Era amigo dos seus amigos. Fazia tudo por eles, nem que fosse preciso tirar a camisa que usava para emprestar. Se algum necessitasse ele era capaz de voltar para casa de tronco nu. Por ser amigo dos seus amigos, estava sempre pronto a defendê-los do que fosse.
No período da tarde, o percurso do machimbombo era Namacurra, Minjalene, Furquia, Brigodo, Namucua, Copa Cabana e, depois, Feira Voabil, que era a última paragem onde o autocarro pernoitava para sair no dia seguinte de manhã, por volta das seis horas. Invariavelmente, antes de parquear o machimbombo no quintal da sua casa, enquanto os passageiros descarregavam os seus pertences, o motorista, Abarros, ia conversar com o comerciante Adamo Chamaune, seu compadre.
A principal actividade comercial na Feira Voabil era a compra de copra, que, depois, era vendida à Companhia do Boror, se a qualidade fosse boa, ou aos grandes comerciantes que a revendiam às fábricas de óleo de copra e sabões. Uma delas era a Geralco, em Quelimane, e outra a Entreposto, que tinha uma fábrica em Nampula. A Companhia do Boror, quando comprava copra dos comerciantes, juntava-a à que ela própria produzia e vendia-a no mercado internacional. De Porto Belo demandavam para diversas partes do mundo grandes navios com copra a granel ou em sacos de 100 quilogramas.