Há coisas que, sinceramente, quanto mais o tempo passa, mais difíceis são de entender. Mas, para Bula-bula, que já tem meia-dúzia de cabelos grisalhos, para uma e outra coisita só dá mesmo para coçar o nariz, piscar à esquerda e desviar à direita, porque se for a seguir os trilhos do que nos aparece nesta urbe das acácias, qualquer dia é capaz de cair de costas por um AVC isquémico de tanto queimar os neurónios.
E depois qualquer desgraça vem sempre acompanhada. Como sabem, estamos no início do ano e Bula-bula, mesmo já a espreitar a gaguice, não se coíbe de, à moda jovem, sair para a Ponta do Ouro, Macaneta ou mesmo para a Praia do Bilene para refrescar um pouco, repensar a vida e buscar energias para o embate que é aguentar, de novo, os 366 dias (este ano é bissexto).
Portanto, é Janeiro, e se Bula-bula não tem mola nem para paracetamol, de onde tiraria “tako” para sessões de quimioterapia?
Mas, voltando à vaca fria, este intróito vem à tona por causa dos velhos imbróglios que, desafortunadamente, teimam em nos seguir, mesmo depois de nos desfazermos do velho ano. E como estamos no novo ano, novos seres jurámos nos tornar, renovados e prometemos deixar para trás tudo de negativo. Mas parece que a nossa capital insiste em continuar com coisas do passado.
Não custa nada. É só, por exemplo, pegar no seu veículo e desafiar um passeio pela Avenida Fernão Magalhães. Há-de notar que a estrada continua esburacada. Nesta época chuvosa, os buracos enchem de água e o condutor é obrigado a fazer manobras ao estilo Matrix para evitar danificar a suspensão da sua viatura. Só que fica difícil porque tem de esquivar o buraco A, B e C num espaço de 5 metros.
E depois, como somos africanos, e alguns até possuem espíritos do mar, nunca se sabe. Meia-volta alguém desaparece nestas lagoas. É preciso ser vigilante.
Cenário idêntico há ali na “Kenneth Kaunda” ou então naquela descida do viauduto Alcântara Santos para alcançar a 10 de Novembro, ao pé da Escola Náutica, só para citar alguns exemplos. Dá arrepios.
Bula-bula não entende patavina de engenharias, alcatrões, betão, cimentos e outros quejandos, mas há situações que até com pedrinhas, areia e um pouco do Dugondo, zaaaaz, resolve-se o problema. É mesmo problema de querer.
Depois como acabámos de atravessar a quadra festiva, os contentores estão gordinhos de resíduos sólidos. E porque acaba de chover, os processos químicos de decomposição aceleram e só Deus sabe como respiramos. Sorte de quem ainda tem um pouco de combustível, pelo menos pode subir os vidros e ligar o AC.
E ainda há os vendedores que continuam a ocupar as ruas. Fritar badjias, fiosses e outras coisas nos passeios da cidade. Outros até vendem carvão.
Bula-bula até entende, emprego está difícil, empreender pior ainda, mas… alguém deve ter a responsabilidade de chamar a razão aqueles cidadãos porque, caso tal não aconteça, a nossa cidade, pouco a pouco, poderá se tornar num enorme S.
Às vezes, Bula-bula tenta evitar, mas há coisas que são mesmo para estranhar e, para a sua idade, vale a pena seguir um provérbio popular que diz: “antes velho ajuizado, que moço desatinado!” Porque heiii… Não podemos deixar morrer o nosso slogan: faça da nossa cidade um enorme jardim.
Força, Conselho Municipal de Maputo! (x)