Serão conhecidos hoje os vencedores da 9ª edição do Concurso de Tradução Literária, organizado pela editora Trinta Zero Nove, cujo objectivo é promover a tradução literária, estimulando potenciais e tradutores principiantes do país.
Segundo a organização, os concorrentes foram desafiados a traduzir contos da obra “Metáfora Dissipada”, de Salha Obeide, jovem escritora dos Emirados Árabes Unidos, que está de visita a Moçambique para participar numa cerimónia que terá lugar no Centro Cultural Franco-Moçambicano, na capital do país.
Sandra Tamele, fundadora da Trinta Zero Nove, detalhou que o anúncio dos vencedores do consurso é acompanhado do lançamento da colectânea contendo os contos traduzidos, com uma tiragem de mil exemplares, sendo que a obra está igualmente disponível em audiolivro nas plataformas digitais.
Já, Salha Obeide, que está em Moçambique, disse ao ao nosso jornal que da tradução feita aos seus contos, o seu desejo é que o leitor encontre similaridades entre a sua realidade e as estórias contadas no livro, referindo que a literatura é um instrumento importante para o mundo árabe alcançar novos povos.
“Penso que o que precisamos agora é de mais traduções, e isso vai criar laços entre as comunidades de Moçambique e dos Emirados Árabeses. Através de literatura e visitas podemos criar mais conexões entre os dois povos”, destacou a escritora.
Antes de vir a Moçambique, Salha Obeide buscou no seu país obras literárias moçambicanas traduzidas para a sua língua, entretanto, encontrou pouquíssimas referências. Por isso defende a criação de programas específicos de intercâmbio literário entre os dois países, que acredita terem a similaridade de não possuírem uma tradição de leitura.
“Precisamos de mais traduções e não esperar que um escritor africano vença um Nobel da Literatura para que seja traduzido na Inglaterra e Estados Unidos e, por essa via, passe a ser conhecido pelo mundo”, defendeu, acrescentando que Moçambique precisa aproveitar as novas tecnologias para divulgar mais a sua literatura e criar o gosto pela leitura.
“Gosto de teatro e gostaria de ver minha obra adaptada para teatro. Sinto que mesmo noutros pontos do mundo se está a perder de vista a importância do teatro e da forma como pode impactar a pessoa que busca interagir com a literatura”, concluiu.