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Jogadores podem fazer melhor

Por admin

Alberto Simango Jr., presidente de direcção da Liga Moçambicana de Futebol (LMF), considera que os jogadores das 14 equipas do “Moçambola” têm potencial para fazer mais e melhor do que 

demonstraram ao longo das 13 jornadas da primeira volta.

O dirigente máximo da LMF não tem dúvidas de que o atleta moçambicano é talentoso, porém, tende a conformar-se com o ambiente vigente nos clubes, caracterizado por falta de rigor e responsabilização.

Simango Jr. falava no encontro de balanço da primeira volta do “Moçambola”, já habitual no calendário da Liga e que junta, à mesma mesa, dirigentes, comentadores e jornalistas.

Para nós que estamos habituados a um Simango Jr. moderado e até político demais, foi surpreendente ouvi-lo a atacar os clubes como se de um avançado faminto de golos se tratasse.

– É difícil perceber o que se passa nos nossos clubes. Os jogadores são bem pagos e não produzem o espectáculo que deles se espera. Correm pouco e aplicam-se cada vez menos. Afinal o que querem? Isso acontece por falta de responsabilização.

Prosseguiu a sua intervenção lembrando-nos um búfalo ferido, nos seguintes termos:

– Quando o salário atrasa cinco dias até inventam greves, prejudicam a imagem dos próprios clubes quando são os primeiros a não fazerem devidamente a sua parte. Perguntem aos nossos pais se faltavam ao serviço por causa de cinco dias de atraso de salário!

A sala ficou cada vez mais atenta e o timoneiro da LMF lá acrescentou mais frases incisivas, abordando, inclusive, o papel dos dirigentes, os quais, no seu entender, têm quota-parte no actual estado das coisas.

– No futebol os resultados é que mandam. Não acredito que o nosso trabalho está a ser bem feito nos clubes. Que adianta manter um treinador que não nos traz resultados? Mas que resultados um presidente de clube nos vai apresentar se só vai ao clube uma vez por semana?,questionou, sem exigir resposta.

Observou que o elenco que dirige pauta pela seriedade na gestão da prova e o rigor continuará a acompanhar o quotidiano do campeonato. “Meus amigos, o futebol é muito sério e não pode ser entregue a pessoas distraídas”.

CASOS E CASOS

A primeira volta do “Moçambola” foi profícua em casos de secretaria, destacando-se protestos dos jogos Liga Muçulmana – Maxaquene, Desportivo de Nacala – Ferroviário de Maputo, a falta de comparência averbada ao Vilanculos FC e ainda a inspecção do Ministério do Trabalho aos jogadores e treinadores estrangeiros.

Os participantes no encontro defenderam a necessidade duma maior celeridade no desfecho de casos que surgem ao longo do campeonato. Mas a longa interrupção da prova foi considerada por unanimidade como retrocesso para a competitividade que se pretende.

João Raúl, do Costa do Sol, disse por exemplo que é preciso Moçambique evitar este tipo de paragens longas porque não dignificam o futebol.

“Pela primeira vez na história fizemos três épocas numa época”, queixou-se

Porque o campeonato registou jornadas em atraso devido a participação da Liga Muçulmana na Taça CAF, João Raúl entende que essa situação reduz a verdade desportiva que se pretende num campeonato regular.

– É preciso cumprirmos os regulamentos a bem da verdade desportiva. Não podemos aceitar adiar jogos por longo tempo. Estamos no deixa-andar. A federação também deve aprender a recusar determinados convites,aconselhou João Raúl.

Sugeriu a criação dum gabinete Técnico na LMF para lidar com certos regulamentos e a qualidade de futebol que se pretende no campeonato nacional.

João Raúl abordou ainda a qualidade de arbitragem, indicando que “estamos a assistir a uma ascensão meteórica de árbitros que nunca apitaram jogos de juniores”.

Boavida Funjua, decano jornalista do desafio, dissera antes que “esta situação não confere o devido valor ao Moçambola. É preciso evitar este tipo de interrupções como aconteceu este ano”.

Roque Gonçalves, do Maxaquene, recorreu a um vocabulário jurídico apurado, mas permitiu-nos perceber que deseja uniformização dos regulamentos disciplinares da Liga e Federação Moçambicana de futebol “para evitar certas situações sem sentido que ainda ocorrem”.

Os representantes dos clubes reclamam as condições de transporte terrestre para Songo, Chibuto e Vilankulo, porque a carrinha de 30 lugares não é confortável para uma equipa completa de futebol.

Por outro lado, tal como frisou Rafik Sidat, da Liga Muçulmana, há necessidade de rotatividade dos delegados, pois, actualmente há tendência daqueles protegerem equipas da casa nos boletins de jogo.

Comentando as intervenções, Simango Jr. recordou que todas paragens do “Moçambola” foram previstas desde o início da prova e aprovadas em Assembleia geral pelos clubes participantes.

Aconselhou os dirigentes a lerem sempre os documentos da Assembleia Geral para ao longo da prova não pronunciarem “disparates” que alimentam a comunicação social.

Revelou que a LMF já está em contacto com o operador de transporte para encontrar uma solução melhor para as equipas sempre que se transportarem via terrestre.

Sobre a situação do Vilanculos FC, disse que “infelizmente continuamos com dificuldades, por isso, o transporte continuará a ser por terra”.

Tranquilizou o coração de Rafik Sidat afirmando que “vamos garantir a rotatividade dos delegados. Vamos fazer esse esforço”. Só não disse a partir de quando.

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