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“Vagabundus”

Por Jornal domingo

TEXTO DE DAVID ABÍLIO*

Comprometi-me a escrever alguma coisa sobre esta obra, depois me dei conta de que fui ao espectáculo completamente desarmado, sem nenhuma informação ou preparação prévia, não tendo lido o script ou outra coisa de género, um hábito que mantenho para me defender da influência do autor ou dos críticos.
Dependendo da motivação ou disposição, escolho a minha companhia: ou a cabeça ou o coração. Às vezes, e sem querer, uma delas suplanta a outra e toma-me de assalto. Desta vez a escolha não foi minha e nem tive tempo para tal. Mal a porta se abriu, de repente, senti-me como se fosse possuído pelos demónios da indisciplina do discernimento.
Quando este momento chega não me larga, bloqueando-me a faculdade de usar a cabeça ou a mente equilibradora, que quando funciona cria, às vezes, distúrbios que não me deixam gozar o momento e usufruir dos sentimentos inexplicáveis do instante, pois quando as emoções são fortes quebram todos os códigos que orientam e controlam os meus sentidos de razão e discernimento necessários.
Este intróito serve para justificar as dificuldades que encontrei no momento de escrever o texto que me foi sugerido. Pois bem… desde que vi a peça, não podendo descurar as emoções que se apossaram de mim, que são as que eu devia tentar traduzir para ser fiel não só à peça, mas também ao momento vivido. Mas tudo isso já se evaporou na intrincada vida quase de escravo que levo cotidianamente a partir do momento em que me afastei das artes. Ir ao espectáculo hoje para mim é uma terapia das mazelas diárias e da ausência da luz. Leia mais…

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