Esta semana, a comissão de inquérito criada para deslindar a cena do livro de Ciências Sociais da 6a classe recomendou a exoneração da equipa de avaliação, por “inobservância das etapas previstas para a elaboração do manual”… simples como isso! Parece demasiado simplista esta solução que segue a máxima “se não podes atingir o grande, bate ao pequeno”.
O que incomoda a Bula-bula não é tanto o resultado dessa comissão. À partida estava claro que cabeças iriam rolar escada abaixo. O escândalo não se resolvia com erratas ou coisa parecida. O livro estava manchado. Era só papel para fogueira ou para servir de “cone” para o amendoim que se vende na esquina. Nada mais…
Dizia o que incomoda mesmo é a flexibilidade que temos de criar comissões de inquérito para qualquer coisa. Criámos comissões para os acidentes de viação na Estrada Nacional No 1, para o incêndio no Ministério da Agricultura, para os transportes públicos, para os atropelamentos, para os roubos de gado, etc.
Comissões que – incrível – no final não nos dão nada de novo. Quem é que não sabe que a estrada nacional é um chorilho de buracos, má sinalização, estreita e que os condutores de autocarros “voam” e que os camiões de carga andam com mazelas, etc. Para não falar da alta velocidade e outros quejandos. Precisamos de comissão de inquérito mesmo para isso?
Salazar, no alto da sua sapiência, dizia que quando não se quer descobrir a verdade – ou encobri-la – o mais prático era criar uma comissão de inquérito. Aprendemos bem a lição. Bula-bula também vai mandar instaurar uma comissão de inquérito para saber por que é que o salário não chega para as despesas normais de um mês.
Depois, vai ser só esperar que a comissão traga resultados… pode se chegar a conclusão de que o salário é curto demais – mas isso já todos sabemos – só que é chique ouvir isso num relatório resultante de 15 dias de trabalho intenso.
Há um velho provérbio persa que assenta que nem uma luva neste vuku-vuku todo; o tal provérbio ensina a não erguer edifícios altos sem fortes alicerces, pois de contrário vive-se com o credo na boca… é exactamente assim que nós fazemos as nossas coisas: de qualquer maneira, esperando que a sorte nos proteja… sinceramente. (FIM)