- Mais de vinte pessoas, na sua maioria toxicodependentes, vivem no local, pagando cada cliente vinte Meticais por dia
TEXTO DE HERCÍLIA MARRENGULE
Entre os becos do quarteirão dez do bairro da Mafalala, na cidade de Maputo, existe uma casa de hospedagem que se destaca tanto pelo preço simpático que oferece aos clientes como pelas facilidades inerentes ao submundo de drogas.
Para “viver” nesta casa, cada morador deve desembolsar, diariamente, vinte Meticais.
No interior do “hotel”, o vento passa livremente pelos vidros quebrados das janelas e pelos quartos sem tecto. Nas paredes, o que mais chama atenção são os desenhos de folhas da “cannabis sativa”, vulgarmente conhecida por soruma. Na entrada, o que algum dia foi uma porta, agora tem apenas algumas madeiras e pedras que a sustentam não permitindo que alguém, que não conheça o local, entre sem que seja percebido. Não tem móveis.
Neste albergue, os hóspedes ajeitam-se como podem em caixas de papelão ou mesmo em lençóis, num chão sujo e esburacado. São ao todo pouco mais de 20 pessoas. Vivem em total aperto, mas não se importam. Estão reféns de algo que está acima deles: o vício pelas drogas.
Eles não esperam muito do futuro, afinal, “a qualquer momento, podemos ir à prisão, morrer à procura de dinheiro para consumir droga ou por alguma doença. Aqui, fica-se doente. Muito doente… por isso, num abrir e fechar de olhos, pode ser o fim da linha…”, dizem. Leia mais…