Muito recentemente tivemos eleições autárquicas cujos resultados surpreenderam tudo e todos. O MDM foi premiado com uma votação fora das expectativas populares e das cogitações do próprio Partido.
Mais, o MDM foi apanhado de surpresa pela vaga de apoiantes que aparentemente emigraram do Partido onde se arvoraram de fundadores e foram se juntar ao filho daquele que com os seus próprios actos destituíram e fuzilaram.
A confusão que se instalou no seio do MDM pelo facto de Venancito e Ronguane
deterem já o maior universo de eleitores e seguidores mais do que o próprio fundador do Partido e Presidente, faz antever que a breve trecho, vão ocorrer transformações no seio dos órgãos do Partido para acomodar estas novas figuras.
Ademais, o estilo Pop Star e irreverente de Venancito, próprio de um menino mimado, faz igualmente antever que a juventude em Sofala vai certamente optar pelo candidato da capital para fazer face à FRELIMO.
Olhando para todos estes pontos com olhos de ver, podemos ser conduzidos à conclusão de que, efectivamente, o MDM trabalhou, organizou para conseguir aqueles resultados. Quem assim pensa, engana-se, pois, o MDM, pesa embora
tenha registado um crescimento assinalável, os membros que aparentemente emigraram do Partido FRELIMO para dar o seu voto ao MDM, fizeram-no industriados e manipulados pelos detractores do Partido FRELIMO, que não tendo
diferenças ideológicas com este Partido, nem com os seus Estatutos e Programa pois, não só por eles foram devidamente sufragados, como também beneficiaram da sua assinalável participação presencial.
Corroboram esta minha asserção os discursos feitos aquando da tomada de posse
do Presidente Guebuza, onde de boca cheia e directo para as câmaras de televisão, Marcelino dos Santos, disse e nós citamos: Este é o único governo do Povo.
Jorge Rebelo, entre outros, viria dar opiniões similares diferindo apenas no enfoque.
Muito recentemente, no 10 Congresso da FRELIMO, Rebelo, afirmou que graças ao Presidente Guebuza, a RENAMO não estava a governar o País, isto para não citar outros tantos elogios. Infelizmente, este rosário de elogios, viria terminar na data da votação para os órgãos do Partido, onde Jorge Rebelo e outros, foram afastados dos órgãos onde se encontravam ancorados desde a fundação do Partido e habituados a influenciar decisões do País e manipular a mente dos então apelidados ingénuos do Partido. É isto e só isto que criou a onda de insurgência não só contra Guebuza, mas também contra o seu Governo.
Durante o primado desses senhores, e como muito bem retratou Silvestre Nungu,
nunca foi planeada ou pensada a discussão de ideias.
A intolerância era a palavra de ordem e onde só e só eles discutiam as ideias entre
si e manipuladamente, socializavam-nas.
Por isso é que não havia Partidos políticos e os que tentaram criá- los ainda hoje
são chamados de reaccionários e os cânticos que falam deles, ainda hoje podem
ser repetidos.
Não conformados com o facto de as bases da FRELIMO terem decidido o seu afastamento dos órgãos do Partido por via do voto, entraram num jogo, não só de calúnias e insultos, como de manipulações de toda a ordem, fazendo acreditar aos menos atentos que no seio da FRELIMO existe uma crise que se reflecte em todo o País, incutindo aos jovens a ideia de se rebelarem contra os seus próprios país que com carinho e esperança lhes criaram.
Quantos e quantos Combatentes da Luta de Libertação que desde o início da Luta
estiveram sempre na linha do combate, de arma em punho para desalojar os colonos deste nosso Moçambique, que morreram sem ter assumido nenhuma posição a mais simples que seja, no mais simples órgão do Partido ou do Estado?
Quantos desses Combatentes, que tendo assumido posições, mesmo de destaque, tanto no Partido como no Governo humilhadamente foram afastados a mando desses senhores, e todavia nunca ninguém apareceu para falar de crise no seio do Partido ou do Governo, ou então a falar do racismo?
É porque tratava-se de Namakwa, de Sixpence ou então do Cossa (os apelidos aqui mencionados, não têm nada a ver com a realidade, qualquer coincidência é pura coincidência)?
E porque é que quando um Congresso, da forma mais democrática, e na
expressão da vontade das bases do Partido, através do voto, decide afastar certo
número de pessoas, tão membros do Partido como qualquer um, surgem vozes que não só manifestam revolta, como também desencadeiam uma onda de insubordinações?
Infelizmente, tal como ontem meus irmãos, alguns de nós fomos usados e continuaremos a ser usados para batalhas que não são nossas, quando muito são mesmo, contra nós, até ao dia em que, todos, e cada um de nós assumirmos a inabalável convicção de que, os meus problemas contigo ou entre nós, podemos juntos resolver na Missa de um familiar ou amigo ou noutro local onde varįàvelmente nos juntamos pelo chamamento da cultura que nos une. Nenhum de nós tem mágoas com a FRELIMO entanto que tal, mas acredito que
muitos de nós temos mágoas bem profundas com algumas pessoas que durante
longos anos, usando a FRELIMO como coisa sua, mataram e maltraram-nos a
seu bel-prazer e quando hoje são chamados a espiar as suas almas, fazem tudo
para arrastar com muitos de nós como verdadeiros cachorros, através de aliciamentos baratos e subversivos.
Alguns de nós, nas eleições recentes, com a nossa abstenção, não participação
ou mesmo voto contra, julgamos ter penalizado a FRELIMO, mas quero acreditar
que os que assim o fizeram, penalizaram a si mesmos e a este País que é nosso.
Os insultos, as difamações contra Guebuza e sua família na verdade não são difamações contra Guebuza e sua família, são difamações contra todos nós, contra
a FRELIMO, essa FRELIMO que se diz que tem que ser corrida do Poder.
Dizia alguém no seu artigo no jornal Domingo passado, que alguns sectores do
Ocidente, tudo fizeram e tudo farão para ver Partidos como MPLA, ANC, ZANU-FP e FRELIMO fora do Governo, pura e simplesmente porque ao lutarem pela Independência dos seus Países, fizeram-no para libertar os seus povos do jugo estrangeiro, para em paz e em liberdade, decidirem sobre o seu destino, posições que em nada vão de encontro aos desígnios daqueles que sempre se consideraram donos do Mundo.
Vemos hoje esta conjugação de esforços entre as forças hostis internas e externas, todas num sentido: ver a FRELIMO fora do Poder. A FRELIMO precisa de um Partido de oposição forte, um Partido com uma face verdadeiramente moçambicana, e que numa competição verdadeiramente democrática, nos seus programas e projectos de governação cada um convença a este Povo
como melhor alternativa, nos caminhos em busca do melhoramento constante
da sua vida.
O MDM que naturalmente poderá ter tudo para crescer e se desenvolver, se pretender vir a ser uma alternativa para este País, mais do que a FRELIMO, pelos resultados "retumbantes" alcançados nestas eleições, deve fazer um verdadeiro exame de consciência sobre se correr com os seus próprios pés e correr com pernas emprestadas ou impostas, como queira, o que é que lhe reserva melhor futuro.
Que se cuide com os que piscam à esquerda e viram para a direita, pois, depois da sedução, o passo a seguir pode ser o abandono.
XIYAHIMASSIKU