Durante a sua estada no Tajiquistão, onde tomou parte na Cimeira Internacional de Alto Nível sobre Água, co-organizado pelas Nações unidas e Tajiquistão, entre os dias 20 e 21 de Agosto, o
Primeiro-Ministro Alberto Vaquina visitou a barragem hidroeléctrica de Nurek, construída no rio Vaksh, localizado a 75 quilómetros da capital, Dushanbe.
A visita revelou-se de capital importância para o nosso país, pois permitiu ao governante moçambicano inteirar-se in loco das potencialidades daquela infra-estrutura que, por sinal, gera 1,5 vezes mais energia eléctrica que a nossa hidroeléctrica de Cahora Bassa.
Outro dado importante é que finda as demarches diplomáticas para o estabelecimento de relações diplomáticas entre Moçambique e Tajiquistão, técnicos moçambicanos poderão treinar-se/especializar-se naquele país, no sector das águas, e vice e versa.
A construção da barragem de Nurek começou em 1961 e terminou em 1980, quando o Tajiquistão era uma república da Ex-União Soviética. Com 300 metros de altura, actualmente, é a mais alta barragem do mundo.
Tem um núcleo central de betão armado formado por uma barreira impermeável de uma construção de 300 metros de altura de rocha e terra de preenchimento. O volume do montículo é de 54 milhões de metros cúbicos.
Na barragem de Nurek estão instalados um total de nove turbinas Francis, a primeira foi instalada em 1972 e a última em 1979. Originalmente tinham uma capacidade de geração de 300MW cada uma (2,7 GW no total), embora tenham sido redesenhadas e adaptadas de tal maneira que hoje produzem em conjunto 3,0 GW.
Desde 1994 fornecem a maior parte dos 4,0 GW de geração hidroeléctrica do país, sendo suficiente para satisfazer 98 por cento das suas necessidades de electricidade.
A albufeira formada pela barragem de Nurek, conhecida simplesmente como Nurek, é a maior reserva de água do Tajiquistão, com capacidade de 10,5 km³. Tem 70 quilómetros de comprimento e área de 98 Km². A energia da central hidroeléctrica e a água armazenada são usadas também para a irrigação de terras agrícolas. A Água de rega é transportada 14 quilómetros através do túnel de rega Dangara e irriga 700 Km² de terras cultiváveis.
A NOSSA CAHORA BASSA
Instalada numa estreita garganta do Rio Zambeze, a Barragem de Cahora Bassa é a maior em volume de betão construída em África. A sua construção iniciou em 1969 e terminou em 1974.
A barragem, de formato de abóbada de dupla curvatura, com cerca de 303 metros de cumprimento e 171 de altura, constitui uma das maiores barragens hidroeléctricas do continente africano.
Aquela infra-estrutura está provida de órgãos de segurança e exploração constituídos por oito descarregadores de meio fundo e um de superfície automática. A barragem possui ainda uma albufeira com 270 quilómetros de cumprimento e 30 quilómetros de largura e uma central subterrânea equipada com cinco grupos geradores de 415 MW cada, produzindo um total de 2075 MW, que assegura fornecimento de energia eléctrica a Moçambique e para alguns Estados da África Austral.
De recordar que até ao final do ano serão concluídos os processos de reabilitação de quatro dos nove descarregadores que compõem a barragem da HCB, cujo trabalho está em curso desde os finais de 2010.
Deste modo, para permitir o melhor prosseguimento do trabalho, a partir do dia 1 de Setembro próximo, a Hidroeléctrica de Cahora-Bassa irá incrementar o caudal efluente de 1850 metros cúbicos por segundo para cerca de 3500 metros cúbicos por segundo, de modo a reduzir a cota da albufeira para criar um encaixe de água proveniente da próxima época chuvosa que já se aproxima.
A redução da cota da albufeira vai permitir também a reabilitação do descarregador de superfície da barragem a arrancar, em princípio, no próximo dia 1 de Novembro do corrente ano.
De referir que a empresa Hidroeléctrica de Cahora-Bassa, no Songo, está desde os finais do ano passado envolvida no programa de modernização da sua subestação por forma a dotá-la de mecanismos para melhoramento dos níveis de disponibilidade, fiabilidade e facilidade de manutenção da sua produtora.
INTRUSÃO SALINA
Durante a semana de trabalhos em Tajiquistão a equipa de jornalistas que integrou a delegação do Primeiro-Ministro Alberto Vaquina ouviu peritos moçambicanos da área da água.
A Directora Nacional de Águas, Susana Saranga, referiu-se à intrusão salina que afecta alguns rios nacionais. Segundo Saranga, que falava à Rádio Moçambique e à AIM, são rios que estão a ser muito explorados nos países a montante e, claramente, como consequência começamos a ter pouca água que entra no país. Isso tem como consequência pouca água a entrar para Moçambique.
Esta situação é mais preocupante nos rios Limpopo e Incomáti. Aliás, é precisamente no rio Limpopo onde existem os principais regadios na região sul de Moçambique, que poderão ser inviabilizados com a intrusão salina.
Referir que em condições normais, as águas contidas nos lençóis subterrâneos se deslocam em direcção ao mar, impedindo o avanço da água salgada para o interior do continente. A força que mantém a água salgada afastada da área continental é a pressão exercida pela água doce presente nos lençóis subterrâneos. Quando, por algum motivo, essa pressão é reduzida, o mar começa a invadir o continente por baixo da terra. É uma invasão perigosa porque na maioria das vezes é difícil ser percebida. A consequência mais danosa desse fenómeno é a salinização das águas subterrâneas nas regiões costeiras.
Entretanto, as autoridades moçambicanas já começaram a trabalhar para inverter o actual cenário, adoptando uma série de medidas conjuntas com os países vizinhos, entre as quais destaca-se a criação de comissão de bacias.
Para o caso específico do Limpopo criou-se a Comissão da Bacia do Limpopo, que, segundo a directora nacional, Moçambique detém a presidência do sectariado.
A par disso, os países membros da Comunidade de desenvolvimento da África Austral (SADC) definiram os volumes mínimos dos caudais que deverão entrar em Moçambique para a protecção meio ambiente.
• A infra-estrutura tem 300 metros de altura e 98 quilómetros quadrados de área
• HCB tem 171 metros de altura e uma albufeira de 270 quilómetros de cumprimento e 30 quilómetros de largura
• As nove turbinas de Nurek, cada uma com capacidade para geração de 300MW, foram redesenhadas e adaptadas de tal maneira que hoje produzem em conjunto 3,0 GW contra 2075 MW da HCB