TEXTO DE PRETILÉRIO MATSINHE E FOTOS DE INÁCIO PEREIRA
“Sou vaidosa”. É a primeira coisa que a vovó Nely Nhaca, 103 anos, nos diz, quando entra na sua sala de estar e cumprimenta-nos. Residente na cidade de Maputo, nasceu a 2 de Novembro de 1920, no actual distrito municipal KaTembe e cresceu com os seus sete irmãos.
Ainda nova, ela e a sua família mudaram-se para o bairro Chamanculo. Nely teve dificuldades de frequentar a escola. Primeiro, porque nasceu e cresceu num período adverso, em que o colonialismo estava em voga; segundo, porque a sua mãe queria que ela, sendo segunda filha, ajudasse nos afazeres domésticos, incluindo ir à machamba e cuidar dos irmãos mais novos. É por isso que só começou a frequentar a escola aos 10 anos. O estabelecimento de ensino era a Igreja Wesleyana, que ficava no espaço onde se encontra o Quartel-General, no Alto Maé.
Nely, depois de estudar até a terceira classe do ensino rudimentar, passou para a Escola de Khovo, mas reprovou nos exames da quarta classe. Frustrada, quis desistir, mas o pai insistiu que se fosse inscrever na Escola Profissional João Albazine. Foi onde aprendeu a arte da cozinha, corte e costura. Mas, na hora dos exames, voltou a reprovar. Leia mais…