Dor e desolação marcaram a cerimónia ecuménica realizada quarta-feira última pelo Governo, no Pavilhão de Maxaquene, em memória das 33 vítimas do acidente aéreo ocorrido no passado dia 29 de Novembro no voo TM470 das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) com destino a Luanda. As famílias aguardam, ainda, pela chegada dos corpos dos seus ente-queridos.
O culto ecuménico visava consolar e prestar solidariedade às famílias enlutadas e foi marcado pela presença de diferentes congregações religiosas, que dirigiram conjuntamente a missa e pela participação da sociedade civil, do corpo diplomático e do Governo.
Falando em nome das famílias enlutadas Arsénio Alberto referiu que se sentiam confortados com os gestos de solidariedade dos moçambicanos, de uma forma geral, das confissões religiosas, em particular, e de diferentes outras individualidades, do Governo e da empresa LAM.
Na ocasião, fez referência ao apoio emocional e aos esforços feitos para os manter actualizados sobre os passos que estão a ser dados relativamente ao tratamento dos restos mortais dos seus entes queridos e ao trabalho em curso visando a transladação dos mesmos.
Porém, declarou que “sob o ponto de vista tradicional e emocional, a dor permanece, enquanto não se receber os restos mortais e se realizar as respectivas cerimónias fúnebres”. Até porque “com o passar do tempo, somos emocionalmente consumidos pela ansiedade e esperança, embora compreendamos a natureza do acidente e os esforços que estão a se feitos”, disse.
Na ocasião, o Presidente da República, Armando Guebuza transmitiu palavras de consolo e amparo às famílias enlutadas, nacionais e estrangeiras, tendo reconhecido ser um momento difícil e inconsolável.
(…)Há emoções que as palavras não conseguem transmitir na íntegra(…)Convergimos para este local para que, juntos, tentemos nos esquecer, por momentos, da tristeza que é causada pela consciência de deixar de contar com a amizade, o sorriso e o carinho desses nossos ente queridos”, disse Guebuza.
Na ocasião o Presidente da República disse que Governo está a acompanhar todo o processo desde o seu início eencarou esta perda como uma verdadeira tragédia nacional.“Os ministros e vice-ministros desdobraram-se em visitas às famílias afectadas levando com eles a solidariedade de todo o nosso povo”, e, segundo referiu, era desejo do Governo que a homenagem aos perecidos naquele acidente aéreo fosse realizado na presença dos seus restos mortais.
Entretanto, relativamente à chegada dos restos mortais das vítimas do acidente que ocorreu em território namibiano, o Chefe do Estado disse que este processo poderá levar mais algumas semanas até à conclusão de todo o exercício, incluindo a respectiva validação pelas instâncias judiciárias da Namíbia.
Sublinhou que osdanos causados requerem um delicado, sensível e paciente processo de identificação, usando técnicas e procedimentos que acarretam a presença de cientistas e especialistas na matéria. Um processo que segundo o Presidente há-de ser, necessariamente, demorado.
Todavia, o Presidente do Conselho de Administração da LAM, Carlos Jeque, afirmou que a empresa tem consciência do desgaste que este período de espera está a provocar no seio das famílias e, garantiu que o processo de identificação dos corpos já está a decorrer.
O evento reuniu centenas de pessoas que para ali acorreram para confortar as famílias. Estiveram presentes diferentes congregações religiosa, nomeadamente, católica, protestantes, evangélicas, hindu e muçulmana. Para além de orações, a cerimónia foi abrilhantada pela presença de diferentes grupos corais como o da Igreja Presbiteriana, Igreja Universal e o grupo coral do Conselho Municipal.
Luísa Jorge
Fotos de Inácio Pereira