Episódio I
“O que se diz é que existe um grupo que age com ferro de engomar, mas nunca se diz quem são essas pessoas, onde estão, quem coordena a sua logística, como se transportam ou quem lidera o
grupo. Ninguém responde a essas questões. Da nossa análise, do trabalho investigativo realizado, o G-20 é uma criação, não existe” – palavras do Ministro do Interior, Alberto Mondlane.
Comentário de Bula Bula: quem deve dar essas respostas é a Polícia. Quem deve dizer o que é que está a acontecer é a corporação policial. Se conversar com algumas pessoas dos bairros de Ndlhavela, T-3, Zona Verde e São Dâmaso, que sofreram na pele e na carne agressões físicas, certamente irá mudar de opinião.
Bula Bulaaté está inclinado a acreditar que não existe nenhum “G-20” como tal, mas o que não deixa de ser preocupante é a onde de assaltos e de terror que se instalou nos bairros. Há centenas de pessoas que não dormem nas suas camas para patrulharem as ruas dos seus respectivos bairros, com envolvimento das estruturas locais, também apreensivas, como chefes de quarteirão e secretários dos bairros… De certeza, alguma razão hão-de haver. Por que é que não falam com os secretários dos bairros e com as próprias vítimas?
Assim como haverá uma razão séria para o Ministério do Interior ter anunciado que iria accionar um novo plano de segurança. Se não há nada de novo – questiona-se Bula Bula – porque accionar o tal plano? Não será certamente para combater as referidas “especulações”…
Bula Bulaestá na expectativa de ver o que vai acontecer. O MINT vai reforçar as patrulhas nos bairros… nalguns dos quais, os populares ergueram instalações para a PRM que não são usadas por alegada falta de efectivo.
Episódio II
Com ou sem o G-20, a verdade é que não se dorme. Há um clima de medo no seio das populações. Todos os dias ouvem-se histórias macabras sobre assaltos e violações. Ficção? Realidade? Às vezes é difícil distinguir essas duas facetas, mas o dado adquirido é que Bula Bula – porque residente de um desses populosos bairros – também faz parte do grupo de patrulha nocturna.
E é um exercício duro. Ficar acordado das Zero até as quatro horas é um sofrimento. Depois, faz um frio de rachar nas madrugadas (para além daquele friozinho de medo). As conversas, quase sempre, são sobre ocorrências noutras bandas. Quase todos os vigilantes ouviram estórias sobre roubos e assaltos.
Bula Bula também faz patrulha. Armado de apito. É uma coisa de doidos. Apitos contra pistolas. Ninguém sabe onde esta loucura vai terminar. Ninguém sabe o que vai acontecer se se der um encontro entre os vigilantes e os larápios. Carnificina garantida, de certeza. É que os nervos andam à flor da pele. Os planos que se traçam para os “futuros capturados” são aterradores. Há pessoas que revelam habilidades de carniceiros e estão ansiosos para exercitarem os seus conhecimentos…
Mas há outra batalha nos bastidores; é a corrida aos apitos. Por estes dias, Bula Bula está a pensar em importar alguns contentores de apitos. O negócio está mesmo a dar. Um bom empreendedor aproveita a janela de oportunidades. Há bandidos a assustarem as populações. Não há licenças de porte de arma… não há problemas: usem-se apitos!
Bula Bula até está a pensar num spot do tipo: “vendo apitos anti-G-20. 500 paus cada. São apitos novos ainda na caixa. Tem som Hi-Fi, propagação tridimensional e um alcance mínimo de 500 metros, prontos a usar. Som estridente, câmara que grava o rosto do ladrão-chefe. Stock limitado”
Esta é mesmo ímpar e é Made in Mozambique, um dos seus grande mentores, fora Manhenje nos tempos de Ministro de Interior, o general terá dito mesmo: usem apitos contra os malfeitores. A moda demorou a pegar, mas já ninguém a segura: Apitos para enfrentar bandidos. Tu disparas, eu apito. Vamos ver quem vence esta batalha…