A vida é feita de ciclos. Num certo momento, os homens apreciam o sossego, a paz, o som dos pássaros, a brisa do mar, uma geladinha, enfim. Noutros instantes, os mesmos homens querem adrenalina, ainda que alguns terminem com arranhões nas costas e lesões corporais de diferentes graus, por causa do fascínio pelo perigo.
Basta recordar a festa espanhola de São Fermín na qual milhares de pessoas vestidas de branco, com lenços vermelhos ao pescoço, se deixam perseguir por touros pelas estreitas ruas de Pamplona, no mês de Julho.
Aquilo é tão arriscado que nunca termina sem feridos, por vezes graves. Mas, no ano seguinte, lá estão novamente. O evento é património cultural e imaterial da Espanha e o hábito vem da Idade Média e, mesmo com todo o avanço científico e tecnológico, naquele quesito, o cérebro humano mantém-se imutável.
Cada sociedade tem as suas referências, mas, no nosso caso, dá a impressão de que as estrelas se apagaram e se caiu num desnorte profundo em que ninguém se lembra de nada. Ficamos pelo mais fácil, ainda que envergonhe.
Talvez seja porque a história é feita de ciclos e não seja por acaso que o escritor, jornalista e dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues escreveu que “antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos”. Leia mais…
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