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OS JOGOS DA CIDADE-LUZ: O primeiro tango de Tebogo

Por Jornal domingo

TEXTO DE ALMIRO SANTOS

Na concorrida sala de embarque do Aeroporto Charles de Gaulle, um jovem de 21 anos sacode energicamente a cabeça numa negativa. Ninguém parece conseguir demover o passageiro teimoso, que veste um fato de treino azul-claro e leva às costas uma pequena mochila onde tudo parece caber, até o mais audacioso dos sonhos: uma medalha olímpica!

Na verdade, o jovem que ali se encontra a discordar de uma proposta qualquer é, nada mais nada menos, que o tswana Letsile Tebogo, acabado de conquistar a medalha de ouro na prova dos 200 metros, a primeira olímpica para um país de pouco mais de dois milhões de habitantes, encravado entre a África do Sul, Namíbia, Zimbabwe e Zâmbia.

Tebogo não leva a medalha estampada ao peito, como o fazem, orgulhosamente, outros atletas que naquele dia seguem viagem de regresso aos seus países de origem. O jovem bosquímano deve tê-la embrulhado cuidadosamente na modesta mochila que leva às costas, juntamente com o par de sapatilhas onde mandou gravar o nome da mãe e com as quais correu no Stade de France aquela histórica corrida dos 200 metros.

Apesar da insistência dos seus colegas Bayapo Ndori, Busang Kebinatshipi e Antony Pesela, com os quais conquistou a prata na estafeta dos 400 metros, a segunda para o Botswana nos jogos de Paris, Letsile nega-se a viajar na classe executiva, como lhe propõem o responsável da sua delegação e também o chefe da Terminal 2C do Aeroporto Charles de Gaulle, que apenas espera que o primeiro campeão olímpico do Botswana lhe entregue o passaporte para fazer o “upgrade”. Leia mais…

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