O presidente da França, Emmanuel Macron, continua a advogar uma tese que, aparentemente, nenhum dos seus aliados europeus está disposto a testar. Macron voltou a insistir, semana passada, que poderá ser necessário enviar tropas do Ocidente para impedir que a Rússia vença a guerra na Ucrânia. Um eventual envio de tropas para o teatro de operações ucraniano colocaria, efectivamente, o braço armado dos EUA/Ocidente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em guerra contra a Rússia, facto que parece ainda não estar no interesse de nenhuma das partes. Apesar de voltar a defender a hipótese de se travar uma guerra que ninguém quer, tudo indica que o real interesse de Macron é relançar um velho interesse de Paris: o de tornar a segurança europeia independente dos EUA. No entanto, esta ideia continua a ser rejeitada pelos aliados da França dos dois lados do Atlântico, pois crê-se que a França pretende dominar as questões de defesa e segurança europeia em detrimento dos EUA.
Numa entrevista publicada na semana passada, o inquilino do Palácio do Eliseu voltou a insistir na ideia da necessidade de enviar tropas para a Ucrânia caso a Rússia consiga “romper as linhas da frente”. Macron indicou que a sua preocupação com a segurança da Europa justifica-se pela ameaça que é imposta tanto pela Rússia como pela China, por um lado, mas também pelas relações desafiantes que a Europa tem mantido com os EUA, por outro. Olhando para estes dois elementos, Macron acredita que os europeus não devem descartar a possibilidade de anuir a um eventual envio de soldados para a Ucrânia caso Kiev assim o solicite. Aliás, segundo o Presidente francês, tem sido prática de Paris ir em auxílio de quem solicita seu apoio, indicando para tal que o seu país já enviou tropas para os países africanos do Sahel quando estes solicitaram o seu apoio. Leia mais…
Macron e a guerra que ninguém quer
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