A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim… – Mário Quintana
Por Belmiro Adamugy
belmiro.admugy@snoticias.co.mz
Se quer saber o final, preste atenção no começo – assim ensina a velha sabedoria africana. Hoje, 2023 chega ao seu fim, encerrando assim mais um ciclo. Hoje, estamos um pouco mais velhos do que em Janeiro. Mas a velhice não é apenas uma questão biológica, mas uma construção social. Se calhar, por isso mesmo, é que o homem está menos disponível para discutir o fim, por ser o único que tem consciência da sua finitude… é que a velhice nos aproxima, pouco a pouco, do inexorável fim.
Tal como o ano, também vivemos ciclos fechados. Com princípio e fim. Alfa e ómega. A vida será então o espaço entre o começo e o fim. Os sábios dizem que o importante não é o destino, mas o caminho. O que se faz durante. Por isso mesmo, alguns estão neste momento a fazer a revisão do que foi o ano. Eu, em particular, estou a fazer uma retrospectiva de um ciclo mais ou menos longo…
Revisitei a minha vida. O meu bisavô que veio lá das Índias. Os meus pais, que me deram as chaves certas para a vida em sociedade. Revisitei os anos de menino na Escola Primária Oficial Unidade 2. As amizades construídas desde essa altura. A passagem pela Escola da Maxaquene Khovo, onde nalgum momento tive como colega de carteira o meu irmão mais velho, porque era comum juntarem- -se as turmas de classes diferentes. A passagem pela Escola Primária 16 de Junho, a Escola Secundária da Maxaquene (hoje Universidade São Tomás). A Francisco Manyanga, o Instituto Comercial de Maputo, antes da Universidade Eduardo Mondlane, onde para além de tudo fui docente e sou membro de pleno direito da Alumini. Em tudo, avultam pessoas de carne e osso. Há amizades que sobreviveram a extenuante viagem. Leia mais…