Morreu na quinta feira, na África do Sul, aos 74 anos de idade, a activista social e advogada Alice Mabota, vítima de doença. A malograda foi activista dos direitos humanos e membro-fundadora da Liga dos Direitos Humanos, da qual foi presidente por vários anos.
Nascida em Maputo, no Hospital Geral José Macamo, formou-se em Direito, trabalhou na Administração do Parque Imobiliário do Estado (APIE) e no Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ).
Quando assumiu a Liga, destacou-se na defesa e denúncia da violação de direitos humanos e corrupção, um percurso iniciado na década de 1990, depois de participar numa conferência em Viena, na Áustria, onde permaneceu por 45 dias. Em vida, liderou várias manifestações em defesa da paz e contra as desigualdades sociais. Em 2010 foi distinguida, nos Estados Unidos, com o prémio internacional “Mulheres de Coragem”.
No ano de 2019, Alice Mabota foi a primeira mulher a candidatar-se à Presidência da República, pela Coligação Aliança Democrática (CAD), mas sem sucesso.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, através da sua página do Facebook, endereçou condolências à família de Alice Mabota, tendo destacado que a advogada sempre ergueu a sua voz contra as injustiças, a corrupção e outros males que afligem a sociedade moçambicana.
“Foi pensando na defesa das franjas mais vulneráveis da nossa população que criou e dirigiu a Liga dos Direitos Humanos, uma organização interventiva e de mediação de processos delicados. Recordo-me da sua verticalidade e irreverência durante diversos encontros que mantivemos, nos quais abordámos assuntos candentes da actualidade, como o diálogo entre o Governo e a Renamo”, escreveu o Chefe do Estado. Uma das últimas aparições públicas de Alice Mabota foi como advogada de defesa de um trabalhador de uma casa de câmbios acusado pela Justiça moçambicana de ter sido usado como veículo para a lavagem de dinheiro das dívidas não declaradas.