Tem crescido exponencialmente na opinião pública uma preocupação sobre a sucessão na Frelimo, nomeadamente no que diz respeito ao cargo do presidente do Partido, e automaticamente concorrente às eleições presidenciais de 2014.
Aliás, esta preocupação começou antes da eleição dos três pré-candidatos, se nos lembrarmos que os doutos analistas, infalíveis nas suas análises, já previam que Guebuza não quereria sair da presidência do país, ou, se saísse, ele ficaria como presidente da Frelimo,e dali estaria com um joystick a controlar todos os passos do futuro presidente da República.
Actualmente esta tese está a cair como caju maduro, aliás podre, porque de verdade não tinha nada, e o objectivo específico desta teoria, que era o de influenciar o funcionamento interno do partido, não logrou sucesso, tendo o partido, com base nas suas normas e órgãos internos, elegido três pré-candidatos para o cargo do presidente do partido.
Logo, e inequivocamente, a teoria de um Guebuza eterno no poder caiu por si, e os que a abraçavam e a esculpiam diariamente deixaram-na no chão, e pegaram nos três pré-candidatos como sua obra preferida, introduzindo uma nova teoria.
A Frelimo é um dos poucos partidos mais organizados do mundo, onde seus órgãos funcionam normalmente e as suas normas são implementadas para se consumar os vários processos que fazem parte da dinámica e crescimento deste partido.
O que acontece, e que muitos que tem preguiça de pensar não conseguem notar, é que a Frelimo é uma organização, e como tal tem as suas normas que lhe regem, e é através destas normas que toda a sua máquina funciona.
Aliás, se formos pela comparação, a Frelimo é o único partido bem organizado, onde os seus órgãos funcionam normalmente, e os processos são realizados de uma forma períodica, e os resultados são tirados para o consumo público, diferentemente dos outros partidos que parecem mais uma propriedade privada, e que, com a benesse da opinião pública, vão se transformando em organizações feudais e a caminharem totalmente fora das suas próprias regras.
Tomemos como exemplo a eleição dos três pré-candidatos, e a quantidade de opiniões (note-se, dos não membros, e até de adversários convictos), que chovem, dando dicas e lançando preferências pessoais dentro do partido.
A eleição aconteceu dentro de órgão soberano para fazê-lo, mas os preocupados transformaram-se de dia para noite em experts sobre os Estatutos do partidos, chegando a sumplantar os próprios membros fundadores sobre a interpretação das normas que os mesmos adoptaram, como se estivessem a ensinar o pai nosso ao padre.
O que intriga neste interesse repentino pelos processos internos da Frelimo, é o facto de se virar para alguém que fez o seu TPC, e se esquecer dos que ainda não fizeram nada igual. Pega-se neste perfeito para lançar opiniões adjectivadas, ao invés de aconselhar aos que nada fizeram, para seguirem este exemplo de democracia interna que sempre vem do mesmo partido.
A Frelimo, como disse, tem as suas normas, e os seus membros fazem estudos das mesmas de modo a que a sua implementação seja clara, e são estes membros que implementam estas regras e as transforma em actos que depois são comunicados para fora, não como propostas, mas como actos decididos, transitados da discussão interna.
As opiniões que vem depois disso, não passam mesmo de opiniões que não são vinculativas para as decisões internas do partido, uma vez que este processo de discussão/decisão, somente é feita uma vez para cada matéria. Toda a discussão subsequente não tem nenhum valor vinculativo para as decisões internas do partido.
A questão que se coloca é: porquê é que muita gente está tão preocupada com a “saúde” da Frelimo assim de repente? Porquê estas pessoas estão mandando dicas sabendo que os processos que se discute já estão decididos e sobre eles não há mais nada a fazer, uma vez que houve soberania na tomada dessas decisões?
Porque se exige transparência das opções da Frelimo como se este fosse o único partido em Moçambique? Quer dizer que a Frelimo é que deve SEMPRE estar sob suspeição de transparência e os outros é que devem NÃO ser transparentes? Porquê se exige transparência em processos realizados pelos órgão competentes, sazonais e legais de um partido, e não se exige a realização (pelo menos) de processos idênticos para os órgãos doutros partidos?
Na verdade, porquê esta parcialidade de análise das opções/processos partidários e não uma visão global dos mesmos? Será porque todos gostamos da Frelimo? Será que na verdade a Frelimo não tem adevrsário à altura que mereça ser discutido, e ela é que se preocupa em fazer crescer os outros partidos para um patamar de democracia interna como a sua?
Ora, entendo que esta preocupação não é porque a Frelimo está a se enfraquecer com os resultados dos seus processos, mas sim porque está a ficar forte, e nenhum adversário político da Frelimo sente-se à vontade com os resultados dos processos internos deste partido.
O facto de os órgãos do partido funcionarem normalmente, é uma derrota para os seus adversários políticos, e isso deve ser combatido! O facto de os processos realizados por esses órgãos tirarem resultados públicos, é outra derrota para os adversários políticos da Frelimo, por isso estes resultados devem ser combatidos.
Mesmo se os pré-candidatos fossem diferentes destes que conhecemos, haveria sempre este pseudo debate de súbito smaratinismo para “salvar” a Frelimo dos seus próprios processos, porque o que interessa na verdade é somente desestabilizar este partido para tirar ganhos políticos.
O que se quer é destruir os órgãos, os processos e os resultados desses processos, demontrando com, depois, que a Frelimo é fraca, e não tem consistência nas suas decisões! Mas esses samaritanos sabem que a Frelimo é firme e decidida, e que não haverá nenhuma outra decisão individual que possa contriar os desígnios tomados colegialmente!
Os três pré-candidatos são os eleitos pela Comissão Política, e quem for a ser eleito pelo Comité Central, terá todo o apoio da forte máquina deste partido, o que assusta os samaritanos e os faz ter este interesse repentino em “ajudar” o partido.
A tentativa de enfraquecer os três é tão puxada que ultimamente já não há outro debate, mas somente os três pré-candidatos da Frelimo, numa pré-campanha desesperada e concertada, que os assuntos que se defendia antes deixaram de fazer sentido de repente!
Porém, deve ficar assente que as decisões tomadas pelos órgãos do partido são vinculativos para os seus membros, e os resultados são vinculativos para os não membros, uma vez que um órgão soberano do partido tomou, em instância própria, esta decisão legítima.
O resto não passa disso mesmo: resto!
Américo Matavele