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Orar para revitalizar a paz

Por admin

Os fiéis da Igreja Católica participam esta manhã na vila fronteiriça da Namaacha, província de Maputo, na missa solene das celebrações dos 96 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima, na

Cova de Iria, em Fátima, Portugal. Para tomar parte neste evento, milhares de peregrinos percorreram a pé os 75 quilómetros que separam aquela vila da cidade de Maputo, como forma de rogar à “Virgem Maria” para que responda às suas súplicas, entre elas, a revitalização da paz, oferta de emprego, sossego familiar, ingresso na universidade, recuperação de amores perdidos, entre outros aspectos.

 

 As cerimónias deste ano decorrem sob o lema “Com Maria Testemunhamos a Nossa Fé Praticando a Caridade” e serão presididas pelo Arcebispo da Diocese de Maputo, Dom Francisco Chimoio, que irá convidar o seu rebanho a fazer uma reflexão em torno das melhores formas de convivência saudável e harmoniosa, tal como o fez a Virgem Maria na sua aparição em Fátima, aos três pastorinhos, nomeadamente, Lúcia, Palmira e Jacinta, a 13 de Maio de 1917, em plena Iª Guerra Mundial.

Com efeito, várias são as actividades programadas nesta peregrinação, dentre as quais destacam-se a realização de confissões, via-sacra, procissão de velas, exposição do santíssimo sacramento, adoração ao santíssimo e por fim a celebração eucarística seguida pela procissão de Adeus.

Nem a temperatura amena típica das bandas da Namaacha, 20 a 23 graus, com chuvas intermitentes, desencorajou a afluência dos peregrinos, cujas projecções apontam para uma presença de cerca de 40 mil.

Para participar nestas orações, milhares de peregrinos, na sua maioria jovens e adultos fizeram-se ao local. Cerca de sete mil partiram a pé, na última quinta-feira, das cidades de Maputo e Matola e os primeiros começaram a chegar à vila da Namaacha a partir das 14 horas de sexta-feira.

Durante a caminhada, era notório a alegria com que os crentes entoavam cânticos de evocação à “Virgem Maria”, intercalados pelas rezas do Terço (rezar dez vezes a oração de Ave Maria, intercalada pelo “Glória” e “o Pai Nosso”), tudo na tentativa de fazer ouvir as suas promessas e preces.

Falando a propósito da edição deste ano, o reitor do Santuário, o padre Abidon José Kabwe, disse que tudo estava a postos para que as celebrações corram a contento, pese embora o crónico problema de abastecimento de água que afecta aquela vila, que dada a demanda poderá trazer alguns embaraços aos peregrinos.

Aliás, durante a nossa estada ontem na vila e até cerca das 12 horas, o fornecimento de água, quer para as casas de banho fixo, quer para as móveis, era deficitário o que deixa irritados alguns fiéis que querem cuidar da higiene pessoal.

A par disso, peregrinos houve que ficaram agastados com o facto de lhes ser cobrado valores entre dois a três meticais para ter acesso às referidas casas de banho. O que não era cobrado era a água quente para as massagens.

Questionado sobre o assunto, o reitor afirmou que tal facto visava a garantir a limpeza das mesmas por parte do pessoal de acolhimento, assim como a compra de detergentes para o saneamento.

Quanto ao fornecimento de água, explicou que por questões estratégicas, o Conselho Municipal da Namaacha optara por reservar o período da tarde de sábado, a partir das 13 00 horas, até Domingo, às 12 horas, para direccionar água, exclusivamente, para o santuário.

Em relação à iluminação, referiu que a Electricidade de Moçambique (EDM) fez questão de reforçá-la em redor do local, não obstante o facto de a mesma não ter chegado ao interior das tendas improvisadas para reforçar a acomodação.

No que diz respeito à acomodação, explicou que as condições eram as possíveis, à medida da Arquidiocese, uma vez que nos últimos tempos o número de peregrinos tem vindo a aumentar.

No entanto, anotou que foram feitos esforços para colocar cinco tendas com capacidade de 300 pessoas, cada, as quais foram ocupados pelos primeiros peregrinos que começaram a chegar a partir de sexta-feira.

Em relação ao sistema de segurança, garantiu que tudo foi preparado ao pormenor, de tal forma que foram mobilizadas para o local, membros do corpo de Salvação Pública, Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), para não falar dos homens da Polícia da República de Moçambique e do Conselho Municipal local.

Num breve olhar ao tema deste ano, o reitor explicou que tem em vista inspirar os fiéis a tomar a Maria como exemplo da preservação da paz. “ Nós precisamos de revisitar a fé e para tal temos que tomar como modelo a vida de Maria, que sempre praticou a caridade, ou seja falava de paz para quem quer que seja”.     

Por sua vez, Adelaide Vilanculos, afecta ao pessoal da saúde, explicou que até perto das 12 horas de ontem haviam dado entrada no posto médico improvisado, mais de 300 peregrinos, na sua maioria queixando-se de dores musculares e dos pés, e casos isolados de tensão arterial.

Para fazer face à situação, aos peregrinos lhes foram administrados massagens com bálsamos, alguns dos quais feitos localmente com base no eucalipto.

“Até este momento (12 horas de sábado), não registamos casos alarmantes a não ser um desmaio com recuperação imediata e caso de alguém que a tensão baixou e transferimos para o Centro de Saúde da Namaacha. Os restantes peregrinos queixam-se de inchaço dos pés, dores nos músculos, constipação, devido à cacimba, aos quais administramos xaropes e outros medicamentos produzido localmente à base da medicina verde”, disseAdelaide Vilanculos.

 

PEREGRINAR PARA MELHORAR A SAÚDE

Maria Antónia dos Santos, da Paróquia de São João Baptista do Fomento, diz que esta é a oitava vez consecutiva que escala o Santuário a pé, com o intuito de rezar e agradecer à Maria pelos dons da vida.

Segundo afirmou, iniciou a sua peregrinação à Namaacha ainda na adolescência e como resultado das preces que foi fazendo em diversas ocasiões, foi possível eliminar do seu organismo uma infecção que lhe perturbava.

“Como uma cristã devota, venho a este lugar para demonstrar a minha fé para com Deus e o amor à Nossa Senhora de Fátima, nossa mãe. Faço isso desde os anos 70 e nos últimos oito anos, ando a pé e chego sã e salva”,disse Maria Antónia.

Por sua vez, Vitória Alexandre Langa, da Paróquia de São Francisco Xavier de Benfica, afirmou que desta vez iniciou a caminhada em Boane para ajudar as outras amigas, que, dado ao estado debilitado, não podiam partir da cidade capital.

Na sua óptica, fazer aquele trajecto é dignificante, na medida em que a pessoa alivia os problemas sociais, até que no caso dela graças às súplicas que foi fazendo conseguiu melhorar a sua condição social.

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