Portugal “incitou” uma polémica que lhe valeu um “chega pra lá” de São e Tomé Príncipe. A imprensa noticiou, semana passada, que São Tomé assinou um acordo técnico-militar com Moscovo. Assim que a informação começou a circular, a diplomacia portuguesa desdobrou-se em pedir explicações, à sua contraparte são-tomense, e manifestar a sua suposta “estranheza” e “apreensão” pela assinatura do acordo. Num autêntico “chega pra lá” ou “não se meta onde não é chamado”, o Primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, retorquiu, na sexta-feira, dizendo que ninguém vai ditar as suas relações externas. Se, por um lado, o incidente é demonstrativo da aparente não tomada de consciência, por parte de Portugal, da perda do estatuto de potência imperial colonial, por outro, é ilustrativo de que as antigas colónias já não se deixam intimidar e nem aceitam ser comandadas pelas antigas metrópoles.
O “polemizado” acordo técnico-militar entre São Tomé e Príncipe (antiga colónia de Portugal) e Rússia foi assinado no dia 24 de Abril. Pelo que foi noticiado, ele prevê a formação, utilização de armas e equipamento militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago. A publicitação do acordo, tornado público por um órgão de comunicação russo, foi feita numa altura em que o presidente da Guiné Bissau, outra antiga colónia de Portugal, efectuava uma visita de Estado à Rússia. Durante essa visita, Umaro Sissoco Embaló terá garantido ao presidente russo, Vladimir Putin, que este pode contar com a Guiné-Bissau “como aliado permanente”. Podem ter sido estes dois desenvolvimentos que terão precipitado a diplomacia portuguesa a pedir explicações à diplomacia são-tomense. Leia mais…
Portugal recebe um “chega pra lá”
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