Irene Boane é uma das poucas mulheres moçambicanas que se dedica a profissões consideradas masculinas. Com 25 anos de idade, ocupa-se da arte de consertar e engraxar sapatos, na cidade de Maputo.
A jovem iniciou a actividade há sensivelmente sete anos, a convite do seu pai, sapateiro com mais de trinta anos de carreira. Terminado o ensino médio, “eu não queria ficar em casa, por isso pedi dinheiro ao meu pai para iniciar um negócio ou fazer qualquer trabalho. Então, ele respondeu-me que não tinha dinheiro para me dar naquele momento. Mas podia dar-me uma profissão que seria para toda a vida”, conta. Boane afirma que recebeu a proposta como um desafio, uma vez que, tal como a maior parte das pessoas, “nunca tinha visto nenhuma mulher sapateira”.
Levou, ao todo, um mês de aprendizagem para se tornar engraxadora-sapateira. Segundo ela, a tarefa não é tão fácil quanto aparenta: “engraxar parece simples, mas não é. O segredo está nas pomadas e nas escovas”, tendo em conta que “se, por exemplo, se misturar as escovas, principalmente com o sapato castanho, sempre vai dar um defeito, então o brilho não vai ser o desejado”, explica. E, como qualquer outro trabalho, ser sapateira exige concentração do profissional para que haja perfeição: “é preciso concentrar-se muito bem para ter um bom trabalho”, completa. Leia mais…