A SENTENÇA DOS FACTOS SAO DE QUE O ÚNICO RESPONSÁVEL PELO EXPECTRO DA GUERRA É MESMO A RENAMO

Como estes dados o mostram, o único causador da tensão política e do expectro da guerra que prevalece em Moçambique, é a Renamo e não Guebuza ou a Frelimo a quem a liderança da Perdiz acusa de estar num casamento diabólico com o MDM.
Negar esta culpa a Renamo, e atriubui-la à Frelimo ou a Guebuza,é ser mau juiz, e seria o mesmo que dizer que os aliados é que foram responsaveis pela III Guerra Mundial, só porque retaliaram aos ataques nao provocados de Hitler.
 Os agredidos têm todo o direito à legitima defesa  como bem o diz o Presidente Guebuza, mesmo para um cidadão comum sem armas de fogo, muito mais para quem tenha armas como é o caso do exército moçambicano que vinha sendo dizimado há meses, com Dhlaklama vangloriando-se que estavam “a matar os piriquitos” que agora o sacudiram de Santundjira que de santuário nao tinha nada.  Ja era tempo do exército moçambicano dizer “basta, o suficiente é suficiente”.
Para os que são contra este contra-ataque das FADM, eu compreendo a sua mágoa, porque Balzac disse ha muito que “o s interesses se sobrepoem aos sentimentos”. O seu interesse em ver a Frelimo ser destronada do poder os faz com que não sintam a matança dos civis, polícias e soldados pela Renamo, porque sendo esta inimiga de quem é seu inimigo também, acabam encarando a perdiz como sendo seu amigo e mais do que isso, seu aliado estratégico. É uma aliança que se funda no interesse comum que é derrubar a Frelimo do poder. Tem a sua lógica se bem que peca por recorrer a métodos não só ilícitos como pior que isso, a todas as luzes criminosos.

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