O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, pode ter derrubado a ilusão de que a Europa está unida na sua posição sobre a paz na Ucrânia. Poucos dias depois de ser empossado presidente rotativo da União Europeia, Orbán foi encontrar-se com Vladimir Putin, Presidente da Rússia, numa visita que designou de “missão de paz”. Apanhadas em contra-pé, as chefias de Bruxelas apressaram-se a distanciar-se do líder húngaro, anunciando que Orbán não tem mandato da União Europeia e que, portanto, as suas acções não reflectem a vontade ou posição da União. Olhando a polémica na perspectiva da teoria de jogo, é caso para dizer que Orbán “desertou de caçar o veado” e optou por “caçar a lebre”, um facto que trama a “ilusão” de que há uma união na União Europeia no que diz respeito a como deve ser resolvida a crise na Ucrânia.
A “caça ao veado”, ou dilema do caçador, é uma alegoria que se enquadra na teoria de jogos e que pode ser usada para analisar processos e estratégias de tomada de decisão. A teoria de jogos (originária da matemática) especifica o que aconteceria numa situação em que os actores – cada um com objectivos estratégicos e resultados preferidos – se envolvessem numa interacção sob a forma de um jogo. No caso da alegoria da “caça ao veado”, pode imaginar- -se uma situação que em cinco indivíduos se encontram presos numa ilha, famintos e desprovidos de comida. Sucede, porém, que na ilha circulam um veado e um coelho. Pelo tamanho, o veado seria suficiente para alimentar todo o grupo e o coelho alimenta apenas um indivíduo. O dilema do caçador é, portanto, um jogo de coordenação, onde os jogadores devem escolher entre cooperar, para alcançar um objectivo comum, ou desertar, agindo para alcançar interesse próprio. Leia mais…
“Desertor da caça ao veado” trama a ilusão da união das chefias de Bruxelas
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