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Os passos sem medo de Ídasse Tembe

Por Idnórcio Muchanga

TEXTO DE PRETILÉRIO MATSINHE

PRETILEIRO.MATSINHO@SNOTICICAS.CO.MZ

FOTO DE INÁCIO PEREIRA

No primeiro dia do mês de Julho de 1955, nasceu, no vale de Infulene, um ser que se tornaria num dos nomes inevitáveis nas artes plásticas moçambicanas. O seu nome é Ídasse Tembe e tem uma exposição patente na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC). Intitulada “Um passo com unha”, a mostra, que pode ser vista até 30 de Junho, é mais um exercício de cidadania do artista, que questiona os propósitos dos seres humanos, as guerras, a fome, o desentendimento, as disputas e sugere partilha, diálogo e o amor como antídotos para curar (ou pelo menos tentar salvar) a humanidade. Conversámos com o homem que, aos 68 anos, é como um vulcão dentro de si de tanto lhe fervilharem as ideias.

É curioso que não seja a primeira vez a trabalhar sobre o conceito “Um passo com unha”!

“Um passo com unha” é uma medida no jogo de berlindes e que levo para exposição como empréstimo para reflexão. Vivemos como se alguém dissesse que existe um risco a não ultrapassar. Não se pode pisar. Nesta ordem de ideias, é uma medida que alerta para se pensar sobre o que nos rodeia. Desde as balizas de governação, o dia-a-dia e a vontade de viver. Quero dizer que mesmo o pensamento deve ser enquadrado dentro de balizas, de forma que possa saber que se seguir um determinado comportamento estará a errar.

Entre outras reflexões sugeridas…

Pertenço a uma geração que teve Educação Moral e Cívica. Aprendemos a olhar para alguém e a saber respeitá-lo. Por isso “Um passo com unha” é uma chamada de atenção sobre o nosso “modus vivendi”, porque parece que o mundo, em pleno século XXI, não empresta mais sentido ao comportamento humano. É por isso que alguém pode preferir cruzar-se com um leão a fazê-lo com um ser humano. Sabes o que é capaz de fazer um leão. O Homem não, tornou-se imprevisível. E neste momento ele encontra no medo um mecanismo para gerir o outro. Digo isto por uma razão muito simples: qualquer regime, quando olha para os seus governandos e não encontra argumentos para implementar algo, a primeira coisa que faz é instituir o medo. Leia mais…

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