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Sobre disfarçar defeitos…

Por Idnórcio Muchanga

Solta: Carlos Uqueio

Quem vive na cidade de Maputo sabe que o tráfego é caótico. Infernal mesmo. Para percorrer uns miseráveis 500 metros, quase sempre é preciso apelar para os santos, para não sair desgovernado e abalroar meio-mundo. Pode-se dizer que conduzir na cidade de Maputo é um verdadeiro teste aos nervos de um gajo.

Ora, nessa balbúrdia, na qual avultam os incontornáveis “chapas” e mais alguns afoitos condutores, um homem precisa de encontrar, sem apelo nem agravo, o buraco da agulha onde enfiar a sua linha. Ou melhor, nessa barafunda toda, quem tem pressa (agora parece que todo mundo anda com o credo na boca e com pouca paciência) arrisca-se a dar uma amolgadela no carro alheio.

Bula-bula, que anda quase sempre de “my love”, assiste invariavelmente a essa bandalheira todo o santo dia. Aquilo já nem surpreende. A confusão no tráfego é tipo sanduíche de badjia. Sabe sempre bem. É que o hábito, no caso, faz o monge.

Mas há uma coisa que não deixa de surpreender… o barulho das sirenes. Coisa de dar cabo da cabeça de qualquer um. Como a malta já vive com o credo na boca, qualquer som mais estridente faz disparar a adrenalina e também a pressão alta dispara como um míssil hipersónico… sobe que só visto.

Mas já estamos habituados que aquilo até lembra uma pomada de tipo bálsamo, porém, o que chateia mesmo são as sirenes. Às vezes, a rua está entupida de carros, mas aquela malta das sirenes não quer saber. Barulho até acordar os mortos.

Bula-bula nem está contra as sirenadas… mas, perdoem a ignorância, as sirenes não são para usar em cenas oficiais?

É que é o que se assiste. Para ir lanchar, sirene. Aquelas sirenes parecem mais um disfarce de defeitos do que coisa séria. E há agentes das várias especialidades, que, à hora de troca de turno, embarcam nos Mahindra e zás. Sirene com eles.

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